XIII - Aquele instinto

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- Confiaste naquele príncipe esquisito?

- Não. Mas não tínhamos outra alternativa.

- Este salvamento está a ficar cada vez mais complicado.

Han encolheu os ombros à observação de Lando. Colocavam capas quentes sobre os ombros e já se tinham armado convenientemente, reforçando as munições das respetivas pistolas laser. Chewbacca supervisionava a caixa de mantimentos e verificava se estava tudo correto com a outra caixa em que transportariam tendas, sacos-cama, fogão de campanha e toda a parafernália necessária para um acampamento na floresta.

A Millenium Falcon aterrara numa clareira próxima de um penhasco onde começava a linha de árvores. Eram espécies vegetais agressivas, de troncos nodosos e ramagens pejadas de grande folhagem que criavam copas semelhantes a capacetes. A extensa mata era um local selvagem, sem trilhos que permitissem uma progressão rápida no seu interior. Era uma aventura entrar naquele reino verdejante, mas segundo o príncipe Gil'kion deviam entrar na floresta pois Leia e Luke escondiam-se aí.

Era um bom esconderijo, mas era também um esconderijo que representava um perigo para quem procurava o seu refúgio. A dualidade era interessante e aterrorizadora.

O sol declinava no céu, indicando ser o fim do dia. Os dias em Hkion eram longos e quentes, as noites eram mais frescas, chegando ao ponto de serem geladas, o clima típico dos planetas desérticos. Lando verificou a pouca claridade. Não podiam viajar de noite, lembrou-se...

Toda aquela história estava a parecer-lhe cada vez mais rebuscada e incrível. Han contara-lhe, resumidamente, o que se estava a passar. Luke tinha vindo para o sistema, instruído secretamente pela Chanceler Mon Mothma, para resolver uma disputa entre dois príncipes rivais. Eles tinham acabado de conhecer um deles. Havia também a suspeita de que oficiais do extinto Império Galáctico andavam a conspirar com um dos príncipes, ou mesmo a manobrar os dois em separado, num negócio obscuro cujos contornos eram desconhecidos e que urgia deslindar a bem da sobrevivência da Nova República – e essa seria a agenda principal do cavaleiro Jedi, chegar a esses misteriosos oficiais que negociavam em prol de uma revolta militar que desestabilizaria a democracia recentemente instaurada. Entretanto a missão fora desmascarada, Luke fora aprisionado, Leia viera em socorro dele e eles estavam ali para salvar os dois irmãos antes que aquilo piorasse. O que parecia ligeiramente difícil, pois a situação era no mínimo má e corria o sério risco de se descontrolar totalmente. As variáveis com que tinham de lidar eram imensas e cada vez surgiam mais dados a acrescentar ao panorama genérico que Han resumira. Porque ainda havia uma qualquer questão relacionada com escravos e com as minas de ouro.

Lando indagou quando se puseram a andar para a floresta:

- Não devíamos viajar apenas de dia?

Han girou sobre os calcanhares, espetou um dedo na cara dele.

- Ei, o Luke está em perigo e a Leia também. Não quero demorar mais tempo.

- Está bem, está bem! – exclamou Lando a mostrar as mãos. – Apenas julguei que iríamos seguir os conselhos do nosso aliado. Ou deverei dizer... mandante?

- Eu não estou às ordens do príncipe – resmungou Han retomando a marcha.

Chewbacca, armado com uma carabina laser DLT-19B, fechava o pequeno cortejo. Arrastava uma plataforma suspensa que carregava as caixas com as vitualhas e os abrigos que estivera a preparar e emitia curtos rosnados de aprovação sempre que Han falava. Fora ele que fechara a Falcon depois de ligar o dispositivo de camuflagem, que era abastecido por um painel solar, pelo que não havia perigo de esgotar as células de combustível da nave. E iriam precisar delas, caso se se proporcionasse uma fuga precipitada que os obrigasse a abandonar o planeta de uma hora-padrão para a outra.

Os Fantasmas da NévoaWhere stories live. Discover now