Capítulo 51. Ouvidos

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Parte 6
Morte

Primeiro círculo do Império
Distrito de Poder

Batidas na porta da Hasta interromperam nossa conversa e abrimos as portas para Lupan, Deinos e Korrok.

- Nós temos um grande inimigo agora. - O canouro sabiamente observou.

- Eu estava planejando passar a perna no metriona desde que o conheci... Mas não esperava que ele fosse mais rápido. - Korrok rosnou, suas garras se fechando. - Quanto mais o fortalecíamos, mais difícil seria tomar o controle de volta... E pelo visto ele pensava o mesmo de nós.

- Mas e agora? - Perguntei. - O exército dele é muito maior do que o nosso. Não teríamos chance. - Korrok não negou. - Precisamos de aliados.

- E você tem alguma sugestão?

Refleti por um instante curto demais para que qualquer ideia que surgisse fosse boa e deixei a resposta me escapar:

- Os Áulicos.

Todos me encararam como se a sanidade enfim tivesse me deixado.

- Você está sugerindo pedir ajuda para aqueles que destruíram Venerna?! - Kadi guinchou. Eu também não teria gostado da ideia, se ela não tivesse saído da minha própria boca, mas algo me dizia que Bleine era a nossa última opção, aquela que um dia quisera tanto quanto eu a destruição da aericose e de sua Rainha.

- Eles tentaram nos ajudar antes, quando nos deram a nave para alcançar o núcleo da galáxia. - Relembrei-o.

- Até que eles nos jogaram num sol!

- O que foi culpa do metriona!

- E o que impede de eles ainda estarem trabalhando juntos?!

- Por isso precisamos ver de que lado o Aulicado está!

- Para mim já está bem claro de que não é do nosso!

- O que nos impede de descobrir?!

- Eles nos MATAREM!

- Isso não vai acontecer. - Korrok nos interrompeu, roubando nossa atenção. - Os Áulicos não querem os contaminados nessa galáxia... E agora nós também não. Podemos usar o ódio deles como nossa arma.

- E vamos acabar atirando no próprio pé. - Kadi resmungou e desapareceu na outra área da nave, me deixando com as minhas péssimas decisões.

• • • ֍ • • •

Rumamos para o Distrito de Poder e chegamos ao seu palácio com alguns dos nossos melhores soldados e nossos medos escondidos atrás dos escudos.

Uma ponte que parecia ser feita de pura poeira estelar conectava o Distrito ao seu palácio, flutuando no vácuo dentro de um domo atmosférico do outro lado de um imenso poro. A construção parecia uma cidade de pilares cristalinos e furtáveis que se erguiam até a abóbada do céu construído, cercados por poros que conectavam todos os mundos de Ítopis, todo o Império, à mesma construção.

Meus joelhos tremeram só de erguer o queixo para ver onde suas alturas terminavam. Eu nunca estivera diante de algo tão selado, protegido, poderoso, perigoso... Nem mesmo meu corpo eu tratava com tanto respeito.

Aquele era o mais perto do núcleo da galáxia que eu já tinha chegado... Tão perto daquele centro fervente de estrelas que até mesmo durante a manhã naquele mundo o brilho dos astros não era ofuscado. O céu do outro lado da ponte e do poro, na vastidão do universo onde boiava o palácio, o brilho quase cegava, ricocheteando pelas paredes cristalinas em um mosaico de pura luz e poder.

Endossimbiose | Versão Em PortuguêsWhere stories live. Discover now