Festa Universitária

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Fernanda saiu do banheiro e deu de cara com Carlos. Este, parecia muito preocupado:

- Fernanda, eu sinto muito pelo Miguel...

- Carlos, tudo bem, deixe pra lá.

- Não, olha.. Se você não estiver se sentindo bem, posso te levar para outro lugar?

- Outro lugar? – ela arqueou uma das sobrancelhas.

- Sim, quem sabe, te levar para jantar?

Ela deu um sorriso debochado e caminhou em direção à uma das mesas. Sabia o que "outro lugar" significava: um motel. Jovens nessa idade só tem uma coisa em mente, e se quisesse realmente conquistar esse garoto, precisava se fazer de difícil.

- Não, não quero ir a outro lugar – respondeu ela, decidida.

- Tem certeza?

- Sim, aqui está ótimo – disse ela, servindo-se de uma taça de vinho.

- Bom, fico muito feliz por ter vindo – disse ele.

- Eu também, obrigada pelo convite. Precisava mesmo me distrair hoje...

- Aconteceu alguma coisa?

- Nada demais...

- Uau, Carlinhos... – um dos estudantes mais velhos o cumprimentou, fitando Fernanda dos pés à cabeça com admiração.

- Parabéns hein? – disse ele, sem tirar os olhos de Fernanda – Finalmente trouxe algo de bom para essa festa.

Fernanda desviou o olhar impaciente. Tentou não dar atenção aos comentários dos homens que a desejavam ali, afinal de contas, já estava acostumada.

- Eu sou o Juan – disse o estudante, adiantando-se para cumprimenta-la.

- Sou a Fernanda – ela retribuiu o cumprimento despretensiosamente.

- Sou o dono da festa – disse ele, tentando impressioná-la.

- Uau – respondeu sarcasticamente – Parabéns.

- Aposto como o Carlos já deve ter falado de mim para você? – perguntou.

- Acredita que não?

- Sério? Nós somos tipo, superamigos – ele passou o braço por cima do ombro de Carlinhos, que estava claramente incomodado com a situação – Fala para ela, Carlinhos!

- É, bom, nós somos amigos, eu acho... – respondeu, tímido.

- Fernanda, está tendo uma festa VIP no terceiro andar da minha casa. Com direito a ofurô e tudo mais. Tá a fim? – perguntou ele, já passando o braço por cima dos ombros dela.

- Não, eu vim com o Carlos, vou ficar aqui com ele – respondeu, decidida.

- O Carlos vai pra lá também – disse ele, enquanto a empurrava em direção ao terceiro andar.

Ainda contrariada, eles subiram as escadas, em um cômodo onde poucas pessoas se encontravam. Sentindo-se muito incomodada, Fernanda continuava a perguntar por Carlos.

- Gata, fique tranquila, ele já vem! – Juan tentava beijá-la.

- Eu não quero... – ela tentava desviar, mas era quase impossível, devido à diferença de altura dos dois.

- É só deixar rolar... – ele a apalpou os seios e beijou-a a força.

Desesperada, Fernanda lhe mordeu os lábios com força até sangrar. Acertou-lhe um chute no meio das pernas e conseguiu se desvencilhar. Furioso, Juan virou-lhe um tapa na cara com toda a sua força. Fernanda sentiu o rosto esquentar e latejar de dor. Virou para encará-lo, mas não deu tempo. Alguém estava em cima de Juan, deferindo-lhe inúmeros socos na cara.

- Miguel! – Carlos gritava desesperado, tentando tirar o amigo de cima de Juan – Já está bom! Vamos embora!

Miguel, ainda furioso, saiu de cima de Juan com as roupas ensanguentadas. O anfitrião se encontrava estirado ao chão, mal conseguindo se mover.

- Vamos sair daqui agora! – gritou Fernanda, puxando Miguel pelo braço.

Os três desceram as escadas da casa em alta velocidade, atropelando todos os alunos embriagados que se encontravam no caminho. Pouco antes de chegarem ao carro, ouviram Juan gritar:

- Isso não vai ficar assim! – ele estava todo ensanguentado. Os três se viraram para observar a cena – Carlos, você é um fodido! E se essa vagabunda não quis nada comigo, não vai ser com você que ela vai querer!

Nesse instante, Fernanda agarrou Carlos pelos cabelos e meteu-lhe a língua dentro da boca, em um beijo cinematográfico, onde os espectadores eram todas as pessoas da festa. Colocou a mão de Carlos em cima de sua bunda e olhou novamente para Juan, com um sorriso debochado. Os três entraram no carro, mas não antes de Juan soltar uma gargalhada e mostrar o dedo do meio para o anfitrião da festa.


- Obrigado por hoje! – disse Carlos, em frente ao apartamento de Fernanda.

- Foi divertido – ela sorriu.

- Bom, não foi como eu esperava... Mas será que posso te chamar para sair de novo?

Ela sorriu e respondeu:

- Se você selecionar melhor para aonde for me levar, pode sim.

Ela o beijou no rosto e aproximou-se de Miguel:

- Obrigada por me defender!

- Não te defendi. Quer dizer, sim, mas não vi que era você. Teria feito isso por qualquer um.

- De toda forma, obrigada.

Ela o beijou no rosto e se despediu dos rapazes. Eles ficaram do lado de fora, observando-a entrar em casa.

- Foi uma noite e tanto, hein, Carlinhos...

- E como foi...

Eles entraram no carro.

- Você acha que ela gosta de mim? – perguntou Carlinhos.

- O que? – o amigo debochou – Cara, é claro que não. Mulheres como ela não gostam de ninguém.

- Mas ela me beijou!

- E daí? Cara, você acabou de entrar para a faculdade. Não pode se prender no primeiro rabo de saia que aparecer.

- E o que eu devo fazer?

- O que todo jovem na faculdade faz, meu amigo... Come e sai fora.

Rubi - O RetornoWhere stories live. Discover now