Capítulo 1 - Dia de Cão

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Oiiee, amores, chegamos!!! Então, esperamos que gostem, votem e comentem. Que se entreguem a cada palavra desse mais novo capítulo
Beijosss da K e da G.  😍😘😘

  | Lisa 

Era para ser um recomeço e agora me encontro na rua da amargura (ou preste disso)

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Era para ser um recomeço e agora me encontro na rua da amargura (ou preste disso). Ao sair do Brasil e vir para Seattle, jurei a mim mesma que me reconstruiria sem implorar e depender de ninguém. E agora me vejo implorando a um mal-amado e explorador.

- Por favor, senhor, me deixa mais alguns dias! Pagarei cada centavo do que lhe devo. Você sabe que demoro, mas pago tudo certo - tento dialogar pela milionésima vez e vem sempre a mesma resposta, só que dessa vez com um prazo.

- Não! Não há como levar assim. Suas contas de energia andam atrasadas. A água vive sendo cortada e isso prejudica todos os meus negócios aqui. Você tem exatamente 12h para tirar todas as suas tralhas do quarto e me entregar a chave. Se não cumprir o que eu estou exigindo, será expulsa do jeito que estiver e não entrará mais - ele sai da minha frente com o seu corpo rechonchudo e seu bafo de cachaça, me dando chance de entrar no pequeno quarto, de uma pocilga que cheira a mofo em um subúrbio qualquer.

Quando saí do Brasil, em vésperas de completar 19 anos, me encontrei sem nenhuma migalha se quer do dinheiro que um dia minha família tinha tido. Saí de lá com destino a encontrar uma irmã da minha mãe que nunca havia visto na vida, porém me recusava a ser "o grande encosto" de alguém. Então reuni todo dinheiro que havia investido há alguns anos atrás e resolvi partir para minha própria jornada. Ser minha própria responsabilidade, o que não deu muito certo.

Logo após pousar no Aeroporto Internacional de Seattle-Tacoma, peguei o primeiro táxi e pedi que me deixasse em um dos albergues mais barato que houvesse na região. Passei metade de um ano dividindo quarto com pessoas estranhas, até certa noite haver uma confusão e a polícia invadir, tive que sair às pressas com a roupa do corpo e poucas roupas que continha em uma mochila que mantinha arrumada para emergência. Andei por horas até dar de frente a um prédio de quitinetes, estava cansada e ali tinha que me servir; almejava por isso!

No entanto, agora me encontro com 20 anos e fui despejada pela segunda vez de um ambiente longe de ser um lar, que é intragável e o mais barato que eu poderia pagar; isso juntando o pouco que me restou de uma vida passada e o que eu conseguia de alguns bicos como garçonete de festas aleatórias para um bufê famoso da região – o qual graças a uma antiga colega de quarto do albergue consegui; mas infelizmente como ela, não tive a mesma sorte de me tornar efetiva para todas as festas que eram solicitados. Porém, quando o serviço era de grande porte exigindo uma grande demanda de atendimentos, e, por mostrar um bom trabalho com determinada agilidade na primeira vez em que fui apresentada ao serviço, eles me contatavam e assim eu conseguia não passar fome.

Junto minhas poucas coisas, e caminho à deriva. Tinha acabado de chegar de uma noite agitada, onde não houve chance de pausa e meus pés gritavam por um descanso; há duas noites não durmo direito, tinha conseguido dois serviços em festas diferentes, onde os ricos que nelas continham exalavam poder e mesquinhez. Não conseguia me imaginar mais no meio deles, agindo como se no mundo fora daquele salão fosse pura maravilha como a vida que cada um levava; que todos moravam num castelo e vestiam roupas caras de marcas altamente conhecidas. Transitando entre eles, agora do outro lado da hierarquia dos detentores do dinheiro, me sentia a prova viva de que nem todos têm um sol para brilhar e esquentar continuamente.

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