XXV - Partida para a missão

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O desjejum foi frugal e rápido. Copos pouco cheios de caf e pães instantâneos insípidos, sem qualquer recheio que lhes assentou no estômago como pedras, mas era isso ou nada. Os androides tinham as baterias recarregadas e Threepio até tivera direito a um banho de óleo, escasso quanto as refeições dos humanos e do wookie, ele também não se queixou. Eram plenamente cientes da precariedade daquele abrigo e não era uma opção para uma residência permanente.

Leia limpou-se do suor do treino com a ajuda de toalhas molhadas que passou no rosto, no colo e debaixo dos braços. O mesmo fez Luke e o Jedi teve de partilhar as toalhas com Han e Lando, pois não haviam muitas. As condições para um banho completo eram inexistentes e outra vez não houve reclamações.

Fizeram uma pequena reunião tática no exterior. Amanhecia na floresta e naquela zona do planeta, a temperatura subia dissipando a neblina, conferindo cores vívidas ao lugar. As aves despertavam ruidosas nos ninhos e uma melodia estridente preenchia os espaços que estavam silenciosos.

Foi a princesa que tomou a palavra e presidiu à reunião. A sua liderança foi aceite tacitamente. Estavam ali, em última análise, em nome da Nova República e Leia era uma senadora eleita, tendo sido ela também que, na noite anterior, delineara a estratégia que serviria de plano para as suas próximas movimentações, pelo que aquela posição lhe coube naturalmente.

Ela anunciou, de costas hirtas, autoritária e um pouco ríspida:

- Eu, Luke e Artoo ficaremos com o speeder que me serviu de transporte até este lugar e seguiremos para a capital do planeta, onde solicitaremos uma audiência com o regente que neste momento governa Hkion. Sei que será uma petição difícil, dado o tratamento que foi dado ao cavaleiro Jedi enviado em nome do Senado Galáctico. Sei também que não fazemos ideia de quem será esse regente, mas enquanto os príncipes estiverem afastados do poder e a preparar-se para lutar, alguém certamente está a assumir a governação, alguém que é imperioso descobrir para aferirmos das suas lealdades e perceber o que conhece sobre os mistérios que Bekbaal nos revelou, nomeadamente os fantasmas da névoa e os clones mineiros. General Solo, general Calrissian, seguirão na Millenium Falcon com Chewbacca e com Threepio para o planeta gasoso que possui nas suas luas as famosas minas de ouro de Hkion. Deverão apenas observar a e reportar, não quero provocações, nem confrontos diretos.

Neste ponto, Han revirou os olhos. Leia engrossou a voz:

- O meu pedido é perfeitamente atendível e explicável com a escassez de meios à nossa disposição, general Solo. Não pretendo que caiam numa cilada e nem pretendo que estendam uma emboscada às nossas tentativas de negociação com o regente. As perdas nesta missão não são aceitáveis e teremos baixas, obviamente, se partirmos para uma situação de força.

- As baixas incluem feridos? – perguntou Lando.

- Feridos... e mortos – explicou Leia com uma ligeira tremura das mãos. Cruzou os braços para escondê-las. – Se algum de nós ficar debilitado ou mesmo perder a vida, a Chanceler será obrigada a revelar que nos enviou para cá numa missão secreta e não sancionada pelo Senado, o que a colocará numa posição fragilizada perante os partidos da oposição.

- Para além do aborrecimento de morrer – comentou Han.

- Hkion não significa muito no esquema político galáctico, mas haverá aqueles que se irão aproveitar de uma situação atípica para minar a autoridade de Mon Mothma e fazer passar uma moção de censura que leve a que os Centristas consigam mais destaque nas reuniões senatoriais. Os Centristas apoiam os métodos do Império Galáctico, são adeptos fervorosos de uma República mais musculada, digamos assim. Um eufemismo para uma ditadura. Depois, se é mesmo verdade que existe um exército de clones, ora aí está uma arma suficientemente apelativa para que os Centristas a aproveitem.

Os Fantasmas da NévoaWhere stories live. Discover now