XLV - O início necessário

39 9 14
                                    


Os príncipes Kar'kion e Gil'kion disponibilizaram a sua guarda pessoal. Não eram muitos homens, apenas uma pequena secção de vinte elementos leal a cada principado, num total de quarenta, armados com pistolas laser ligeiras. Tinham de servir e Han aceitou aquela escolta até ao complexo palaciano.

Realizou uma pequena reunião tática com ambos os sargentos que estavam providencialmente equipados com mapas holográficos da capital. Era uma vantagem óbvia, já que Han e companheiros não conheciam as melhores vias, nem sabiam o trajeto ideal para alcançarem o monte onde se situava a cidadela que albergava os palácios.

Han promoveu-se a comandante da missão e ninguém ousou contestar essa decisão repentina. O exército dos clones avançava resoluto pela capital e estava já a ocupar os lugares-chave que o faria controlar a cidade dentro em breve, cortando linhas de comunicação e de abastecimento. No espaço havia ainda a ameaça de um antigo cruzador estelar do Império que podia desequilibrar a situação a qualquer instante. Era uma jogada muito arriscada com tão poucos meios, mas a realidade era que os príncipes não tinham nenhum exército sob o seu comando. Mencionaram brevemente os fantasmas da névoa e calaram-se quando Han lhes tinha revirado os olhos, aborrecido com a confiança que colocavam num bando de espíritos incorpóreos.

Os príncipes não se mostraram hostis ou relutantes, embora desavindos e em campos opostos de uma batalha surda que demorava havia demasiado tempo. Também não olharam um para o outro e evitaram a proximidade como se existisse, em redor deles, um campo de forças que os excluísse mutuamente. Han comunicou-lhes brevemente o que iriam fazer – subir uma avenida, esperando encontrar pouca resistência no seu avanço, eliminar quem se atravessasse no seu caminho – e os dois príncipes, como num reflexo um do outro, concordaram. Pediram apenas para seguirem na retaguarda da incursão, juntamente com os seus séquitos. Han tentou explicar-lhes que não teriam ninguém para protegê-los, mais os respetivos séquitos que incuíam obviamente civis, ele precisava de todos os homens da sua guarda pessoal e os príncipes sorriram, novamente como se tivessem ensaiado aquilo para que agissem e reagissem ao mesmo tempo.

Eram dois clones e moviam-se como se ignorassem o facto. Ou talvez o ignorassem mesmo.

A progressão pela avenida escolhida foi até bastante rápida, tendo em conta que o cerco se apertava. O exército da capital posicionava-se em locais importantes e ia fechando o perímetro à sua volta, para capturá-los.

Tomason revelou-se ser um bom aliado, naquela ocasião. Tinha boa pontaria e não hesitava em disparar a matar. Encolhia os ombros, abria um sorriso com um certo laivo de crueldade e depois dizia, sem qualquer pinga de remorso, que não eram humanoides, eram coisas que ele tinha fabricado. A bem dizer, tinha-os visto a todos nascer e agora destruía-os para que fossem reciclados. Era ligeiramente chocante, mas depois Lando começou a alinhar pelo mesmo compasso e iniciou uma competição de tiro com o taanabiano. Mais um pouco, cogitou Han enciumado, tornavam-se amigos inseparáveis.

Chewbacca ganiu de dor ao receber um tiro de raspão no braço esquerdo. Como reflexo, voltou a besta laser artesanal para o local de onde partira o disparo e derrubou um clone, que sumiu-se numa explosão de faíscas. Threepio lamentava-se alto de cada vez que um raio laser passava demasiado perto, mas foi estranhamente eficiente e profissional ao avaliar o ferimento do wookie.

- General Solo, o corte não é muito profundo, mas vai precisar de cuidados.

- Chewie, consegues aguentar-te? Estamos quase lá. Ótimo, companheiro... sim, eu sei que dói. De acordo com o mapa holográfico o portão principal dos muros do palácio é já depois daquela esquina. Basta avançarmos mais alguns metros-padrão e chegamos.

Os Fantasmas da NévoaWhere stories live. Discover now