Xeque-Mate

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- Senhora Cárdenas - um dos policiais a chamava do lado de fora da cela - A senhora tem visita.

Maribel colocou seu uniforme limpo e arrumou seus cabelos. Ao se olhar no espelho da cela, percebeu que havia envelhecido dez anos nas últimas semanas. 

O policial colocou nela as algemas e a conduziu para a sala de visitas. Esperava se deparar com seu marido, quando foi surpreendida por uma visita inesperada:

- Fernanda? - Ela estava confusa.

- Como vai, Maribel? - ela sorria.

- Bom, já deve imaginar que não muito bem - ela se sentou à mesa, de frente para ela - me desculpe, não estava esperando a sua visita.

- Imagino que não. 

- Posso lhe perguntar o que você está fazendo aqui?

- Na verdade, queria te ver com os meus próprios olhos. Me certificar de que realmente estava presa.

Ela achou estranho, mas continuou a conversa:

- Bom, como pode ver, estou. Mas injustamente. 

- Você ainda nega que matou a minha tia?

- Eu estou negando uma mentira. Uma calúnia. Sua tia e eu nunca nos demos bem. Ela transformou a minha vida em um inferno, mas isso não quer dizer que eu seria capaz de matá-la.

- Acho incrível que, mesmo com todas as provas, você continue negando.

- Se não acredita em mim, o que está fazendo aqui? 

- Eu vim jogar na sua cara que não vou deixar barato o que você fez com a minha tia.

- Ora, por favor - ela sorriu - Quer se vingar? Sinto muito lhe informar, mas não tem como! Eu estou presa! Se era isso que você queria, parabéns, já comprovou a minha desgraça! 

- Há coisas nessa vida, Maribel, muito piores do que a prisão.

- Ah, é? Como o que por exemplo? - seu tom era irônico.

- Como uma traição. Dói, não dói? 

- Do que é que você está falando?

- Estou falando de como seu marido, seu querido doutor, não pensou duas vezes em se envolver comigo quando viu que eu era o retrato vivo da minha tia!

Maribel sentiu o chão se abrir em sua frente. Uma onda de raiva lhe invadiu o peito:

- Você… Era você a amante dele? - seus olhos destilavam raiva e incredulidade.

- Surpresa? - ela sorriu maliciosamente - Pois é, pra você ver como é a vida… Você tirou o Alessandro dos braços da minha tia, e então, eu o tirei de você. 

- Você não pode estar falando a verdade… - seus olhos lacrimejaram.

- Ah, e não é só isso, viu? - ela continuava a sorrir - Sabe por quem o seu querido filho deixou a noiva dele plantada no altar? Você tem só uma chance… 

- Não…

- Sim! Sim, sim, sim! - ela sorria animada - Me diga, qual a sensação de ver seu filho abandonando outra no altar, igualzinho o Heitor fez com você há uns anos atrás? 

- Saia daqui… - seu olhar destilava o mais profundo dos ódios. Seu corpo todo foi tomado pelo impulso de esganá-la ali mesmo.

- Deve ter sido maravilhoso, não é mesmo? - ela sorria maliciosamente - Minha tia esperou anos por isso! Aliás, eu cresci recebendo instruções dela de como deveria acabar com a sua família! Olha, eu preciso te contar… Agora entendo porque vocês duas eram loucas pelo Alessandro! O seu beijo, seu cheiro, seu corpo… O jeito que ele me fodeu, nossa, foi incrível! Sabia que tive o meu primeiro orgasmo da vida com ele? 

- SAIA DAQUI! - Ela tentou partir para cima de Fernanda, mas as correntes a impediram.

- Me diga, Maribel… Qual a sensação de ter sido traída, novamente? 

- GUARDAS! TIREM ELA DAQUI! - Ela se debatia na cadeira.

- Ah, que isso! Não precisa de tudo isso, eu já estou indo embora!

 Ela se levantou e caminhou em direção à porta. Pouco antes de sair, olhou nos olhos de Maribel e disse:

- Eu espero que apodreça na prisão! 

Fernanda caminhou triunfante pela saída da cela, deixando para trás uma Maribel descontrolada e rancorosa em meio às lágrimas e gritos.

Rubi - O RetornoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora