Capítulo 6. Difusão

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Parte 2
Sangue

Sétimo círculo do Império
A estação

Dirigi pela noite eterna para a estação espacial mais próxima, enquanto o desconhecido descascava as camadas de pele alienígena da sua. Ele tinha praticamente se tornado uma boneca russa, contendo uma fera em cascas intercaláveis acima de um sistema nervoso quimérico... E eu sabia que ela mal podia esperar para emergir de novo.

- Onde estavam os outros humanos? - Ele subitamente quebrou o silêncio.

- Eles só... Saíram de lá.

- E por que você não foi com eles?

Enviei-o um olhar de canto, me perguntando o quão perigoso seria responder aquilo. Talvez eu devesse me preocupar um pouco menos com tudo.

- Porque o Oásis me fez promessas... - Murmurei. - Que não podiam cumprir.

- E quanto à promessa que você fez de ficar? Imagino que eles vão querer cobrá-la também.

- Provável. Eles vão passar meses procurando por uma humana chamada Clover... Mas, uma hora ou outra, vão descobrir que essa não sou eu.

Seu lábio se curvou em um sorriso intrigado.

- E quem é você?

- Vou deixar você responder isso primeiro.

Ele refletiu por um instante, talvez se perguntando o quão perigoso seria responder aquilo.

- Eu sou, pelo visto, o primeiro humano que você encontrou naquele hospital em um bom tempo... - E ele não estava errado.

- Mas eu não senti fal...

Naquele momento, avistamos a estação e as palavras me fugiram. Eu estava mesmo chegando mais perto do núcleo, centímetro a centímetro daquele universo desvendado.

Quando estávamos mais perto da plataforma de pouso, o barulho constante que a ambulância fazia se silenciou, nos alarmando com sua ausência.

- O propulsor morreu?

- Pelo visto sim... - Respondi. - O hospital deve tê-lo desativado remotamente. - Para impedir que, caso a roubassem, elas fossem levadas longe. Como para o núcleo da galáxia, por exemplo.

O veículo seguiu por inércia para a estação e eu o guiei para dentro do domo de vidro da estação. Abandonamos a ambulância e nos infiltramos na multidão do fluxo de alienígenas, todos tão apressados correndo de um mundo a outro dessa galáxia sem nenhuma ideia do quanto ela estava perto de morrer... Nós éramos os únicos humanos naquele setor de Ítopis, o que tornava difícil se camuflar, mas, ainda assim paramos no meio da plataforma, quando o desconhecido disse:

- Bem, isso foi divertido. - Seu tom falava o contrário. - Agora me diga como impeço o fevino de me matar. - Eu o encarei e abri um sorriso de canto. - E então poderemos voltar para as nossas vidas.

- Eu não vou entregar minhas cartas agora.

Frustração se materializou no seu rosto em uma avalanche.

- Você não precisa mais de mim.

- Talvez... - Meneei com a cabeça. - Mas eu preciso da sua nave. - Eu não ia deixá-lo se livrar de mim antes que cumprisse com o acordo.

Me aproximei devagar, como se eu fosse mais perigosa do que realmente era, desafiando a fera que se escondia dentro dele. Talvez eu tivesse finalmente enlouquecido, mas a única coisa que realmente me assustava era o que me impedia.

Endossimbiose | Versão Em PortuguêsWhere stories live. Discover now