Capítulo 56 | Nosso Filhote

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Me desculpem qualquer erro e boa leitura!

[Jimin pov]

"...a minha mamãe não é mais... ela."

O som da doce e melodiosa voz infantil de Junny não saia da minha cabeça. A frase continuava se repetindo sem parar enquanto o frio da meia-noite obrigava os outros começarem a se levantar para voltarem para o abrigo das suas barracas.

Eu, no entanto, não consegui sequer me mover do meu lugar.

Estava sendo arrastado pelo passado.

Eu tinha exatamente a mesma idade que Junny tem agora, apenas catorze anos recentemente completos quando perdi a minha mãe para a depressão. Eu era apenas uma criança, assim como Junny, e me lembro das visitas à clínica onde a mamãe foi internada, lembro de pensar que a cada dia que se passava, aquela mulher silenciosa e muito quieta parecia cada vez menos com a minha mamãe. Lembro... do vovô gritando com o meu pai e o acusando de ter matado sua filha de desgosto.

Ela morreu de tristeza, ele disse e eu nunca imaginei que alguém pudesse sentir uma tristeza tão profunda a ponto de morrer disso, mas... aconteceu.

E agora...

"Eu a vi outra vez, mas...a minha mamãe não é mais... ela."

Me dar conta de que, apesar de que em circunstâncias diferentes, a história estava se repetindo, fez aquela ferida mal curada no meu coração, sangrar outra vez.

Mesmo sabendo que Junny não quis dizer que não via mais em mim o que eu era antes para ele e sim, apenas que estou fisicamente diferente, sua escolha de palavras acabou me golpeando tão profundo... eu ainda lembro o quão devastador foi perder a minha mãe e não me refiro ao dia de sua morte e sim... ao dia em que fui visitá-la, mas não reconheci aquele olhar completamente vazio em seu rosto. Ela estava ali... mas não era mais ela. Ela nem tinha olhado para mim ou dado qualquer atenção para o buquê de flores que eu tinha comprado para ela, ela não tinha mais energia para sentimento algum. Disse a enfermeira que estava cansada e não queria mais ver ninguém... ela me mandou embora.

Enquanto todos se dispersavam, o meu olhar apenas se manteve no garotinho de fios de ouro que permanecia sentado e encolhido em seu lugar, tão pequeno dentro daquela jaqueta, perdido, sem saber como deveria agir, hesitante em erguer seu olhar para mim. O meu coração se comprimiu no peito a ponto da dor ameaçar levar lágrimas aos meus olhos, pois eu sentia que estava vendo a mim mesmo, ele parecia tão perdido como eu fiquei quando fui rejeitado pela minha própria mãe.

Eu era novo demais para entender o que estava acontecendo, então deduzi que se ela não queria mais me ver, a culpa disso era minha. Eu tentava me lembrar o que tinha feito de errado, lembro de passar horas me questionando se ela estava com raiva de mim, noites chorando ao deduzir que ela não me amava mais. Ela era tudo o que eu tinha, e eu a perdi.

Podia ver essa exata e inocente confusão no olhar de Junny agora.

Eu não permitiria isso, não deixaria a história se repetir.

No dia do enterro da mamãe, eu não chorei. Pra mim, ela já tinha morrido à tanto tempo que eu estava apenas conformado. Enquanto todos colocavam flores em sua lápide, eu lembro apenas da promessa que fiz a mim mesmo de que um dia, eu teria filhos e faria diferente. Daria a eles tudo o que nunca tive... uma família feliz, um porto seguro, um relacionamento de amor, carinho e tolerância. Eu jurei que os amaria.

Agora, enquanto sustentava o olhar de Junny, eu senti aquele garotinho amoroso de catorze anos que fui, voltar e me cobrar aquela promessa.

Não vou deixar a história se repetir, aquele pesadelo ficou para trás e agora que tenho a minha oportunidade, eu vou fazer do jeito certo, eu juro.

Último Pecado | JikookWhere stories live. Discover now