XI - Demasiados inimigos

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Han estava incrivelmente calmo para a situação. Não emitira um protesto veemente, nem mostrara uma das suas habituais explosões de génio. Aceitou a voz de prisão com uma tranquilidade incomum e seguiu a criatura de pele azul-escura depois de se inteirar da acusação sumária que legitimava a sua captura. Entrada ilegal em Hkion e traição ao governo local. Provavelmente Han pensara que sendo preso iria encontrar-se com Luke Skywalker, mas tal não aconteceu.

Não chegaram a sair do espaçoporto, foram encarcerados no presídio do lugar, onde eram mantidos sob custódia aqueles que eram apanhados em transgressões à entrada do planeta, ou porque estavam a ser procurados pela galáxia, ou por estarem a fazer contrabando, ou outros delitos que eram identificados à chegada ou à saída, típicos de gente em trânsito que podiam ou não transportar mercadorias. Luke Skywalker nunca estaria ali, pois o Jedi fora apanhado a infringir a lei muito depois de ter alcançado Hkion.

Lando andava de um lado para o outro na cela. Tinham-lhes confiscado as armas e ele sentia-se indefeso sem o seu blaster. Chewbacca rosnava enquanto olhava para os dois homens. Se ele se movia desassossegado, Han mantinha-se na mesma posição, de pé, de braços cruzados, um joelho fletido com a bota assente na parede. Dir-se-ia que pensava, mas Lando, que o conhecia bem, sabia que ele não estava a pensar em coisa nenhuma, pois nunca preparara o que quer que fosse que se assemelhasse a um plano. Naquela ocasião era a mesma coisa, simplesmente não havia plano algum. Han Solo esperava. Apenas... esperava.

Qual seria o tempo mínimo para que se zangasse e para que terminasse com a espera, Lando desconhecia. E Chewbacca estava na mesma ignorância. Só que o wookie não se incomodava, pois quando fosse dada ordem para avançar, ele avançaria e faria o que lhe pedissem, desde que não soasse demasiado perigoso. Nesse então, ele iria recusar-se, nunca tinha gostado de se arriscar demasiado e, em abono da verdade, ainda que possuísse aquela imponência de pelo e de estatura, não era intrépido.

Parou de frente para o companheiro, assentou os punhos na cintura.

- O que fazemos agora? – indagou Lando e acrescentou com ironia: – Como esperas salvar o Luke se te deixaste prender com tanta facilidade?

- Eles virão.

- Quem? Estás à espera de quem?

A porta da cela abriu-se numa demonstração da resposta que Han Solo iria dar, em obediência a um qualquer comando seu que tornaria a sua explicação mais esclarecedora e que ele estava coberto de razão. Lando carregou uma sobrancelha, olhando para a criatura servil que entrou na pequena sala a esfregar as mãos recobertas por escamas. Um homem entrou logo atrás e a criatura anunciou solene:

- Diante de vós... o príncipe Gil'kion.

O homem olhou-os de forma incisiva. Vestia-se andrajosamente, com roupas puídas e pouco vistosas. As botas estavam sujas, mas usava um soberbo cinto dourado que seria feito de ouro, gravado com motivos abstratos. Aquela era a única nota a diferenciá-lo dos restantes plebeus. Ou talvez estivesse disfarçado ali, na prisão do espaçoporto, para não ser reconhecido. Disse-lhes:

- General Han Solo. General Lando Calrissian. O famoso wookie, Chewbacca. É uma honra receber pessoas tão ilustres no nosso humilde sistema. Heróis rebeldes.

Han afastou-se da parede e colocou-se ao lado de Lando.

- Têm de rever os vossos gestos de hospitalidade, príncipe. Não sei se reparaste, mas os teus ilustres convidados estão presos.

- Eu sei o que vieram aqui fazer. Seria... uma afronta.

- E tentaste impedir-nos.

- Eu salvei-vos – esclareceu o príncipe.

Os Fantasmas da NévoaWhere stories live. Discover now