Rubi - O Retorno

Interesseira, eu?

Fernanda estava terminando de lanchar na cafeteria da universidade quando Daniel Valência sentou-se ao seu lado:

- Vou te contar, viu... Eu não sei o que foi que você fez, mas minha irmã quer que você vá em casa hoje!

Fernanda sorriu e comentou despretensiosamente:

- Não fiz nada. Acho que ela finalmente percebeu que não sou uma ameaça.

- Bom, fico feliz que estejam se dando bem. O que você acha de passar lá mais tarde, tomar um sol e depois nós vemos no que dá? – disse ele, com um sorriso malicioso.

- Eu não sei, tenho muitas coisas para fazer hoje – disse ela, tentando mudar de assunto.

- Que pena... Justo hoje, escolhi um belo presente para você.

- Que tipo de presente?

- Bom, você só vai saber se vier, não é mesmo? – disse ele, deixando-a sozinha à mesa.

"Moleque irritante" – pensou.

Espero que goste – disse Daniel, tirando a venda do olho de Fernanda.

Eles se encontravam na garagem, e amarrado com um laço gigante, estava uma Mercedes-Benz, reluzindo sob a luz do sol.

- O que é isso? – perguntou ela.

- Uma Mercedes. Para você! – disse ele, lhe entregando a chave.

Ela não demonstrou animação. Ao invés disso, mudou sua expressão para indignação:

- O que isso quer dizer, hein? – perguntou, ofendida.

- Como assim? – ele não entendeu.

- Você acha que pode me comprar um carro novo? É isso? – ela atirou a chave ao chão e caminhou rápido em direção à saída.

- Fernanda, se acalme... – ele a segurou pelo braço – Me desculpe. Não quero te comprar. É apenas um presente para uma pessoa que gosto. Não foi minha intenção ofendê-la.

- Bom, mas me ofendeu. Daniel, o que é que você acha que as pessoas vão pensar quando verem que você me presenteou com uma Mercedes?

- Eu não ligo para o que as pessoas pensam!

- Bom, mas eu ligo. Já não basta os comentários que rolam pela faculdade me chamando de interesseira, eu não preciso de mais isso para ajudá-los.

- Fernanda, eu sei que você não é uma interesseira – disse ele, a olhando no fundo dos olhos – E se não quiser aceitar o presente, eu vou entender. Mas saiba que pra mim, é apenas uma forma de demonstrar o quanto gosto de você. Por favor, fique.

Ela se acalmou e ajeitou sua bolsa no lugar.

- Vou ficar, obrigada!

É claro que ela queria o carro mais do que tudo, mas sabia jogar: se aceitasse o presente de bom grado, mostraria que realmente está interessada apenas no dinheiro dele. Ela precisava conquista-lo e tê-lo em suas mãos, só assim, seria presenteada pelo resto de sua vida.

- Fernanda! – a filha mais nova dos Valência vinha cumprimentá-la animada – Que bom que você veio!

- Oi Maria! – ela a cumprimentou com um beijo no rosto – Obrigada pelo convite!

- Vamos tomar um sol, está um dia lindo! – disse a garota, puxando Fernanda pelo braço.