Capítulo 57 | Firmes como aço

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Desculpem qualquer erro.
Boa leitura!

[Jungkook pov]

A vida é um sopro. Tudo parece passar tão angustiantemente rápido, não importa o quanto tentamos nos agarrar à alguns momentos ou vivê-los ao máximo... eles ficam para trás, passam, como se o tempo escorresse por nossos dedos. E eu já tive tantos medos, mas nenhum deles se compara a este.

O medo do tempo, de perder esses momentos.

Eu nunca fui como o Jimin. Ele sempre sonhou em construir uma família, sempre esteve procurando seu lugar, sempre tentando consertar as coisas. Ele sempre foi um brilho intenso de fé e esperança. Eu, no entanto, não consegui ser tão forte. Eu nunca tive esperanças, nunca fiz planos, nunca criei expectativas. Nunca tive gosto pela vida. Nunca me importei com as horas que passavam rápido ou com os dias que ficavam para trás. Simplesmente não fazia diferença. No entanto, olhe para mim agora...

Finalmente despertei.

Finalmente me dei conta de tudo o que estava perdendo, finalmente posso enxergar o valor e agora, estou aqui, lutando para me agarrar aos segundos que insistem em me deixar para trás.

- Queria apenas poder me lembrar. - dentro da barraca, deitado ao lado da criança que carrega meu sangue em suas veias, eu confessei com a garganta apertada pela angústia, enquanto os olhos díspares e brilhantes se erguiam de volta para os meus. - Queria lembrar como foi te ver crescer, acompanhar os seus primeiros passinhos... nenhum pai pode ser privado disso.

Foi um pouco depois que Jimin saiu para procurar Taehyung, eu estava meio perdido na bagunça em minha cabeça quando ouvi o som sufocado vindo da minha barraca.

Eu estava ao lado do menino no segundo seguinte.

Ao entrar, não foi difícil perceber... um pesadelo estava perturbando os seus sonhos, mas no exato momento em que minha mão tocou o seu ombro, os olhos díspares se abriram bruscamente. Assustado, seus olhos se ergueram rapidamente da minha mão até o meu rosto, relaxando logo depois ao me reconhecer, mas depois disso, apesar do sono, ele não conseguiu voltar a dormir e eu também não consegui deixá-lo, mesmo que olhar para ele agora me despertasse tanto desespero. Me sentia como se tivesse estado em um coma profundo pelos últimos catorze anos e quando despertei, descobri que tenho um filho e... perdi sua infância.

- Pai... - ele chamou suavemente, o som soando tão fraco, quase como se testasse a pronúncia. - Talvez, você ainda possa lembrar de algo. - se encolhendo ao meu lado no colçhão, para escapar do frio da meia noite, com os olhinhos pesados de sono, Junny ainda tentou ser otimista, mas era perceptível que nem mesmo ele tinha reais esperanças disso.

- Talvez... - murmurei para a criança, deixando meus dedos escorregarem entre as mechas sedosas do seu cabelo, sorrindo para os fios de ouro tão característicos só deles dois.

Suspirando lentamente, ele se aconchegou um pouco mais aos seus cobertores ao garantir em um sussurro sereno:

- De qualquer forma, não importa mais. Chegamos até aqui, estamos todos juntos e isso era o que você mais desejava. - ele sussurrou fechando seus olhos, a voz um pouco fraca pelo sono. - O presente é só o que importa.

E ele tem razão, mas mesmo que eu possa tentar ignorar essa dor angustiante em meu peito por... não lembrar o dia do seu nascimento, não lembrar o seu rostinho quando bebê nem a primeira vez que o segurei em meu colo ou quando ele me chamou de pai... eu ainda precisava saber, então empurrei as palavras através da garganta fechada:

- Eu só... - tentei começar, mas não pude evitar que cada sílaba saísse tão afetadas pelo desejo de ter acertado, pelo menos, uma vez na vida, afetadas pela tristeza da perda e por saber que esse tempo não voltaria mais para nós. - Eu fui um bom pai?

Último Pecado | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora