XXVI - Dois príncipes e um reino

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Luke pousou o holopad nos joelhos. Aconchegou a capa nos ombros, puxando pelas abas, envolvendo-se com o tecido grosso e quente. Não que estivesse com frio, mas precisou de se sentir confortado após a breve leitura.

- As informações preliminares estão corretas, posso afiançá-las pelo pouco tempo que tive para avaliar a situação no local. Dois príncipes que disputam o trono, uma rivalidade entre clãs. Minas de ouro. A realidade é mais complicada do que isto, como apurámos.

Leia conduzia o speeder e Artoo estava no compartimento de carga, imóvel, em modo de poupança de energia. Tinham-no desligado pois não precisavam dele durante a viagem para a capital, mas ligar-se-ia se necessário fosse e numa fração de segundo-padrão, mediante um comando simples.

- Estás a falar do que trouxe comigo nesse holopad. Os príncipes.

- Sim – confirmou ele, girando pescoço para a direita, observando a paisagem que corria pela janela empoeirada. A floresta ficava para trás e deslizavam sobre uma planura arenosa.

Um silêncio espesso instalou-se.

- Sinto o teu incómodo. Diz-me o que te preocupa – pediu ela com uma voz cansada. Antes de obter uma resposta, tirou uma mão do comando que ergueu, dedos unidos. – Espera, é por causa de mim. Da minha condição...

- Sabias que estavas grávida e vieste.

- Estavas em perigo, não te iria deixar sozinho numa situação delicada.

- Por mim ou por Mon Mothma?

A cabeça de Leia oscilou, mordeu os lábios.

- Pelos dois. Por ti, principalmente.

- E a criança?

As faces dela enrubesceram terrivelmente. Sentia vergonha, não gostava de falar naquilo. Estava zangada com Han Solo, por algum daqueles motivos recorrentes que de vez em quando surgiam entre eles cuja importância Luke nunca conseguira perceber. As suas zangas eram sempre mesquinhas, na ótica dele e aquela não seria diferente das demais. A vinda de um filho devia ser motivo de alegria e os pais não estavam felizes.

- Não me sinto condicionada – disse, Leia, por fim. Pigarreou, esticou o pescoço. Sem desviar os olhos do caminho completou soberba: – Pelo contrário, sinto-me mais forte, mais atenta. Mais interligada com a Força.

- Quanto tempo?

- Dois meses. Tenho tido acompanhamento médico em Chandrila.

- Irei proteger-vos – anunciou o Jedi, muito sério e por um breve instante os irmãos entreolharam-se. – Já quase que te fiz mal, Leia, quando estava envenenado e movia-me no lado sombrio. Não deve voltar a acontecer. Não poderei ser tão condescendente, ou confiar que a sorte esteja do teu lado e que me conseguirás subjugar. E mais importante, tu não deves deixar-te seduzir pelos encantamentos artificiais do lado sombrio que aqui existem.

- Compreendido. O meu filho é luminoso, Luke. A sua luz é cintilante.

- Notei a tua luz aumentada e após curta meditação, descobri o que se passava.

- Podemos mudar de assunto? – pediu ela bruscamente, outra vez tensa e embaraçada. – Estamos perto.

- Sim, estamos muito perto da capital.

No horizonte já se divisava o contorno do palácio alcandorado no monte que era sobranceiro aos edifícios e às ruas que formavam aquela metrópole desagradável. Havia uma neblina amarelada na imagem daquele conjunto que fazia tremeluzir os contornos, esbatendo-os como se se tratasse de uma ilusão de ótica.

Os Fantasmas da NévoaWhere stories live. Discover now