Capítulo 70 | She knows

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[Fim de semana de folga | Rosé pov]

Eu sabia. Não era apenas coisa da minha cabeça. Todos eles estão envolvidos, todos eles estão nisso. Escondidos entre as sombras como fantasmas. Todos eles escondem algo e... Minjung faz parte disso.

Ela é um deles. Agora... eu sei.

- Bons sonhos, meu amor. - em um sussurro fraquinho contra a minha nuca, essa foi a última coisa que Minjung me disse ontem a noite, antes de me puxar um pouquinho mais contra si, dentro dos seus braços e suspirar pacificamente, se entregando ao sono.

Mas naquela noite, os bons sonhos nunca vieram.

Parecia tão real. Os gritos de pura agonia ecoavam ao longe, fazendo o meu coração disparar assustado e em desespero ao sentir que as vozes eram familiares. Eram familiares e gritavam implorando, me levando a correr mais rápido em meio a floresta escura, tentando seguir Haru que corria à minha frente, me guiando. Eu tropeçava e sentia os arranhões dos galhos em minha pele naquele caminho escuro que parecia nunca ter fim, mas não parei. Não parei, pois reconheci a voz de Junny em meio aquele caos. Pude ouvir seus gritos implorando por ajuda e tudo o que eu entendia naquele instante era que protegê-lo era o meu dever.

Proteja-o.

Não sei de onde veio, mas de repente, eu tinha certeza que esse era o meu propósito, então lutei para acompanhar o husky siberiano até que finalmente pude ver uma luz mais a frente, entre as árvores.

O acampamento.

Meu coração disparou em alívio por termos encontrado o caminho de volta, por isso corri mais rápido, corri até avistar o jipe na entrada da clareira e então... congelar subitamente ali mesmo, diante o cenário depois das árvores.

Não eram as luzes dos trailers...

Fogo.

Na escuridão de uma noite assustadoramente sombria, o acampamento estava consumido em chamas. O fogo se espalhava pelo gramado, subia pelos pinheiros, tomava conta de tudo até que tudo o que eu pudesse ver fosse fumaça e as chamas ardentes. Estava tudo destruído, o lugar que chamava de paraíso, agora parecia o inferno.

E de repente, Haru sumiu e os gritos, agora mais altos, me chamavam, imploravam por ajuda, mas eu não sabia de onde vinham. No desespero, eu apenas corria o máximo que podia, entrando e atravessando a clareira, tentando desviar do fogo, mas a fumaça invadia meus pulmões já fragilizados, me sufocando até que eu não conseguisse mais respirar sem tossir. Com a adrenalina queimando em minhas veias, me fazendo tremer e lágrimas se acumularem em meus olhos, acabei escorregando em algo molhado no chão, meus joelhos cederam sobre o gramado, molhando também minhas mãos quando as levei ao chão....

Meus olhos se arregalaram ao perceber que não era uma poça de água.

Sangue.

Havia sangue por toda parte, banhando a grama, se acumulando em poças, sujando minhas mãos e meus joelhos. Completamente perturbador.

Horrorizada, eu me levantei rapidamente, mas ao erguer o olhar, arfei ao identificar de onde vinham os gritos... agora silenciados.

No centro da clareira, estavam espalhados por toda parte, jogados pelo gramado sobre poças dos seus próprios sangues, machucados... sem vida.

Todos eles. Todos eles estavam mortos.

Em estado de choque, meus joelhos voltaram a ceder ao ver seus rostos... eu não conseguia me mexer e finalmente havia identificado a que direção vinha os gritos, já sem força, da criança.

Último Pecado | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora