XLVII - Possível e impossível

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O primeiro ato da nova era de Hkion foi a devolução dos fantasmas da névoa aos seus legítimos mestres, que sabiam como respeitá-los e deixá-los livres. Luke encaminhou-os para os príncipes Kar'kion e Gil'kion que se mantinham, teimosamente, a ignorar a presença um do outro.

Os príncipes abandonaram a sala e comandaram os fantasmas da névoa contra o exército de clones que tomava a capital de assalto, liderados pelos oficiais que tinham recebido as ordens diretamente do mordomo real. A linha do comando fora cortada e ainda não se sabia do ocorrido. Iria saber-se assim que os dois príncipes se apresentassem como os comandantes da força militar legítima de Hkion – os espectros dos velhos cavaleiros Jedi. Esperava também que o cruzadr estelar se rendesse aos príncipes. A captura desses imperiais era fundamental para saber mais informações sobre a conspiração que ameaçava a Nova República.

Bekbaal, ou o que restara dele, também já não existia. Depois daquela breve aparição, agarrado a um fiapo de alento, conjurado pelo desespero de Tir'etakion, não sobrara nada. Finalmente o velho Jedi que tanto tinha errado e que fizera sofrer, mas que também tinha sido digno, altruísta, bondoso e corajoso ao protagonizar a libertação dos escravos das minas e ao proteger os Otrok da fúria dos governantes, descansava na Força.

Leia aceitou o cuidado de Han e não protestou quando ele a obrigou a sentar-se no sofá confortável da sala. Pediu a Threepio que vigiasse a princesa e, mais uma vez, Leia manteve-se quieta. Lando e Tomason mostravam-se aliviados, pois sabiam que tinha terminado. Estavam seguros no palácio e, em breve, os clones seriam dominados. Tinham feito as escolhas acertadas e estavam do lado vencedor.

Han olhou para o Jedi. Luke pareceu-lhe abatido e ficou chocado ao descobrir-lhe rugas na testa, no canto dos olhos, sinais precoces de um envelhecimento derivado das múltiplas preocupações que o deviam apoquentar, pois era o último desses magníficos nobres cavaleiros que guardavam o saber de milhares de gerações. Assentou as mãos na anca e disse, querendo soar casual:

- Não sabia que os Jedi sancionavam assassinatos políticos.

Luke fechou os olhos, apertou a cana do nariz com a ponta dos dedos. Suspirou.

- Leia estava em perigo e eu não queria combater contra o poder de Tir'etakion. Eu dominava os fantasmas da névoa, mas ele dominava Bekbaal e mesmo após eu ter destruído o velho, o mordomo foi capaz de o invocar. E haveria de o ressuscitar uma centena de vezes até me conseguir vencer. Tir'etakion conhecia os segredos mais profundos do velho e fora dele a ideia do anel que o continha, que os dois príncipes possuíam. O mordomo tinha um terceiro anel – que o invocava e lhe dava mais força. Bekbaal era um empecilho, mas maior empecilho era Tir'etakion. E nós não tínhamos tempo. Os clones iriam conquistar o palácio, seríamos prisioneiros... e haveria outros assassinatos políticos.

Han espreitou brevemente a princesa que descansava a cabeça na mão, cotovelo apoiado no braço do sofá. Artoo piava ao seu lado e Threepio inclinava-se e perguntava-lhe se desejava algum refresco.

- Então... a representante do Senado Galáctico era o alvo. Leia...

- E eu, Han. Seríamos os dois assassinados por Tir'etakion. E não haveria qualquer justiça aplicada ao caso. Estamos aqui numa missão clandestina, apenas do conhecimento de Mon Mothma e do seu gabinete. E claro que a Chanceler não iria reconhecer que tinha cometido esse terrível passo em falso que foi enviar-nos para cá sem a aprovação da assembleia de senadores.

- Temos a história dos antigos almirantes do Império – disse Han.

- Mon Mothma não poderia usar essa informação sem assumir que agira à margem da lei republicana. Um escândalo.

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