Te Quero Dentro de Mim

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- Primor, você precisa comer alguma coisa!

- Eu não quero, Loreto. E eu já te pedi para fechar essas malditas cortinas...

Loreto abria as cortinas do quarto da mansão da casa dos Valência, enquanto Fernanda ainda jazia na cama, nada disposta a levantar.

- Não vou fechar cortina nenhuma, e você vai levantar agora! - seu tom era impositivo.

- Maldita hora em que resolvi te trazer comigo pra cá...

- E não adianta resmungar - ele dizia enquanto recebia uma bandeja de café da manhã de uma das empregadas - Pode deixar que eu a sirvo.

Enquanto Loreto enchia a xícara de café e colocava uma generosa porção de frutas e pães no prato de Fernanda, ela olhava a chuva através da janela, melancólica.

- Prontinho, coma tudo e coma agora!

- Loreto, eu não estou com fome...

- Vai comer! - Ele forçava uma fatia de pão em sua boca, que ela engoliu contra sua vontade - Fofinha, você não pode ficar assim para sempre... O doutorzinho mereceu aquilo.

- Loreto, quem foi que disse que estou assim por causa do Alessandro, hein?

- Eu achei que...

- Achou errado! - ela estava zangada - O único motivo para eu não querer sair dessa droga de quarto, é que estou inválida nessa cadeira de rodas por mais um mês! Olhe bem para mim, eu pareço o tipo de pessoa que gosta de depender dos outros até para ir ao banheiro?

- Meu amor, ninguém gosta disso. Mas é necessário, e eu já te disse mil vezes que você deve ver isso como uma oportunidade. Mas primor, não precisa esconder seus sentimentos de mim. Se estiver se sentindo assim por culpa do doutorzinho...

- Mas que saco, Loreto! Já te disse que não tem absolutamente nada a ver com ele! Além do mais, fui eu quem decidiu pôr um fim nessa bobagem por enquanto. Eu não posso levar meu plano adiante com ele enquanto estiver inválida nessa cadeira.

- Primor, você não acha que se precipitou demais e fez com que ele tenha se afastado de vez?

- Se afastado de vez? - ela gargalhou - Loreto, por favor... A essa hora, sabe o que ele deve estar fazendo? Chorando de saudades de mim por aí. Aliás, é sempre bom lembrar que, quem decidiu se afastar de mim pela primeira vez, foi ele. Vou deixar ele se sentir culpado por um tempo e aí, depois disso, quando eu já tiver me livrado dessa porcaria de cadeira de rodas, vou conquistá-lo de vez. E quando isso acontecer Loreto, pode ter certeza de que a Maribel já não será mais um problema...

- O que quer dizer com isso, Primor?

- Aguarde e você verá.

Alguém bateu à porta do quarto e chamou por Loreto:

- É o meu fornecedor de tecidos, preciso vê-lo. Eu já volto, e Primor, quando eu voltar, quero que tenha comido tudo!

Ele se retirou do quarto e ela continuou a admirar a chuva. Lembrou-se da primeira vez em que beijou Alessandro e no quanto foi bom. Não era à toa que sua tia o havia amado até o seu último dia de vida: era realmente um homem admirável. Lembrou-se do que Loreto lhe disse e se perguntou se realmente o havia afastado e, só depois, percebeu que esse pensamento a havia deixado triste. Por que se sentia assim? Estaria ela apaixonada pelo Dr. Cárdenas?

Não, isso não podia acontecer. Rapidamente ela retirou o cobertor de cima de si e tentou transferir seu corpo para a cadeira de rodas, sem sucesso. Ela caiu no chão e o gesso bateu com toda a força. Sentiu seu olho lacrimejar de dor e começou a gritar por ajuda. Já estava desistindo de gritar quando alguém bateu á porta:

Rubi - O Retornoحيث تعيش القصص. اكتشف الآن