Os Casamentos

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O dia amanheceu ensolarado e as pessoas, animadas. Valéria e Maria se encontravam no camarim improvisado que foi montado na mansão. Pelo menos cinco maquiadoras e cabeleireiras eram vistas circulando pelo cômodo, retocando a maquiagem das noivas e dando os últimos retoques no cabelo.

- Que sonho! - dizia Maria - Eu estou tão animada! Estou linda demais!

- Está mesmo! - Valéria respondeu - Nós estamos! 

Elas se olhavam no espelho com um sorriso de ponta a ponta. 

- Com licença, senhorita Maria - uma das empregadas bateu à porta do quarto - A cerimônia começa em dez minutos e o noivo está atrasado.

- Mas que idiota! - ela gritou - É típico dele! Peça a todos os empregados que liguem para o celular dele! Ele não vinha com os pais?

- O Sr. e Sra. Cárdenas já se encontram aqui, informaram que o filho teve um problema com o traje e precisou passar na alfaiataria para ajustes de última hora. 

- Maravilha! - ironizou - Era só o que me faltava!

- Fique tranquila! - Valéria a tranquilizou - Vai dar tudo certo! 

 
Há poucos metros dali, duas pessoas eram vistas dentro de um táxi, disfarçadas:

- Fofinha, você precisa entregar o envelope agora! O casamento já vai começar!

- Como vou sair daqui agora, Loreto? Esses idiotas não saem da frente da mansão!

Eles observaram a multidão entrar e então, Fernanda saiu rapidamente do táxi. Chegou até o portão e esperou que o porteiro lhe atendesse.

- Senhorita, eu já disse que não posso liberar a sua entrada…

- Eu não quero entrar, eu preciso da sua ajuda! Você precisa entregar esse envelope para o Miguel antes da cerimônia se realizar! - ela esticou a mão com o envelope.

- Senhorita…

- Por favor! - ela suplicava - Ele precisa ver o que tem dentro desse envelope! 

- Eu sinto muito, mas…

- Tome - ela lhe entregou um bolo de dinheiro - Como agradecimento.

O porteiro observou o dinheiro e, ainda relutante, recebeu o envelope.

- Precisa ser antes da cerimônia, entendeu?

- Sim senhora.

Ela voltou para dentro do carro e aguardou ansiosamente.

- Senhorita Maria - a empregada voltou a entrar no quarto - Sinto muito, mas o noivo ainda não chegou. O padre tem outro casamento para realizar em uma hora. Precisaremos trocar a ordem.

Maria bufou e no final das contas, cedeu:

- Informe aos convidados que Valéria e Miguel se casarão primeiro.

- Sim senhora. 

Miguel já aguardava no altar quando a orquestra começou a tocar a marcha nupcial. Avistou sua noiva caminhar pelo tapete vermelho e sentiu que infartaria de tanta alegria. Seu vestido era o mais lindo que já vira na vida: sem alças, com detalhes em renda e bem volumoso. Seus cabelos estavam cuidadosamente presos em um coque com véu. Ele abriu um sorriso ao vê-la e ela retribuiu. Vinha acompanhada de seu pai, um homem de aproximadamente quarenta anos, moreno e bem magro. Ao chegar ao altar, o pai lhe entregou a noiva como na tradição. 

Eles entrelaçaram suas mãos e sorriram um para o outro quando o padre começou o seu discurso:

- Estamos aqui hoje reunidos para realizar a cerimônia de casamento entre Miguel Navarro Ferreira e Valéria Hernandez Garcia. Valéria, você aceita Miguel Navarro Ferreira como seu legítimo esposo, para amá-lo e respeitá-lo, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, até que a morte os separe?

- Aceito - seus olhos brilhavam.

- Miguel, você aceita Valéria Hernandez Garcia como sua legítima esposa, para amá-la e respeit… O que está acontecendo?

Um dos empregados vinha correndo pela passarela com um envelope na mão. Todos se viraram para observar, confusos:

- O que é isso? - perguntou Daniel, o padrinho do casamento, confuso e furioso quando o empregado lhe entregou um envelope.

- Alguém mandou entregar. Disse que é primordial que o senhor Miguel abra antes de se casar.

- Mas o que…

- Senhor, eu vi o conteúdo e garanto que é melhor que o senhor Miguel também o veja.

Com um olhar repreensivo, Daniel abriu o envelope. Ao olhar as fotos de Valéria e seu ex, sentiu seu coração apertar sem saber como dar a notícia ao seu amigo:

- O que tem no envelope? - perguntou Miguel - Diga logo, o que tem no envelope! - ele gritou, desesperado.

O amigo lhe entregou as fotos e Miguel sentiu seu chão desabar.

- Senhor… - o empregado chamava a atenção de Daniel novamente - esse não é o único envelope.

- Como não é o único envelope? - Ele já estava esgotado. Olhou para o lado e viu seu amigo correr do altar em direção à mansão, com Valéria aos prantos correndo atrás dele.

- Esta outra carta também chegou - ele entregou uma carta de envelope vermelho - É direcionada para a senhorita Maria. 

Daniel abriu o envelope com um peso no coração, e se deparou com as seguintes palavras:

“Não posso fazer isso, eu sinto muito. Espero que me perdoe um dia. 

Carlos”.

- Meus filhos, eu não gosto de apressar ninguém - disse o padre - Mas eu realmente estou com pressa. Vai ter casamento ou não vai?

- Não vai, padre - Daniel fez uma pausa dramática, ainda lendo o conteúdo da carta - Não vai ter casamento nenhum.

Rubi - O RetornoDove le storie prendono vita. Scoprilo ora