32. Fase II - Akimatsuri I

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Akimatsuri: festival de outono

Notas da autora:
- As referências visuais do visual da Sakura, do Palácio Imperial e do festival estão no pinterest (link na minha bio).

- Estou recebendo comentários perguntando sobre as idades dos personagens e todas elas estão em "Linha do Tempo", assim como datas de nascimento e datas de todos os acontecimentos. (Ex: Orochimaru não é um velho, ele tem 26 anos, Itachi tem 24, Sakura 17, etc). Fiz isso para facilitar a vida de vocês, então fiquem à vontade para consultarem sempre!

- Você encontra o significado das palavras marcadas com asterisco (*), assim como de todos os sufixos usados (ex: -dono, -sama) em Glossário & Honoríficos.

Boa leitura!


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Tóquio — 20 de setembro de 1877

Ano 10 da Era Meiji


No vigésimo dia do mês, a carruagem imperial surgiu para buscá-la.

Em seu exterior construído em laca preta, adornos de crisântemos feitos de ouro foram dispostos por toda a extensão, emitindo uma luminescência divinal que fizera sua inestimável coleção de joias parecer medíocre diante de tanta suntuosidade. Longas esteiras de bambu trançadas com tecido encobriam as janelas, pois obcecados em conservar a brancura de sua pele, a nobreza temia expor-se ao sol, sendo a palidez tão imprescindível quanto suas posses para distingui-los das classes mais baixas.

Desta forma, quando sentou-se no banco, fora engolida por uma penumbra sufocante. Um único feixe de luz transpassava as frestas das telas, tão pequenas e estreitas que impediam-na de enxergar o mundo lá fora; Yoshiwara e suas mil belezas eram meras manchas negras que desapareciam conforme avançavam.

Quando ultrapassaram os portões do bairro proibido, o sol ameaçava se pôr na capital, tingindo o céu azulado com suaves matizes de púrpura e abóbora. Um vento gélido de outono soprava as copas das árvores, fazendo balançar as folhagens até que despencassem nos gramados e formassem um deslumbrante tapete de cores quentes.

Mas Sakura não pudera assistir àquele fenômeno. Tudo o que seus sentidos limitados conseguiam captar eram os sons das grandes rodas deslizando no chão de terra, o marchar sincronizado dos soldados que acompanhavam a carruagem, o galope dos cavalos à frente e as vozes ansiosas dos trabalhadores que corriam para finalizar os últimos preparativos para o festival que em breve se iniciaria.

Toda aquela restrição a fez sentir-se aprisionada como um pássaro em uma gaiola bonita. Ao longo das semanas que antecederam aquele dia, dedicara-se tanto aos seus ensaios e a cumprir os desejos do okiya que inocentemente acreditou que, após apresentar-se no palácio, teria a oportunidade de aproveitar as festividades como uma pessoa qualquer.

Ah, mas nunca estivera tão enganada.

Então tivera que recorrer às lembranças de seus raros momentos de liberdade para constituir o cenário ao lado de fora, pois aprendera a apreciar cada pequeno detalhe daquela cidade como se nunca mais fosse vê-la outra vez, o que havia se provado uma infeliz verdade.

Ao contrário dela, Mamãe parecia radiante. Como uma aristocrata acostumada a frequentar eventos no Palácio Imperial e viajar de carruagem, estava particularmente tranquila com toda a situação, sequer notando o incômodo o qual submetia a filha adotiva. Sakura percebeu como ela havia aproveitado a oportunidade para encomendar um kimono de seda índigo com pinturas de Tsuru com asas abertas e como se desfizera de seu típico penteado austero para um coque alto e jovial, preso com um pente de ouro cravejado de jade.

Kurushimi - A Gueixa e o Samurai (SENDO TRANSFORMADA EM LIVRO)Where stories live. Discover now