L - O futuro é agora

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As luzes de Chandrila eram ofuscantes e belas. Os edifícios grandiosos, as avenidas rutilantes, o horizonte esplendoroso, as luzes e o bulício típicos das civilizações elevadas. A urbe era uma maravilha fabricada pelo engenho dos melhores arquitetos da galáxia, mas ele, pessoalmente, tinha preferência por lugares mais selvagens, inóspitos, desafiantes, onde pudesse sentir a Força em pleno, sem ter de escavar meticulosamente entre os intervalos concedidos por um ambiente artificial.

Luke dava por si a recordar-se muitas vezes da sensação única e inimitável da planície de Hkion, quando libertara os fantasmas da névoa da garra aveludada e insinuante do lado sombrio, com o seu pai, Anakin Skywalker, ao seu lado. Nesse então estivera numa comunhão perfeita com a Força e experimentara, quase que o podia jurar, o doce abandono do infinito.

Depois sorria e aplacava essa ansiedade descabida. O tempo de experimentar a união total com a Força ainda levaria muito até acontecer e a sua obra estava inacabada, na galáxia por aqueles dias. Tinha que cumprir muitos objetivos até decidir-se a descansar. E, por enquanto, na flor da idade, sentia-se mais do que capaz e preparado para enfrentar os desafios que ele definira e que lhe eram colocados, todos os dias.

O Senado Galáctico aprovara os fundos necessários para que ele começasse, finalmente, a reconstruir o Templo Jedi e era nisso que ele se ocupava, naquele então.

Antes tentara encontrar essa misteriosa criatura que dava pelo nome de Snoke. Fizera algumas viagens longas, pela Orla Exterior e até às Regiões Desconhecidas, mas nunca encontrara nenhuma pista que o pudesse levar a quem quer que fosse que usava esse nome. Ninguém conhecia um tal de Snoke, mesmo entre aquelas seitas que usavam a Força de uma maneira mística e obscura, afirmando-se os protetores das tradições milenares dos antigos Jedi, os primeiros, aqueles que souberam reconhecer a Força muito antes da Velha República.

Após os acontecimentos em Hkion com Bekbaal e os fantasmas da névoa, era como se Snoke se tivesse dissolvido em bruma semelhante e se tivesse finado com o velho Jedi corrompido pela ambição. E Luke resolveu também esquecer esse nome.

Os almirantes do Império Galáctico que se empenharam na tarefa clandestina de construir uma nova frota destinada a combater a Nova República foram todos capturados, julgados e sentenciados a penas pesadas de prisão. Luke acompanhou os julgamentos de longe, na época estava a viajar entre sistemas planetários que nem sequer vinham assinalados nos mapas oficiais. Ficou impressionado com o nível de fanatismo que aqueles homens possuíam, que invocavam o nome do Imperador, Sheev Palpatine, com fervor, afirmando entre gritos e espasmos que uma nova era de prosperidade iria ser desenhada com a ajuda de uma outra ditadura ainda mais poderosa e sem falhas. Nunca foi mencionado o nome de Snoke e Luke sentiu-se desiludido. Secretamente, estava à espera do deslize, da confissão, dita entre dentes, de que era Snoke o novo Palpatine, que era Snoke o herdeiro natural de Palpatine.

Apesar de Mon Mothma ter feito o anúncio de que a democracia havia sido salva e de que a Nova República se mantinha como o governo da galáxia que assegurava a maior igualdade entre os povos, findas as condenações por traição, Luke teve o pressentimento de que, algures, se escondiam novos almirantes, com o mesmo nível de empenho e fanatismo, que iriam prosseguir os trabalhos, agora interrompidos, que haveria de reerguer a estrutura nuclear do Império. Também tentou investigar essa sua suspeita durante as viagens, sem qualquer resultado.

Regressara a Chandrila convicto de que a sua missão fora cumprida, no mesmo nível de convicção de quando deixara Hkion. Não conseguira fazer mais com o seu engenho e as armas de que dispunha, cobrira todas as possibilidades e atuara como um nobre Jedi mais do que uma vez, administrando justiça e mediando conflitos. Abandonou, portanto, as suas suspeitas. Esqueceu Snoke, eventuais almirantes imperiais escondidos, ameaças à ordem galáctica e à Nova República.

Os Fantasmas da NévoaWhere stories live. Discover now