Capítulo 25 | Um Brilho de Esperança

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Desculpem qualquer erro
Boa leitura!

[Uma semana depois | Minjung pov]

Por apenas um mísero instante, eu esqueci do frio do dia e me permiti distrair com a visão de um único raio de Sol que escapou por entre as nuvens escuras no céu acinzentado e apagado por uma nebulosa camada de contaminação no ar. Foi rápido, o brilho pálido perfurou as nuvens e se manteve por alguns poucos segundos antes de ser consumido por elas outra vez. Algo tão pequeno, mas que foi o suficiente para me fazer suspirar atrás da minha máscara de proteção, para renovar a força que eu mantinha apenas a base da teimosia em continuar lutando, em continuar sobrevivendo.

Foi como um brilho de esperança em meio aquele pesadelo.

Eu já nem conseguia me lembrar muito bem de como era a Terra antes de tudo isso, não conseguia mais nem sequer imaginar que algum dia o Sol realmente brilhou em um céu completamente azul. Que podíamos respirar o ar livre tranquilamente sem sermos contaminados por uma dessas pragas demoníacas e morrer. Que muitas pessoas povoaram a Terra quase inteira e era possível andar nas ruas, conhecer outras pessoas, ter um lar, comida ou uma água que fosse confiável beber.

Eu vivi nesse mundo um dia, o mundo antes do arrebatamento, mas as experiências terríveis que sofri até mesmo antes e depois dele, me consumiram e mesmo que ainda fizesse pouco tempo, alguns meses talvez, que o mundo se transformou nisso, foram mais que suficientes para apagar de mim tudo de bom que um dia vivi. Eu perdi quase tudo o que tinha e também quase me perdi no caminho. Tudo o que me restou daquela vida foi um brilho de luz, brilho esse que carrega o mesmo sobrenome que eu, que me chama de irmã e que se tornou tudo para mim, a minha vida e único propósito que me dava forças para persistir e continuar lutando, é o meu maior tesouro, pois ela é a única coisa que me impedia de perder completamente a minha humanidade, a única coisa que me impedia de desistir. E agora ela havia ficado doente e eu não sabia ao certo o que fazer.

Sentia o desespero se arrastar lentamente até mim como um desses malditos demônios comedores de carne, a diferença era que minhas armas não podiam eliminá-lo...

Voltei a me concentrar quando a construção apareceu no meio da estrada a poucos metros de distância. Eu suspirei aliviada, já fazia um tempo que estava andando e não encontrava nada além de estrada e floresta escura e fria, não tinha mais nem ideia de quantos quilômetros eu atravessei, cheguei a pensar que talvez a minha bússola estivesse quebrada e eu estivesse na direção errada, mas apesar do cansaço da caminhada, o posto de gasolina estava onde eu previ.

O posto de saúde onde Rosé, Haru e eu passamos a noite, ficava em uma cidade pequena e pacata completamente vazia de humanos, como todas as cidades ficaram depois das invasões. Lá, encontramos máscaras para nos protegermos do ar contaminado e remédios que poderiam ajudar Rosé com a febre e outros sintomas que a estava maltratando e também, tivemos a grande surpresa de encontrarmos água, mas não tinha comida.

A cidadezinha ficava a poucos quilômetros de uma cidade grande onde eu poderia facilmente encontrar comida, mas isso não era uma boa ideia. A maioria dos demônios, principalmente os mais perigosos, estavam nas cidades grandes, onde um dia teve uma grande população de pessoas, essas que eles mesmos caçaram um por um. Era suicídio ir lá, por isso, éramos obrigados a migrar entre as pequenas cidades esquecidas do mundo.

Eu não queria ter deixado Rosé sozinha naquele buraco, mas estávamos ficando fracos, precisávamos de comida e ela estava doente demais para vir comigo. Sendo assim, eu não tinha muito tempo, se Rosé estava fraca o suficiente para não conseguir andar, ela não teria chance alguma se algum desses demônios a encontrasse e eu não podia confiar que Haru conseguiria dar conta de muitos deles.

Último Pecado | JikookWhere stories live. Discover now