Capítulo 34.1

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[... Mark]

Saio da minha inércia, e levanto-me do sofá, rumo a saída da sala. Assim que passo pela porta, alguns funcionários me olham com demasiada curiosidade e eu os encaro com repreensão, e os mesmos abaixam a cabeça e fogem do meu campo de visão; caminho para o elevador e antes que a porta se abra, Jimmy vem até mim, e fala:

- Senhor, suas coisas eu já levei para a sua casa, logo no primeiro dia que o senhor Vicente se apossou da sua sala. – balanço a cabeça, a porta do elevador se abre e eu entro, Jimmy então me indaga: - O senhor estar calmo para dirigir? – pergunta, assim que me ver apertando o botão da garagem. O ignoro e antes que a porta se feche, digo:

- Seja meus olhos e meus ouvidos. E me ligue, informando tudo. – a porta começa a se fechar, e eu vejo um vislumbre de sorriso e animação surgir em sua face.

O elevador chega até a garagem, caminho em direção ao meu carro e, assim que entro nele, o meu celular começa a tocar, tiro-o do bolso e o nome da Vic brilha na tela, atendo, e sem cordialidade alguma, informo:

- Já estou indo para casa; chegando aí, lhe informo tudo. – despejo, crendo que algum fofoqueiro já deu com a língua nos dentes, contando sobre a minha briga com o Vicente; e sem tempo dela responder, desligo a ligação e jogo o celular no banco do passageiro.

O caminho até minha casa parece ser longo. Nessas três semanas tinha até me acostumado a não enfrentar o trânsito caótico e o tempo inconstante de Seattle, que deixa tudo mais escuro e nebuloso do que qualquer outro lugar, se assemelhando as minhas últimas semanas caóticas.

Deixo meu carro na calçada mesmo, para que um dos meus seguranças o guarde na garagem; pego o celular, retiro meu paletó, jogando sobre o banco, e saio do veículo, encaminho-me para dentro da casa, apenas eu e minha carga de acontecimentos bombásticos.

Assim que entro em casa, Vic corre para me abraçar e vejo ao longe uma Alessa abatida, forçando um sorriso que sei que nunca te pertenceu.

- Nunca mais me der um susto desses, menino! – Vic me repreende, se afastando e olhando para o meu rosto, com feições de reprovação, e me puxa novamente para seus braços, enredando-me neles; oferecendo-me um tipo misterioso de conforto passageiro.

Me desgrudo da Vic e vou para onde a Alessa estar, que se retrai e vacila visivelmente na postura, como se estivesse reunindo coragem para algo.

- Eu não ganho também um abraço seu? – indago-a, e sem tempo de esperar uma resposta, puxo-a para um abraço esmagador, que faz meus olhos marejarem e um peso inexplicavelmente se instalar em meu peito: - Eu te amo muito, irmãzinha. – sussurro, e ela me retribui com um aperto similar ao meu. Nos afastamos, a encaro e ponho uma mecha atrás da sua orelha. Ela tenta disfarçar, mas vejo uma lágrima escorrer pelo seu rosto e ela retira os olhos dos meus, focando em minha camisa que, infelizmente, ainda é a mesma que tem respingos de sangue:

- Isso é sangue, Mark?! Você se machucou? Você está bem? – ela questiona, desesperada, e uma Vic protetora toma a frente, para analisar a mancha no tecido da camisa e me olhar inquisitiva.

Mulheres... tão desesperadas, que fazem tempestade num copo d'água.

- Relaxem, vocês duas. Sim, é sangue. Não, não é meu e foi tirado da pessoa por justa causa. – digo de uma vez, puxando as duas para um beijo na testa, como sinal de que a conversa estar encerrada e completo: - Vou tomar um banho, a Ivy estar na escola? – indago, já indo para as escadas, virando a cabeça para olhar para a Vic; ela acena e eu continuo meu caminho rumo ao quarto, deixando as duas visivelmente distanciadas. Como se houvesse algum tipo de mágoa reinando no ambiente.

Marcas Do Passado ⇝ Livro 1《Concluída》Où les histoires vivent. Découvrez maintenant