Chantagens e Flagras

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Fernanda:

Eu estava na sala da mansão quando ouvi um carro chegar e sabia que se tratava de Carlos. Há pouco mais de vinte minutos, meu namorado e sua irmã me avisaram que iriam até o hospital para acompanhar o pai em uns exames de rotina. Sabia que tardariam por mais algumas horas.

Sentei em posição de choro em uma das poltronas e com maestria, consegui fazer com que as lágrimas rolassem pelo meu rosto. O observei entrar pela porta pelo canto dos olhos e se comover com a cena:

- F-fernanda? - Ele cautelosamente se aproximou. Fingi limpar as lágrimas rapidamente.

- Oi - tremi um pouco a voz.

- Está tudo bem?

Eu ri por dentro por constatar que aquele idiota estava acreditando. Como pode ser tão ingênuo? Esse com certeza herdou a idiotice da Maribel!

- Sim, está. Por favor, me deixe sozinha - dramatizei enquanto ele me olhava preocupado.

Ele não sabia muito o que dizer, então sentou-se no braço da poltrona e colocou uma de suas mãos em meu ombro. Deitei meu rosto em sua mão e forcei para que as lágrimas saíssem com ainda mais frequencia. Ele pegou meu celular - estrategicamente ligado - no outro braço da poltrona e se deparou com sua própria foto abraçado com sua noiva.

- F-fernanda? - ele se abaixou de frente para mim - Você estava vendo minhas fotos? - Ele parecia preocupado.

- Me dê isso - puxei o celular dramaticamente de suas mãos - não é da sua conta!

- Estava chorando por mim?

- E se estivesse? - o olhei no fundo dos olhos em meio às lágrimas - faria diferença para você?

- E-eu não sei...

- Esse é o problema, Carlos - minha expressão era de mágoa - Você nunca sabe de nada quando se trata de mim!

- Eu... Eu só estou tentando entender o que está acontecendo!

- O que é que não ficou claro ainda pra você? - as lágrimas agora já caiam com muito mais naturalidade - Não ficou claro ainda que eu te amo? E que não te suporto ver com ninguém?

Ele ficou sem reação. Me olhava como uma criança assustada que acabou de quebrar um copo e não sabe o que fazer. Consegui perceber que estava confundindo seus sentimentos e quase abri um sorriso em seguida.

- Eu não sabia que...

- Você nunca sabe de nada! Sou eu quem preciso te dar todos os sinais, te fazer enxergar além, te mostrar como funciona o mundo ao seu redor... Sempre fui eu! Mas o sinal mais importante, você não enxergou. E agora está prestes a se casar com outra.

- Fernanda - ele ameaçou me tocar, mas eu desviei.

- Não me toque! - eu ainda chorava - Por favor... Não piore ainda mais as coisas. Já estou machucada o suficiente para também ter que aguentar a tortura do seu toque...

Eu me levantei rapidamente e me virei de costas. Tentei segurar o riso e manter a personagem apaixonada.

- Carlos - eu mudei meu tom de voz como se estivesse tentando fazer força parar parar de chorar, e então me virei para encará-lo novamente - Eu espero de verdade que seja feliz com ela. E espero também que você dê a ela todo o amor que não pode me dar. Mas infelizmente, depois que se casar, eu não poderei mais te ver.

- O que v-você quer dizer?

- Eu quero dizer que, a partir do dia em que se casar, eu vou terminar meu namoro com o Daniel e me mudar daqui. Vou refazer a minha vida em outro lugar. Não posso conviver ao seu lado sabendo que você pertence à outra. É tortuoso demais para mim!

Rubi - O RetornoWo Geschichten leben. Entdecke jetzt