Rubi - O Retorno

O Dominatrix

A semana estava corrida com todos os preparativos para o casamento de Miguel, que seria em três meses - ou, nas palavras de Fernanda: "ridiculamente rápido e desesperado".

- Por que é que você acha que eles estão se casando tão apressadamente assim? - Fernanda perguntou ao seu namorado enquanto o ajudava a escolher um terno de padrinho.

- Não sei, olha, o Miguel sempre foi impulsivo assim. Quando éramos pequenos, minha família foi viajar para a praia e ele chegou com sua malinha poucas horas antes de irmos, falando que ia junto. Ele disse que a mãe dele tinha autorizado e nós, claro, não duvidamos. O resultado foi que quando voltamos, ele estava dado como desaparecido há seis dias! A mãe dele já estava desesperada, tinha certeza que alguém o tinha mandado sequestrar! Foi um show de horrores!

- Meu deus - ela riu, surpresa - Que doidinho!

- Pois é, por isso que digo: Miguel é uma pessoa muito instável, nunca dá para saber quando ele vai viajar e sumir por uns dias e deixar todo mundo preocupado, ou, você sabe - se casar com alguém!

- Entendi - ela continuou o ajudando a colocar a gravata.

Os pais de Daniel se encontravam na mansão por essa semana. Maria, que estava prestes a completar dezoito anos na próxima semana, enchia o saco dos pais para que esses lhe dessem uma festa regada a álcool.

- Que garota insuportável! - dizia Loreto, que estava na mansão para desenhar um vestido de aniversário para Maria.

- E olha que você nem chegou a mostrar nenhum dos seus desenhos pra ela - cochichou Fernanda.

- Acha que ela não vai gostar? - Ele parecia horrorizado.

- Olhe para ela, Loreto. Ela por acaso tem cara de quem vai gostar dos seus looks? É melhor você desenhar alguma coisa bem cafona se quiser que ela compre um vestido seu!

Alguns minutos depois, Fernanda viu seu diálogo com Loreto se concretizar. Maria não gostava de absolutamente nenhum vestido que ele lhe mostrasse. Impaciente, Loreto se levantou e anunciou:

- Vou para a minha casa, lá tenho alguns outros designers que - acredito eu - você vá gostar.

- Por favor né, vê se me traz algo de bom gosto - reclamou Maria - Gosto de coisa refinada, não dessas coisas vulgares que você desenha. Sem querer ofender, é claro - ela se dirigiu à Fernanda.

- Bom, vou me retirar, com licença - Loreto cumprimentou a todos - Sra. Valência - apertou sua mão - Sr. Valência - eles apertaram as mãos e Fernanda conseguiu captar uma leve tensão que, só quem soubesse do que havia rolado na festa de Daniel entenderia.

Fernanda:

- Está com fome, meu amor? - me perguntou Daniel, pouco antes do horário de jantar.

- Um pouco.

- Quero que vista isso! - Ele me entregou uma caixa amarela muito bem embrulhada. Quando a abri, me deparei com o vestido mais lindo que já vi em toda a minha vida - Meu amor! Que lindo! - o beijei em agradecimento.

O vestido era todo brilhante, de pedrarias vermelhas. Tinha uma elegante alça fina nos ombros e um decote avantajado. Era modelo sereia, comprido, com uma fenda que ia desde a metade da coxa esquerda até os pés.

- Essas pedras são...

- Rubis - ele completou - Sim. Mandei fazê-lo especialmente para você!

- Esse vestido é... Esse vestido é a minha cara!

- Agradeça ao seu amigo Loreto!

- Foi ele quem fez?

- Sim, ele desenhou. Meus pais doaram as pedras e o resto foi com ele - ele sorria ao ver minha alegria.