Bônus

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[...Alessa]

Após minutos do que falei, Johanna pega sua bolsa na poltrona e sai do quarto, então rio amargamente, sussurrando:

- Vai lá. Faz o que você sempre fez, foge. Me abandona. Some mesmo, vai ser muito melhor.

Sento-me na cama, pondo as pernas para fora dela; retiro o soro do meu outro pulso com a medicação intravenosa, pinicando a minha pele, produzindo uma dor que é altamente irrelevante, perante a dor que todo o meu ser estar sentindo; a dor psicológica que se instalou em minhas raízes nervosas.

Levanto-me, apoiando meu corpo na cama, esperando a leve tontura passar e assim que sinto meus pés firmes no chão, sem bambear e com minha visão ajustada ao ambiente e o corpo a gravidade, vou até o banheiro; lavo meu rosto, ajeito meu cabelo e me olho no espelho. Fico ereta, firmando minha postura e encarando-me; bato em minhas bochechas para ficar corada; por fim, me analiso com desgosto e saio do banheiro, dando de cara com a "mamãezinha do ano".

- Olha só... Ela não fugiu, temos a mamãe do ano rumo ao pódio. – ironizo e vejo sua expressão vacilar em dor, mas pouco me importa... Pois é, meus caros, o foda-se já saiu do modo avião.

- Fui na cantina; precisa se alimentar. – ela diz, apontando para uma bandeja em cima da cama, com coisas altamente saudáveis, como um pequeno pote de salada de fruta, dois sanduíches naturais, um copo médio do que julgo ser um suco e um mini potinho de gelatina. Penso em negar, mas meu estômago ronca de fome e em um piscar de olhos já estou avançando em grandes mordidas  no sanduíche. Me desligando do mundo e focando apenas em comer.

- Hummmm, nunca pensei que diria isso, mas comida de hospital pode ser gostosa... Realmente estou faminta a altos níveis. – digo para mim mesma e ouço-a sussurrar:

- Eu sei que errei muito, mas não vou desistir de você... não mais uma vez. Só peço uma chance. Uma única chance e a tratarei como objetivo de vida. – ignoro, apenas focando em comer e aliviar o buraco que sinto habitar meu estômago.

Minutos após, o médico chega, repreendendo-me por ter retirado o soro e dando uma última checada em minha pressão e tudo mais, em seguida dando-me alta, pedindo que iniciasse de imediato um acompanhamento com uma obstetra, para que esta possa me descrever ácido fólico, (substância essencial para o feto),  e começar o pré-natal; sinalizo positivamente, me despedindo dele, e saio porta fora, rumo a saída do hospital.

Assim que sinalizo para um táxi, Johanna para ao meu lado.

- Deixe-me leva-la. – pede, em uma voz suplicante.

- Por que eu deixaria? – indago, ainda fazendo sinal para que um táxi pare.

- Porque eu lhe devo pelo menos isso.

- Você não acha que deve muito mais, que apenas uma carona? – questiono e ouço-a suspirar.

- Só me dê uma chance... – pede, ao mesmo tempo em que sou ignora pelo terceiro táxi, que passa batido por mim, me irritando.

- Ahhhhhh, que merda! – praguejo.

- Calma, fil... Alessa! Você não pode se estressar. – ela fala com cautela e eu me irrito mais, virando-me para ela.

- Não me diga o que devo ou não fazer. Você não tem esse direito. – rosno a encarando, então um táxi para próximo a mim, para a descida de um passageiro qualquer e me apresso para entrar nele, mal dando tempo ao ser humano que saiu, fechar a porta do passageiro. Passo os dados do endereço para o motorista, e antes que ele dê partida, a Johanna vem ao alcance do carro e grita:

Marcas Do Passado ⇝ Livro 1《Concluída》Onde histórias criam vida. Descubra agora