Mudança de Planos

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O dia já havia amanhecido chuvoso lá fora quando o Dr. Cárdenas se despertou. Por alguns segundos não se lembrou do que havia acontecido na noite passada, até olhar para o lado e se deparar com uma belíssima figura feminina, desnuda em sua cama. O lençol de cetim azul lhe cobria apenas metade de uma de suas belas nádegas, e a luz do dia refletia em seus longos cabelos morenos. O Dr. Cárdenas a admirou por um tempo, entrelaçou seus dedos por seus cabelos, mas logo saltou da cama de um pulo e pôs-se a se vestir.

- Aonde vai tão cedo? – perguntou a bela moça desnuda.

- Fernanda – ele disse, sem sequer olhá-la diretamente – O que aconteceu ontem foi um erro. Você precisa ir embora. Por favor, vista-se.

- É incrível.

- O que é incrível? – ele perguntou enquanto ajeitava sua gravata.

- O quanto posso ser feita de idiota por dois homens em uma só noite.

- Fernanda – ele a olhou com piedade – Não é assim, eu...

- Alessandro, por favor, não complique mais as coisas! – ela levantou-se e o encarou com orgulho – Sei bem como é. Fui um passatempo, um erro que não deve voltar a se repetir nunca mais!

Ele calou-se por alguns segundos e ela entendeu que ele consentia. Sem dizer uma palavra sequer, ela arrumou suas coisas e caminhou em direção à porta de saída.

- Fernanda, eu posso te levar...

- Não é necessário! – ela vociferou, com raiva – Sei bem o caminho de casa.

Ele a observou enquanto pegava suas coisas e saía batendo a porta. Sentiu que um pedaço de seu coração fora arrancado e pisado, e que mais uma vez, sua vida não andaria como o planejado.




A alguns quilômetros do hospital Buenaventura, uma menina muito atraente, de aproximadamente vinte e dois anos entrava em uma velha vizinhança cheia de sacolas:

- Tia? Cheguei!

- Entre, Fernanda.

A expressão no rosto da tia havia mudado. Era mais viva, mais corada. Parecia ter mais vontade de viver a cada dia que se passava. A sobrinha lhe entregou um suco e como sempre, pôs-se a cuidar de seus ferimentos.

- Estão muito melhor, tia. Já estão menos visíveis – ela dizia, enquanto cuidava da tia – Creio que em alguns anos, sumirão completamente.

- Me doem mais as cicatrizes da alma, Fernanda... Me diga, como está o Alessandro? – seu olhar brilhava como nunca.

- Está melhor do que nunca. Muito bonito, milionário, com sua família...

- Está levando nosso plano adiante?

- Precisei mudar o plano...

- Como assim? – vociferou a tia – Há anos planejamos isso, e de um dia para o outro, você resolve que vai mudar o plano?

- Não daria certo, tia. Ele ainda tem muito rancor pela senhora. Assim que me viu, destilou todo o seu ódio. Não poderia seduzir alguém que me odeia antes mesmo de conhece-lo!

- O que você disse?

- A verdade. Que sou a Fernanda. Comecei a trabalhar para ele.

- E? – a tia estava ansiosa pelos detalhes.

- Dormimos juntos esta noite.

A tia ficou em silêncio por alguns segundos. Refletiu sobre o que acabara de acontecer e perguntou:

Rubi - O RetornoWhere stories live. Discover now