Capítulo 54 | Véu da ignorância

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Desculpe qualquer erro,
Estou revisando às 02:00 da manhã.
Pois é...

[Taehyung pov]

Na madrugada gelada e completamente escura, o silêncio no acampamento era tão absoluto que eu seria capaz de ouvir o som de uma gota d'água se chocando contra as pedras a metros de distância.

O tipo de silêncio ensurdecedor que apenas Soobin consegue criar. Não precisou de muito para perceber que ele já tinha terminado seu trabalho.

Atravessando a clareira, eu me adiantei ao encontrá-lo saindo do trailer de Minjung, bem mais forte e revigorado depois de roubar a energia dos que ainda vivem sob o véu da ignorância.

- Terminou? - sentindo como se carregasse toneladas em meus ombros de tão tenso e cansado, eu apenas questionei ao me aproximar.

Ele abriu um sorrisinho metido em seus lábios ao garantir:

- Estão todos em doces sonhos.

- Minjung? - questionei e bastou ouvir o nome para o sorriso se apagar rapidamente dos lábios do garoto, seu rosto adquirindo uma expressão mais respeitosa.

- Ela pediu um minuto.

E talvez, depois de tudo o que ela passou, eu devesse respeitar isso, mas não sou idiota a ponto de confiar nela. Passando por Soobin, entrei rapidamente no trailer, atravessando a pequena sala, mas me detendo à frente da porta do quarto.

O pequeno cômodo estava completamente escuro, mas a pouca luz da noite que atravessava as janelas já era o suficiente para que eu pudesse identificar a silhueta do corpo de Rosé sentado em um pequeno sofá abaixo da janela, seu corpo completamente imóvel, sua cabeça deitada contra o encosto, presa em um sono profundo.

Encontrei Minjung ajoelhada no chão à frente da ruivinha, segurando uma das mãos da menina, sua testa apoiada contra os joelhos da menor, os olhos fechados com força. O husky siberiano se mantinha um pouco mais afastado, cabisbaixo ao olhar para elas com as orelhas peludas baixas, triste como se pudesse entender o que estava acontecendo.

- Porque eu sobrevivi? - tive um pequeno sobressalto quando a voz de Minjung, mais profunda do que o normal, quebrou o silêncio de repente, demonstrando perceber minha presença apesar de não erguer o olhar para mim. - Como isso é possível?

Mas não era como se eu tivesse a resposta. Eu não fazia ideia.

- Preferia ter morrido? - questionei ao invés de tentar responder, e bastou ver a forma como sua mão apertou um pouco mais a da ruivinha... Não, ela não queria morrer, mas estava disposta se fosse necessário e saber disso apenas me deixava ainda mais puto. - Eu nunca presenciei tanta estupidez. O que você pensou? Que era somente desistir de tudo e as coisas se resolveriam?

Resmunguei entre os dentes. Já não sabia mais o que sentir, estava dividido entre lhe devolver o juízo com um belo soco bem dado no queixo ou abraçá-la com força até que ela entendesse que não está sozinha. E pra me desarmar de vez, ela respondeu a pergunta que era para ter sido retórica.

- Pensei que seria mais fácil para ela se eu não existisse. - admitiu em um sussurro doloroso, puxando a mão da menina para o seu rosto ao diminuir ainda mais o tom e completar: - Sem mim, sua alma ainda teria salvação.

Eu revirei os olhos, não podia acreditar que ela realmente pensava isso. Que representava algum mal para Rosé.

- É mesmo? E quantos dias você acha que ela suportaria sem você? - questionei, pois não precisava ter o dom de prever o futuro para saber que, se Minjung não tivesse sobrevivido, a ruivinha seguiria pelo mesmo caminho que ela. A preocupação soava como raiva no meu tom rude ao ironizar: - Da última vez que li essa estória, o título ainda era Romeu e Julieta... o final não foi muito legal.

Último Pecado | JikookWhere stories live. Discover now