A Súplica Final

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Fernanda se encontrava deitada no colo de Loreto, enquanto o mesmo acariciava seus cabelos:

- Acabou, Loreto! - Ela estava triste - Eu decepcionei a minha tia. Meu plano já era!

- Não diga isso, Primor... Ainda dá tempo de dar a volta por cima!

- Como, Loreto? - ela se levantou para olhá-lo melhor - Eu estou proibida de entrar na mansão! E o casamento é amanhã!

- Você precisa pensar em alguma coisa, neném... Tem que ir atrás do doutorzinho júnior!

- Não tem como, Loreto. Ele não atende o celular e eu não posso me arriscar mais. Minha última esperança era encontrá-lo na mansão e convencê-lo a deixar de se casar. Mas isso já não vai acontecer... E tem outra coisa: Miguel não acreditou em mim. A partir de amanhã, serei obrigada a vê-lo nos braços de outra, casado, feliz... E sem ao menos desconfiar que aquela vagabunda o trai com outro!

- Tome, Primor. Coma um pãozinho - ele ofereceu um pão à amiga, que não comeu nada desde o dia anterior.

- Eu não quero! - Ela estava deprimida - Não estou com fome.

Loreto deu um suspiro longo e levantou-se do sofá. Mexeu em uma de suas bolsas e retirou dela um envelope:

- Eu não queria te entregar isso - ele parecia contraditório - Mas guardei, caso precisasse futuramente. E você sabe que não aguento ver essa sua carinha de triste, não sabe?

Ela levantou a cabeça do encosto do sofá, curiosa:

- O que é isso?

- Tome - ele lhe entregou o envelope - Faça o que o seu coração mandar!

Ela abriu o envelope curiosa e nele, se deparou com várias fotos: Valéria de mãos dadas no shopping com ex. Em outras fotos, eles apareciam sorrindo, felizes, se beijando. Em uma das mãos, ela carregava uma sacola com o nome da loja de vestidos de noiva, onde havia encomendado seu vestido.

- Loreto! - ela abriu um sorriso! - Loreto! - Ela se atirou no colo do amigo e lhe deu um selinho na boca.

- Ai! - ele limpou o beijo com o verso da mão - Olhe, você é meu primor, mas me beijar já foi demais...

- Loreto eu te amo! - ela não conseguia conter o seu sorriso - Onde foi que você conseguiu isso?

- Quando encontramos a franjuda na cafeteria, eu imaginei que fosse precisar de provas mais pra frente. Então no dia seguinte, esperei ela sair da mansão e a segui até o shopping. Mereço um prêmio, não mereço?

- Loreto, você merece o mundo! - ela o abraçou - Agora ele vai acreditar em mim! Eu preciso entregar essas fotos para ele antes que ele se case! Mas também preciso impedir o casamento do Carlos... Só não sei por onde começar!

- Quanto a isso, eu tenho uma ideia.




Carlos estacionou seu carro na loja de ternos em que havia encomendado o seu. Ligou o alarme e se direcionou para a recepção:

- Olá, eu vim buscar o terno - entregou à recepcionista um cartão com a identificação.

- Certo, fomos informados que o seu terno precisa de alguns ajustes de última hora. Por favor, pode se dirigir até a outra sala - ela lhe mostrou o caminho.

Ele entrou na sala onde havia vários manequins. Estava nervoso, pois se casaria no dia seguinte. Aguardou em pé até que alguém aparecesse para lhe atender, quando de repente...

- Fernanda? - ela saiu de uma das portas, caminhando em direção a porta principal e a trancando - O que você está fazendo aqui?

- Eu precisava te ver! - ela correu em direção à ele e o abraçou.

- Como conseguiu entrar aqui? - Ele estava confuso.

- O Loreto tem alguns contatos de moda pela cidade. Conseguiu me colocar aqui para que pudesse conversar a sós com você!

Ela o puxou até um canto e colocou suas mãos ao redor de seu rosto:

- Meu amor... Não se case!

Ele sentiu o coração disparar e sua garganta secar.

- F-fernanda... Eu me caso amanhã!

- Você não precisa se casar! - Seu olhar era de súplica - Meu amor, eu te amo - ela aproximou seus lábios dos dele e o beijou - Por favor, fuja comigo!

- Fernanda... - ele sentiu seu coração amolecer e um vazio no peito lhe preencher - O que você está me pedindo é loucura! Meu casamento já está marcado!

- Um casamento que tem de tudo para dar errado, meu amor! - ela continuava a beijá-lo a cada frase que pronunciava - Do que adianta se casar sem amor?

- M-mas... Mas e o Daniel?

- Nós não estamos mais juntos! Não vê? Não vou mais à mansão... Acabou tudo! Eu terminei com ele por você, meu amor...

Ela aproximou seus lábios dos dele e suas línguas se entrelaçaram. Ele a segurou pela cintura e ela projetou sua intimidade de encontro ao membro dele, já ereto. Os suspiros ofegantes dela e suas palavras de amor o confundiram ainda mais:

- Fernanda... Eu não sei se posso...

- É claro que você pode!

Ela se afastou dele e ele sentiu seu mundo desmoronar. Mas observou-a retirar um envelope da bolsa:

- Aqui, eu comprei duas passagens para amanhã com destino a Nova York. Seus pais tem uma casa lá, não tem? - ela lhe entregou o envelope - Nós podemos fugir pra lá e depois, resolvemos para onde vamos. Meu amor... Pegue! - ele pegou o envelope das mãos dela - A minha passagem já está comigo. O avião parte no mesmo horário em que o casamento começa.

- Fernanda...

- Por mim! Faça isso por mim! - ela o beijou novamente - Não vou suportar te ver com outra! Não jogue fora a nossa felicidade, meu amor! Eu te amo!

Eles se beijaram novamente e ela se afastou:

- Esteja amanhã no aeroporto, no horário indicado. Eu estarei lá te esperando. Meu amor, não me decepcione!

Ela pegou sua bolsa e lhe lançou um último olhar de súplica. Abriu a porta e se retirou da sala, deixando um Carlos confuso e indeciso para trás. 

Rubi - O RetornoWhere stories live. Discover now