XLVI - E num sopro

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- O que é que se está a passar aqui?

Han voltou a exigir, voz rouca num berro, a pistola laser a tremer-lhe na mão. Apontava a arma ao humanoide desconhecido que lhe sorria de uma forma deslavada, porém bastante ameaçadora no seu conceito. Daqueles sorrisos mesquinhos que escondiam um teor assassino e intenções malignas. Tinha encontrado muitos na galáxia, que se fingiam seus amigos com rostos semelhantes e não o iriam enganar.

- Han!

A voz de Leia quebrou-lhe um pouco a concentração. Chewbacca rosnou nas suas costas e depois vieram os rangidos das juntas do androide dourado e os arquejos impossíveis do seu processador de voz à medida que ele completava a travessia da galeria sombria.

- Oh céus! Oh céus!

A cúpula do astromec girou, o seu óculo acendeu-se e Artoo emitiu um pio agudo. Os dois androides juntaram-se numa cacofonia de monossílabos e de silvos. Foram ignorados pelos demais.

- Han – pediu a princesa, mostrando a mão esquerda. A direita estava presa na garra esquelética de Bekbaal. – Han, está tudo bem.

- Não me parece que esteja tudo bem. Por que razão não me responderam, se está tudo bem? Luke!

- General Solo – disse o Jedi num tom solene –, estamos na presença digna de Tir'etakion, o mordomo da casa real de Hkion. Um cumprimento é obrigatório.

- Não vou cumprimentar ninguém! – cuspiu o corelliano agastado. – Esse tipo não me parece amigável, Luke. E se é um daqueles aristocratas deste lugar maldito, não são de confiar. Essa gente anda a esconder atividades criminosas da Nova República, e, por aquilo que aqui vejo, fizeram-vos prisioneiros. Está um exército de clones lá fora que querem as nossas cabeças e só conseguimos chegar até aqui porque o Lando e o Tomason têm boa pontaria e os dois príncipes concordaram em ajudar o Tomason.

- Os dois... príncipes? – murmurou Luke. – Eles estão juntos?

- Sim, estão juntos.

O grito de Leia capturou-lhe a atenção. Han fez girar o cano da pistola laser para fazer face a essa ameaça e viu-se a fazer pontaria ao peito ossudo do velho que arrastara a princesa para junto de Luke. Um fantasma da névoa particularmente gigantesco pairava ululante sobre ela, arrastado pela vontade do velho que o controlava a agitar os dedos.

Escutou-se um tropel de passos na galeria e passados alguns segundos-padrão entraram Lando e Tomason na sala. Estavam suados, cansados e excitados. As suas armas fumegavam.

O socorriano contou, numa respiração pesada:

- Os clones cercam o palácio! Não vamos poder aguentar por muito tempo. São demasiados. Os soldados dos príncipes foram dizimados junto ao portão que conseguimos fechar, mas não sabemos por quanto tempo se vai manter fechado. E nós não vamos suportar o cerco e a investida, Han. Estamos encurralados. E não nos podemos esquecer do cruzador estelar. Se o palácio cair, entram os imperiais!

- Detesto dar-lhe razão... mas o Calrissian está certo, Solo – completou Tomason e limpou a testa molhada. – A nossa situação é muito má. Não costumo ser tão pessimista, mas... estes são os factos. Gosto de factos. Sou um homem prático.

Han ignorou toda a sensatez. Puxou pelo mordomo por uma manga, trouxe-o até si e encostou-lhe o cano da pistola na testa.

- Foi ele que deu a ordem. O exército dos clones está a atacar a capital porque ele quer usurpar o poder. E nós, por acaso, estamos no meio desta trapalhada.

Os Fantasmas da NévoaWhere stories live. Discover now