Capítulo 58 | Às cegas

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Desculpem qualquer erro
Boa leitura!

[Minjung pov]

"Apague o passado da vida de vocês e construa um novo relacionamento, sem medo de ser você mesma... sem medo de amá-la."

Sem medo...

Medo. Talvez tudo se resumisse a isso.

"Você precisa decidir agora, Minjung." "Desistir ou lutar?"

Nenhuma palavra foi dita em momento algum e isso foi proposital. Eu sentia que qualquer passo seria assustadoramente decisivo e isso me paralisava. Não estava pronta pra descer até o fundo desse poço... dizer algum tipo de "eu te amo" olhando em seus olhos, mesmo sabendo o quanto isso a deixará doente.

Covarde. Eu sou tão pateticamente covarde.

Eu não quero fazer isso, mas...

- Podemos ir agora? Eu preciso... preciso falar com você. - a cestinha em suas mãos, os lábios rechonchudos judiados pelo frio e por seus dentes, o nervosismo e insegurança notáveis nos olhos azuis-metálico...

Bastou ela pedir e meu cérebro deu um grande foda-se para a parte do "preciso de um tempo para me reestabilizar".

Ela usou as palavrinhas mágicas. As palavras que apagam todo o resto do mundo e me faz lhe dedicar toda a minha atenção e cuidado.

Ela disse: Eu preciso.

É inevitável, depois disso, todo e qualquer futuro movimento meu, seria unicamente na intenção de atender sua necessidade. Porque só o que realmente importa para mim é justamente como ela se sente.

Aprisionada pelos seus olhos diamantinos, de repente, foi como se o vento suave do dia frio e escuro soprasse toda a bagunça e confusão para tão distante em minha mente.

Suspirando profundamente, eu apenas cansei de tudo isso, cansei de lutar para fazer o certo, pois no final, as coisas sempre estavam ainda piores do que antes. Eu... só me sentia tão cansada. Então, sem forças para pensar por mim mesma, eu apenas cedi ao pedido mudo daqueles olhos azuis.

Sem palavras, sem pensar muito, erguendo a mão, eu peguei sua cestinha, me encarregando do pequeno peso e quando com a mão livre, segurei a dela, tudo estava apenas tão tranquilo dentro de mim.

Suave e silencioso.
Desligado. Eu não podia mais ouvir os gritos da minha consciência e sim, apenas os batimentos ansiosos do meu coração. Esses que se agitaram um pouco mais ao ter o toque da pele dela, mesmo que o resto de mim estivesse apenas ainda mais calmo.

Me despedi de Jungkook e Taehyung com um gesto silencioso quando, apertando a mão pálida dentro da minha, eu a guiei para atravessarmos o gramado em direção a pequena trilha entre as árvores por onde Yoongi tinha me indicado.

Ela não perguntou para onde iríamos, não falou sobre ontem, tão pouco tentou fugir de nossa situação e fingir novamente que estava tudo bem e nada tinha acontecido. O silêncio se manteve porque agora, tanto para mim quanto para ela, ele era o mais seguro.

Sem pressa, minhas botas de combate esmagavam suavemente o gramado no caminho, em passos lentos e calmos, pois quando a mão dela apertou a minha com força, tão pequena ao abraçar o meu braço contra o seu corpo, eu não me importava em chegar a nenhum destino. Só queria continuar assim. Perto e sem complicações.

Pra não surtar, eu tive que me concentrar na sensação dos seus dedos se entrelaçando aos meus e ignorar a forma quase desesperada de como ela o fez, ou na força que, inconscientemente, estava usando para apertar minha mão ou... como a sua estava fria e tão trêmula.

Último Pecado | JikookWhere stories live. Discover now