Eu a Declaro Culpada

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- Eu estou esperando, Senhora Cárdenas - a detetive continuava a observá-la enquanto Maribel tinha seus braços algemados na sala de interrogatório.

- Já disse que não fui eu! - seu tom era raivoso em meio às lágrimas.

- Senhora Cárdenas - ela olhou para a ficha - A senhora admite que teve intrigas no passado com a senhora Rubi Perez?

- Eu não responderei mais nada sem o meu advogado aqui.

- Tudo bem, não é necessário que diga nada. A senhora pode só escutar e então depois, se quiser, pode me dizer que conclusões tirou da nossa investigação: nós recolhemos depoimentos de várias pessoas - incluindo o seu marido, Dr. Cárdenas - que afirmaram que a senhora e a senhora Rubi Perez tiveram um passado tortuoso e cheio de intrigas.

- Isso foi há quase trinta anos atrás! - ela gritou  - Eu pensava que essa maldita mulher já estivesse morta há muito tempo!

- Recapitulando - a detetive ignorou seus gritos após olhá-la por cima dos óculos, sem levantar a cabeça - No depoimento de seu marido, ele afirmou que há aproximadamente trinta anos atrás, ele e a senhora Rubi Perez tiveram um envolvimento amoroso, que, incluindo o tempo dos vários términos que sofreram, perdurou por aproximadamente cinco anos. Isso a senhora pode confirmar?

- Sim, esse relacionamento ridículo deles durou quase cinco anos, mas o que não mencionaram é que a senhora Perez - ela deu ênfase ao nome - era, nessa época, casada com Heitor Ferreira, que havia sido meu prometido há muitos anos atrás! 

- Sim, estou familiarizada com o ocorrido. A senhora Perez fugiu com o seu noivo no dia do seu casamento, aumentando assim ainda mais a sua raiva por ela ao longo dos anos.

- Não foi isso que eu...

Recapitulando - ela a cortou - A senhora Perez foi dada como desaparecida há aproximadamente quinze anos. Nesse meio tempo, a senhora se casou com o Dr. Alessandro Cárdenas…

Antes! Eu me casei com ele antes disso, há mais de vinte anos! 

- Certo, há mais de vinte anos, antes da senhora Perez desaparecer. Senhora Maribel, recentemente nós recebemos uma denúncia anônima que nos levou até o corpo da senhora Perez, enterrado na floresta abandonada na divisa do estado. Junto a ela, foi encontrada uma carta. A senhora quer saber o que dizia na carta? - Ela não obteve resposta, mas prosseguiu mesmo assim, tirando um pacote de evidências do bolso contendo a carta. Ela colocou a carta na frente de Maribel - Leia, por favor. 

Maribel olhou para a carta sangrenta e conseguiu reconhecer a própria letra nas palavras: “não arruinará mais nenhuma família agora”.

- Aqui, temos uma folha de caderno de receitas, fornecido por seu marido para ajudar nas investigações, onde nós comparamos a sua letra com a letra da carta, e a perícia comprovou que se trata da mesma letra.

- Qualquer idiota poderia ter forjado a minha letra! - ela gritava, impaciente.

- A senhora tem razão. Mas não foi só isso que nos chamou a atenção - ela se ajeitou melhor na cadeira, se posicionando com as duas mãos à mesa, estudando a pessoa à sua frente - A carta que está na sua frente, cuja mesma foi encontrada juntamente do corpo da senhora Perez, contém as suas digitais. 

- O que? Você só pode estar ficando louca…

- Não só não estou ficando louca, como os investigadores encontraram também as suas digitais no corpo da senhora Perez e também na arma do crime - que é claro, não podemos deixar de mencionar que foi encontrada em sua residência. 

- Isso não pode ser verdade! Não é possível - ela se contorcia na cadeira - Alguém armou para mim! Eu não matei a Rubi!

- Senhora Cárdenas, a senhora tem motivo, tem a arma do crime, e pelo que as investigações apontam, também teve local. A casa onde a senhora Perez costumava morar, pouco antes da sua morte - e onde nós encontramos evidências de que ela ainda vivia - foi encontrada inteiramente limpa e impecavelmente esterilizada. A senhora só se esqueceu de uma coisa: a casa não tinha lâmpadas. Quando a senhora entrou na casa para poder limpá-la e assim, se livrar de todas as provas do crime, a senhora esqueceu de um pequeno detalhe: levar consigo a lâmpada que trouxe para a casa. Que continham, como a senhora deve imaginar, as suas digitais. 

- Eu não matei essa infeliz - seus olhos lacrimejavam e sua expressão era de raiva - Armaram para mim! 

- É uma pena que a senhora não queira colaborar - ela chamou um dos policiais - Pode levá-la. 

- EU NÃO MATEI ESSA INFELIZ! 

Maribel foi arrastada em meio aos gritos para uma das celas da delegacia, tendo duas certezas: a primeira, é a de que ela não havia matado Rubi Perez, e a segunda é que dessa vez, não teria como provar sua inocência. 

Rubi - O RetornoWhere stories live. Discover now