Clima na Mansão

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Era mais um fim de semana comum na mansão dos Valencia, regado à muita comemoração devido a recuperação do anfitrião da mesma. O Sr. Valencia já conseguia se movimentar, comer e beber sozinho, mas ainda estava proibido de viajar e fazer qualquer tipo de esforço físico - para a infelicidade de Loreto.

Todos - inclusive Miguel e Valéria - se encontravam reunidos ao redor da mesa do jardim para o café da tarde.

- É muito bom poder voltar a tomar café! - disse o Sr. Valencia com uma expressão de prazer ao tomar um gole de sua xícara.

- Nem me fale - comentou Loreto - eu não vivo sem um cafezinho!

- Sabe onde tem um café maravilhoso? - disse Fernanda - Na cafeteria nova ali no centro, próximo à perfumaria. Conhecem? - todos responderam que não.

- É realmente maravilhosa - completou Loreto - Ninguém conhece mesmo? Nem você, Valéria?

Valéria acabou de se engasgar com um gole de seu suco:

- Não, ué - ela estava na defensiva - e por que é que você está perguntando isso pra mim? - seu tom era ríspido - tem sete pessoas nessa mesa!

- Por nada, ué, me desculpe, não queria te ofender!

Miguel olhou para a noiva com uma expressão confusa, como se quisesse dizer "que reação exagerada de sua parte" e no mesmo instante, Fernanda sentiu um cutucão de Loreto em sua coxa direita.

Quando estavam a sós em uma das mesas da piscina, Loreto explanou suas conclusões para a amiga:

- Viu só como a piriguetona ficou toda na defensiva? - ele bebericou um gole de seu drinque com guarda-chuvinha.

- Eu vi sim! - Fernanda se virou de frente para o amigo para poder conversar melhor - Eu disse que essa garota está aprontando alguma coisa!

- E o que você acha que é?

- Está óbvio, não está? Ela o está traindo com o ex!

- Você acha? - Ele colocou a mão sobre o peito, como sempre fazia quando se espantava com alguma informação.

- Tenho certeza! Mas não vou confrontá-la, não... Eu vou esperar até o momento adequado para desmascarar essa fedelha!



Já havia anoitecido quando os dois filhos do Sr. Valencia foram para o quarto do pai para o colocar para dormir. Após o acidente, os dois estavam muito mais apegados com ele, e passavam algumas horas ao seu lado antes que adormecesse.

Fernanda se encontrava à beira da piscina, tomando um drinque com os pés mergulhados enquanto observava o luar. O portão da mansão foi aberto e ela avistou o carro de Miguel entrando:

- Eles estão no quarto do pai? - ele se juntou à ela enquanto abria uma cerveja.

- Sim. Todas as noites ficam lá por algumas horas.

- Imagino que não seja fácil... Bom,mas sou suspeito de falar. Se meu pai estivesse vivo, passaria vinte e quatro horas por dia grudado nele!

Ela deu um sorriso e ele se sentou ao seu lado. Tirou os sapatos e mergulhou os pés na piscina.

- Foi levar sua noiva pra casa?

- Sim, ela não gosta muito de dormir fora.

- Brigou com o seu padrasto de novo?

- Não, estamos bem. Mas às vezes, prefiro ficar sozinho.

- Estou te atrapalhando? - ela ameaçou se levantar - Se quiser eu saio...

- Não, pode ficar - ele a puxou de volta - Por incrível que pareça, hoje você não está enchendo a minha paciência!

Eles sorriram um para o outro e brindaram os drinques, ficando em silêncio por alguns segundos enquanto observavam o luar.

- Qual é o lance com a tal da Valéria? - perguntou, quebrando o silêncio - Você realmente gosta dela?

- Ela me entende. Ela não me julga, está sempre do meu lado! Nós temos confiança um no outro!

- Não respondeu a minha pergunta.

- É claro que eu gosto dela! Caso contrário, não estaria me casando, não acha?

- Talvez... Consigo pensar em outras dezenas de motivos para um casamento se realizar, mas vindo de você, acredito que realmente goste dela.

- Está vendo? - ele abriu um sorriso - Você consegue ser legal quando quer! Onde estava escondida essa sua personalidade há uns meses atrás, quando...? - ele não chegou a completar a frase.

- Quando estávamos juntos? - ela perguntou olhando-o nos olhos.

- Bom, é. - ele parecia sem graça.

- Ah, sei lá. Eu tive medo de parecer muito legal com você, vai que você se apaixonasse por mim, né? - ela sorriu e ele retribuiu.

- Está dizendo que agiu como uma babaca esse tempo todo comigo só para que eu não me apaixonasse por você?

- Exatamente - ela bateu carinhosamente na cabeça dele - Eu criei uma personalidade insuportável só pra te afastar de mim! - ela deu risada, mas ele não sorriu:

- Sabe que não deu certo, né?

O olhar dele desceu para os lábios dela e ela levou as mãos de encontro às dele, na beira da piscina. Seus corpos se inclinaram um para o outro como um ímã que não consegue se desprender. Ela sentiu o calor dele se aproximar e ele sentiu o perfume dela mais próximo, como há tempos não sentia. Os dedos dela timidamente tocaram os dele e ele teve a sensação de mil borboletas flutuando em seu estômago. Seus lábios estavam quase se tocando quando...

- Nanda, você vem? - Daniel caminhava em direção à piscina.

Eles rapidamente se afastaram um do outro e cada um deu um gole em sua respectiva bebida, constrangidos demais para proferir qualquer palavra.

- Oi amor, sim - ela se levantou rapidamente da piscina - Estava olhando o luar - eles se cumprimentaram com um selinho.

- Está lindo mesmo! - ele admirou o céu - e você meu irmão, vai dormir aí hoje?

- Se eu puder!

- Claro que pode, a casa é sua! - ele sorriu.

- Então vou aceitar, obrigado!

- Bom, eu vou me deitar, estou muito cansado. Meu amor, se quiser aproveitar o luar, pode ficar e se deitar mais tarde!

- Não - ela olhou de relance para Miguel - eu estou cansada também, preciso dormir!

- Bom, então é isso! Boa noite irmão! - Eles se cumprimentaram com um abraço.

- Boa noite - Fernanda se dirigia a Miguel em um tom quase inaudível.

- Boa noite! - Ele lhe devolveu um olhar sem graça. 

Rubi - O RetornoUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum