XXVII - Duas luas e uma mina

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Os dedos de Han Solo tamborilavam impacientes na consola da Millenium Falcon, criando um som irritante que Lando, sentado na cadeira atrás do piloto, tentava ignorar. O nervosismo perpassava por todos, mas o corelliano exibia-o com mais alarde ao fazer aquele movimento digital repetido. Até Threepio se mantinha estoicamente calado, o que era anormal para o sempre tão agitado androide que não computava corretamente as emoções humanas que lhe complicavam com os circuitos e que eram, por definição, racionais, isentos e lógicos.

Viajavam à velocidade subluz. O planeta gasoso ficava próximo do planeta principal do sistema e não viam necessidade de se apressarem para alcançarem o seu destino. Não tinham ainda discutido a melhor aproximação ao planeta e Lando ajuizou não inquirir Han sobre o que ele esperava fazer, pois calculava que recebesse uma resposta torta do tipo "eu é que sou o piloto, eu faço o que julgar melhor", acrescentando talvez, se o seu orgulho o permitisse "já basta receber ordens da senadora" ou algo do género.

O firmamento que se estendia para lá da janela da carlinga era monótono e pacífico. O vácuo mortal que abraçava a nave na viagem troçava das aflições das criaturas sencientes que se digladiavam por causa das suas agendas mesquinhas. Deixavam para trás o último dos planetas terrestres do sistema, um mundo árido cor-de-laranja que era desabitado por causa das suas tempestades permanentes de sedimentos, pela ausência de água no estado líquido e por uma atmosfera tóxica. Mais alguns minutos-padrão e o gigante gasoso avistar-se-ia a pairar impante na solidão do espaço.

O tamborilar cessou.

- Ei Lando...

O socorriano inclinou-se na direção das costas do assento do piloto que girou e revelou Han Solo de perfil.

- O que foi?

- Onde está o holopad que o príncipe nos deu?

- Acho que está numa das mochilas que estão guardadas no...

- Vai buscá-lo.

- Por que razão tenho de ser eu que...?

- Não me aborreças!

O grunhido de Chewie completou a ordem disfarçada de pedido e Lando levantou-se contrariado. Threepio ainda dobrou os braços pelos cotovelos num espasmo rígido, mas coibiu-se de dizer o que os circuitos lhe ditavam ser o correto a verbalizar naquela ocasião. Após remexer na mochila certa, Lando regressou com o holopad e entregou-o a Han que o ligou.

- O que esperas encontrar aí?

- Informações sobre as luas e sobre as minas.

Lando recostou-se no seu assento, cruzou os braços.

- Hum... Achas que sim? O príncipe iria revelar esse segredo dos clones?

- Não propriamente dos clones... mas uma maneira de entrarmos na lua certa e ver o que se anda a passar por lá.

Threepio interveio:

- General Solo, a nossa missão é apenas investigativa. Recolher dados e retirarmos, sem revelar a nossa presença e as nossas intenções.

- Sim, lata dourada. Estou ciente das ordens que nos foram dadas – resmungou Han. Explorou as linhas disponíveis no dispositivo e após uma curta revisão, anunciou: – Aqui está!

- O quê? – perguntou Lando de sobrancelha crispada.

Han contou, à medida que ia lendo e verificando os textos sobre o tópico que havia selecionado:

- O gigante gasoso tem duas luas, mas apenas uma delas tem uma mina produtiva. Apesar de as duas terem produzido ouro em tempos, a mina mais antiga, na lua Apon One, esgotou o filão. Ou seja, as minas atuais apenas existem em Apon Two. Nenhuma das luas possui um escudo protetor, pelo que será fácil fazermos uma aproximação sem sermos detetados.

Os Fantasmas da NévoaWhere stories live. Discover now