Capítulo 02 | Ponto final

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Me desculpem qualquer erro.
Boa leitura!

[Na mesma noite, Jimin pov]

A morte é o nosso ponto final, a única certeza que todo mundo tem na vida e mesmo assim, não a espera de verdade. Ninguém espera, ninguém realmente consegue sentir que vai acontecer, é como um destino que nunca vai chegar e isso é completamente normal. A morte é a certeza mais distânte que temos, mas... eu sentia se arrastar até mim agora.

A deriva, perdido dentro de mim mesmo, eu não conseguia encontrar o caminho de volta, eu podia sentir o mundo inteiro distânte demais, era uma sensação semelhante a estar sendo puxado para o fundo do mar, cada vez mais fundo, cada vez mais frio, cada vez mais escuro. Era a sensação de ter todas as suas forças, seja física ou psicológica, completamente esgotadas. Eu não sentia nada... eu não me sentia mais e lutar contra isso parecia ser tão inútil e desorientador, pior ainda, eu sentia que não havia motivos para lutar, não havia motivos para querer continuar vivo, mesmo assim...

Eu não conseguia me render, eu não podia suportar a ideia de desistir de mim mesmo.

"Eu não vou te deixar morrer, menino anjo." - a voz suave ecoou em minha mente, ainda tão distânte, mas com ela, eu senti como se algo me agarrasse por completo e em um brusco e violento impulso, fui puxado de volta a superfície, de volta a mim, por uma dor tão surpreendente que fez os meus olhos se abrirem e um grito rasgado atravessou o meu peito.

- O que você tá fazendo?! - eu ouvi a voz dele, próxima demais, praticamente rosnando entre os dentes para alguém ao mesmo tempo que de uma vez só, pude sentir o calor de sua presença e de seus braços a minha volta.

As imagens eram confusas, mas eu pude notar o interior de um carro, pessoas entrando rapidamente, portas batendo e depois, o som dos pneus arranhando o asfalto freneticamente e o balanço do veículo que só me machucava mais.

- Você tem que deitar o garoto, Jeon. - uma voz completamente desconhecida para mim e até um tanto fria, disse simplesmente.

- Você não é médico, Taehyung. Não toque nele! - eu ouvi o dono da voz familiar reclamar, podendo até mesmo sentir o vibrar de sua voz em seu peito contra a lateral do meu corpo e no mesmo instante, a dor se foi.

Isso deveria ser uma coisa boa, mas então senti também sua respiração contra o meu ombro quando ele deixou todo o ar escapar, em um gesto meio desesperado. Estava acontecendo de novo, eu estava me perdendo outra vez, aquela escuridão insistente me envolvendo assustadoramente. - Merda, ele tá sangrando mais, Hoseok!

Eu ainda pude ouvir o desespero naquela voz estranhamente familiar e logo o som de uma terceira voz, essa um tanto mais cautelosa:

- Calma, Jeon. Nós vamos conseguir. - essa última frase ficou ecoando na minha mente enquanto eu sentia mais uma vez, todos os sons serem abafados como se houvesse água em meus ouvidos. No entanto, desta vez, não foi a escuridão total o que tomou conta de mim.

As imagens estavam uma bagunça na minha cabeça, flashes rápidos e confusos que surgiam atrás das minhas pálpebras... lembranças.

Eu podia lembrar do frio insuportável, do escuro quase completo, dos rosnados famintos dos demônios... do medo que fez todo o meu corpo tremer, das lágrimas que se acumulavam nos meus olhos ao ter certeza de que o único futuro para mim seria a morte. Mas então, as lembranças foram mudando, me lembro das vozes de homens, os escombros sendo removidos e então... os olhos negros. O rosto bonito do rapaz de cabelos escuros que tinha surgido de repente no meu campo de vista, parecia uma miragem e talvez fosse isso mesmo, talvez, eu tenha perdido sangue o suficiente para alucinar, talvez fosse apenas o meu subconsciente criando a imagem libertadora de um suposto salvador.

Último Pecado | JikookWhere stories live. Discover now