Fernanda, Tão Bela Quanto Rubi

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- R-Rubi?

Fernanda andava pelas ruas da vizinhança de sua tia, quando um velho barbudo a parou e a chamou pelo nome de Rubi. Poucas pessoas ali se lembravam da existência de sua tia, muitos nem sequer, sabiam que ela continuava viva. Quando a chamaram pelo nome de Rubi, ela decidiu averiguar:

- Sim? – disse para o velho, olhando-o com ar de superioridade e intrigada ao mesmo tempo.

- Sou eu, o Loreto! – Como é que... Quando foi que... Rubi, como? – ele estava sem palavras. Tinha a voz bem afeminada, um tom sarcástico e um ótimo cheiro, apesar da má aparência.

- Nós nos conhecemos? – perguntou ela, intrigada.

- Como é que você tem coragem de me perguntar isso? Rubi, fui seu melhor amigo por anos. Estive com você até em seus últimos dias de... Até antes de... – ele parecia não saber como dizer – Bom, você sabe, até antes de amputarem sua perna!

Fernanda ficou interessada no homem a sua frente. Apesar de todos esses anos tendo sua tia como sua mentora, ela nunca lhe havia comentado sobre outras pessoas do seu passado além do famoso Alessandro Cárdenas e sua família.

- Está me dizendo que você e Rubi eram melhores amigos? – perguntou a garota.

- Sim... Você... Você não é a Rubi, não é mesmo? Afinal de contas, como poderia? – seus olhos repousaram nas duas pernas da garota – Não... Você me é familiar... F-Fernanda?

- Você me conhece? – ela abriu um sorriso.

- É claro que te conheço! Eu costumava ir na casa da sua mãe e brincar com você! Estive junto de você quando sua tia salvou sua vida, e perdeu... Bom, você sabe...

- Minha tia salvou minha vida? – ela parecia curiosa.

- E como salvou! Você iria ser atropelada! Mas a Rubi se jogou na frente do carro... E como consequência, perdeu o único filho que nunca teve...

- Minha tia perdeu um filho? Por minha culpa?

- Bom, não foi por sua culpa... Foi um impulso... Mas sim, ela perdeu o filho. A partir desse dia, a vida dela começou a desmoronar... E hoje em dia, não sei nem se está mais viva! – ele parecia triste ao dizer essas palavras.

- Loreto? – ela perguntou, confirmando seu nome – Parece que eu e você temos muito o que conversar!

Alguns dias haviam se passado desde que Fernanda se encontrara com Loreto. Este, contou a ela toda sua história, como havia conhecido sua tia, o quanto eram amigos e como ela o desprezou em seus últimos dias de glória. Contou que estava financeiramente quebrado, que vivia na rua e que vez ou outra, remendava as roupas de uma pessoa ou outra da vizinhança.

- É o meu ganha pão – dizia Loreto, enquanto acariciava seu pequeno cachorro, sentado ao sofá do apartamento de Fernanda, deslumbrado por ter uma sala decente para se sentar e comida à vontade para se servir.

- Eu tenho uma proposta para te fazer, Loreto.

- Uma proposta? – ele arqueou uma das sobrancelhas e apertou o cachorro contra seu peito, desconfiado.

- Quero que more comigo.

- M-morar contigo? Fernanda, mas como? Eu não tenho nem emprego...

- Quanto a isso, não se preocupe. Eu tenho muitas amigas com bastante dinheiro, e também contatos que podem te colocar no mercado novamente, sem ninguém questionar o seu passado. Você moraria comigo sem custos nenhum durante os primeiros meses. Depois, quando se estabilizasse, nós dividiríamos as despesas. Ganho mais do que o suficiente do meu pai para manter as contas da casa.

Rubi - O RetornoWhere stories live. Discover now