Capítulo 64 | Best day of my life

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Vocês não tem noção do quanto escrever essa att acalmou a minha alma. Pra entender o contexto, escutem: Surfaces - Come with me. Vocês vão amar.

Dois dias depois...

[Rosé pov]

Suspirando lentamente, eu deixei o vento suave acariciar o meu rosto, espalhar as mechas dos meus cabelos... cheirinho de carinho e som de paz.

Suave, tranquilo, sereno.

Com um sorriso leve em meus lábios, eu só queria fechar meus olhos e aproveitar melhor, mas... por muito tempo, tive medo disso. Eu tinha medo de fechar meus olhos, tinha medo das minhas memórias, tinha medo de ouvir o passado, de sentir aquela solidão sufocante, a sensação de abandono, de ser usada, o gosto ruim da mágoa. Eu tinha medo de voltar a me sentir pequeninha e defeituosa, despedaçada pelo mundo. Eu queria poder pegar uma borracha e apagar as manchas na minha mente, um frasquinho de cola que pudesse colar os caquinhos do meu coração. Só queria poder fechar os furinhos para que eu pudesse transbordar de algo bom outra vez.

Eu tinha medo de fechar meus olhos, até que um dia, ela me contou um segredo. Disse que os monstros que me atormentavam na escuridão da minha mente, tinham um ponto fraco. Ela disse que eles tem medo da minha coragem. Ela me desafiou a fechar os olhos e pensar com determinação na coisa que mais me trazia segurança e conforto e garantiu que isso espantaria todo e qualquer medo.

Na época, não pude acreditar que seria tão fácil assim, mas... ela estava certa.

Fechando meus olhos agora, fiz exatamente como naquela época. Respirei fundo, sentindo o cheirinho suave de natureza e não precisei de muito esforço para que a imagem viesse até mim, já tinha usado esse truque tantas vezes que agora já era automático. Seus olhos negros surgiram em minha mente, profundos como a dimensão do universo, brilhantes, atraentes e enigmáticos, encarando os meus de volta daquela forma intensa que fazia o resto do mundo desaparecer a nossa volta e de imediato a sensação quentinha de conforto me abraçava bem apertadinho, os monstros horrorosos que sempre me perseguiam, recuavam rapidamente e fugiam com o rabinho entre as pernas.

Ficava tudo tão silencioso dentro de mim, enquanto ainda pudesse ver aqueles olhos escuros, todo o resto evaporava. Não encontrei aquela cola mágica capaz de juntar os caquinhos do meu coração, mas Minjung me ajudou a montá-los mesmo assim e abraçá-lo tão forte até sustentá-lo inteiro outra vez.

E mesmo depois de tanto tempo, não me surpreendi ao perceber que ela ainda continua abraçando firme, cuidando para que nenhum caquinho se solte.

Por longos instantes, tudo o que pude fazer foi apenas encarar o caderninho no meu colo. Era a coisinha mais adorável, capa dura, cor azul-pastel com manchinhas pálidas representando nuvens e uma fita branca de bordado decorando a lateral direita.

Um céu azul cheio de algodão doce.

No centro da capa, as palavras "Querido Diário..." estavam gravadas em uma caligrafia artística em dourado e de lado, ele tinha um botãozinho que mantinha o caderno fechado.

Foi um presente de Minjung, na verdade... um dos presentes.

Eu mal podia conter o sorriso meio bobo, ainda não consegui me acostumar, não conseguia acreditar que essa semana realmente foi real.

Finalmente criando coragem para abrir o caderninho pela primeira vez, eu ainda não sabia direito o que fazer, nunca tive um diário, mas quando Minjung me deu, ela explicou que não o fazia apenas porque é um objeto bonito, explicou que isso me faria bem, que escrever sobre meus sentimentos, me ajudaria a me sentir mais leve. E antes, eu estava meio incerta, mas agora... eu quero fazer isso, e finalmente tenho o que escrever.

Último Pecado | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora