XXXIII - Um inimigo preocupante

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- A vossa pequena excursão terminou, amigos!

A voz era áspera, escarninha, impositiva. Viera de detrás deles e Han achou por bem voltar-se devagar, mãos à vista para evitar um tiro à falsa fé que o debilitaria com um ferimento. Lando tinha os ombros descaídos e sacudia a cabeça, desapontado. Threepio calara-se, Chewbacca rosnou uma única vez. Os três mantiveram-se nas suas posições a olhar a liberdade que ficava a apenas um salto, um curto salto até ao solo escuro. Depois era só correr, alcançar a nave, pairar no espaço com o dispositivo de camuflagem ligado e preparar outra incursão, desta feita à segunda lua...

À frente de um bando armado estava um homem oculto pelas sombras. Era uma silhueta larga e ameaçadora, maciça, envolvido em roupagens pesadas e quentes, os braços com os cotovelos espetados para fora, punhos sobre a cintura, pernas afastadas. Se estava armado não se conseguia ver o eventual blaster, disfarçado nos contornos pouco definidos. Deveria haver um, algures, preso num cinto invisível naquela pouca luz. Eram os outros seis que o acompanhavam que lhes apontavam as carabinas laser. Humanoides, criaturas, até um androide.

- Calma, amigo – começou Han. Utilizou o mesmo apodo, para estabelecer uma certa proximidade que os ajudaria a escapar. Escapar a todos os níveis. Da cobertura daquele edifício, daquela situação espinhosa, daquela lua.

- Calado, Solo!

O outro conhecia-o. Han sentiu um amargor no fundo da garganta. Iria insistir na sua atitude despreocupada, iria apostar na sua veia de negociador, de bem-falante. Sempre se safara como um canalha que sabia enrolar os adversários na sua lábia. Mas havia ali pequenos elementos que estavam a confundi-lo e ele precisava que o jogo fosse claro como rum corelliano.

- Ei, parece que sou famoso! Como conheces o meu nome?

Uma risada que fez o corpo do homem sacudir-se num curto espasmo divertido.

- Será possível que tenhas considerado a eventualidade de eu ter desistido?

Lando virou-se.

- Eu conheço essa voz...

- O quê?

Chewie voltou a rosnar e Threepio soltava os seus habituais rangidos nervosos.

- Olá, Calrissian!

Um momento de pausa. Lando respirou fundo. Furioso, acuado, desiludido. Sim, como seria possível que tivessem desconsiderado a ideia de que aquele tipo fosse realmente desistir à primeira contrariedade? Foram estúpidos, ingénuos e ineptos! Especialmente estúpidos!

Exclamou entredentes:

- Yur Tomason!

O taanabiano estava na lua abandonada do planeta gasoso de Hkion. Era o taanabiano, que procurava cobrar uma dívida antiga de Lando Calrissian, que queria reparar uma ofensa antiga e desprezível, que lhes cortava a fuga da fábrica secreta de clones de Hkion. Uma fantasia muito elaborada. Han franziu a testa, em descrédito.

- Não pode ser... – murmurou. Aclarou a garganta, inflou o peito. – Isso não é possível, existe aqui algum truque. Aquele tipo... não é o tipo que pensamos que possa ser.

- Não há truque nenhum, Solo! Interromperam um jogo de sabacc e um jogo de sabacc é sagrado, quando eu estava a ganhar!

- Isso não ficou estabelecido! A minha mão era seguramente superior.

- Oh, por favor, Solo! Queres enganar quem com essa tua conversa gasta de contrabandista falhado? A Aliança amansou-te os instintos, costumavas ser implacável... e seguramente mais inteligente. Os teus esquemas nunca tinham pontas soltas.

Os Fantasmas da NévoaWo Geschichten leben. Entdecke jetzt