Último Pecado | Jikook

Capítulo 53 | Último Pecado

"Dentre todos os anjos, eu caí na doce armadilha do mais belo deles, o mais radiante do que nem mesmo o Sol já chegou a ser, o mais puro. E o seu sorriso fez-me descobrir o sentimento mais lindo, capaz de preencher o vazio doloroso no centro do meu peito... capaz de curar minha dor. O sentimento do qual não sou digno e por isso, fui condenado.

Ele me despertou o amor e eu o ensinei a amar."

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[Jungkook pov | treze anos atrás]

- Mas mamãe, você não entende que não se trata apenas de fechar os olhos e esperar! - fiz drama, resmungando mesmo enquanto levantava os braços para a mulher terminar de me vestir com a camisa branca do pijama. - O Sr. Sono sempre chega atrasado, tipo, lá pras onze da noite e ainda são nove horas! - protestei tentando usar de todas as minhas artimanhas para convencê-la a nos deixar brincar um pouco mais no depósito de armas. - Você não percebe que dormir é um desperdício de energia?! Sem falar que se continuar colocando a gente na cama às nove, vamos acabar perdendo duas horas da nossa vida todo dia!

Sem conseguir se segurar mais, a mulher riu enquanto erguia seus olhos verdes-esmeralda para mim em uma leve repreensão.

- Que dramático. - ela apontou erguendo as mãos para os meus cabelos ao tentar arrumar a bagunça que Minah tinha feito nas minhas mechas quando estávamos escovando os dentes no banheiro. - Com dez anos de idade é um pouco cedo pra se preocupar com o tempo, Jungkook.

Vestindo sua camisa do pijama sozinho ao meu lado, Tae foi logo fazendo questão de corrigi-la:

- Não, na verdade, falta só um mês pra gente fazer onze anos. - disse todo orgulhoso, o que apenas contribuiu para reforçar os meus argumentos.

- Viu só, mãe... estamos perdendo tempo! - argumentei encarando sério a mamãe, mas ela apenas riu mais ainda, descendo suas mãos dos meus cabelos e apertando uma das minhas bochechas.

Da cama de cima da beliche, já pronta para dormir e toda largada entre seus cobertores, Minjung revirou seus olhos negros para nós.

- Vocês são uns chorões. - zombou. - Só não querem dormir cedo porque se mijam inteiros quando a mamãe apaga a luz.

Revirando os olhos para a nossa irmã mais nova, Tae riu com deboche.

- Até parece. Somos praticamente os deuses das sombras, a escuridão é o nosso habitat natural. - recitou com um leve exagero, mostrando seus olhos vermelhos para a nossa irmã, mas Minjung cortou sua onde rapidamente com um único comentário:

- Falou o pivete que corre pra minha cama toda madrugada.

Os olhos do meu irmão se arregalaram um pouco em constrangimento e ficando com o rosto vermelho de vergonha, Tae o desviou rapidamente, já todo sem graça.

- Ei, não é por medo. - ele se defendeu, aquele habitual bico de chateação que sempre se formava quando ele ficava na defensiva, já em seus lábios. - Eu gosto do escuro, mas também gosto de dormir pertinho de alguém.

Surpreso, eu ergui o olhar para ele, verificando se estava mesmo falando sério. Ele nunca me contou que não gostava de dormir sozinho.

- Porque não me disse isso? - questionei. Detestava quando ele não vinha até mim primeiro.

Tae fez uma caretinha para mim, esperando enquanto nossa mãe organizava nossas camas.

- Nem vem, eu já tenho que te suportar durante o dia todo. - ele brincou tentando me empurrar pro lado, mas só de olhar em seus olhos, eu sabia que ele não contou por vergonha.