XXXVII - Evasão e espaço

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O primeiro objetivo era recuperar as suas armas uma vez saídos da arrecadação que tinha as portas escancaradas. Para isso, Han não colocou o mercenário totalmente inconsciente, só o imobilizou. Precisava que ele lhes revelasse a localização das pistolas e da besta laser, só depois iria pô-lo fora de combate.

Chewbacca tinha percebido as suas intenções desde o início e não estava verdadeiramente a atacar Lando, embora tivesse agido com relativa violência e assustado a sério o socorriano que se debatia para se escapar dos grandes e possantes braços do wookie. Os apertões eram localizados, os empurrões calculados e os urros serviam para mascarar a pantomima. Quando o mercenário entrou na arrecadação, dentes cerrados, a brandir o bastão elétrico, Chewie reparou no movimento corporal de Han que se encostava à parede e que puxava Threepio para afastá-lo da confusão e agiu. Ergueu os braços, agitando-os erraticamente, berrando de modo selvagem. O mercenário teve uma ligeira hesitação e esse foi o seu erro. A eletricidade salpicava sobre a ponta do bastão, Chewie evitou-a por escassos milímetros. Lançou uma manápula, atingiu o mercenário no topo da cabeça de raspão que não o derrubou, apenas o confundiu. O golpe fora inesperado e ligeiro e o mercenário cometeu o segundo deslize, a segunda hesitação, levantando a cabeça para visualizar melhor o atacante. O bastão foi esticado e Chewie lançou a outra manápula que apanhou o mercenário pelo pescoço. O homem caiu de forma dramática, gritando, largando o bastão.

Han deu um pontapé na arma para afastá-la dos dedos abertos do mercenário e acenou para deter o ataque do furioso wookie que apanhara um choque elétrico antes da pancada que desferira. Grunhia, magoado e irritado.

Lando, que já se tinha apercebido do que estava a acontecer, atirara-se ao bastão e era agora ele que o empunhava. Han assentou um joelho entre as omoplatas do mercenário, este bateu com a testa no soalho e gemeu.

- Calma aí, amigo! Não te faremos mal se te mantiveres quietinho...

- Solta-me, bandido – rosnou o homem.

- Aqui somos todos bandidos. Uns mais do que outros, mas ninguém tem uma reputação impecável. Vamos tentar não nos atrapalharmos uns aos outros. Combinado?

- Não me podes ameaçar.

- Vais levar-nos ao lugar onde guardaram as nossas armas. Não admito negociações. Assim que te puseres de pé, vais portar-te bem. Não gritas, não protestas, não lanças nenhum alarme. Se o fizeres, levas uma descarga elétrica do teu próprio bastão e mando o meu wookie arrancar-te um braço. Compreendido, saco de excremento?

O homem suspirou, irritado e contrariado, contraído na sua impotência. Mostrou as mãos, indicando que se rendia à força superior dos seus captores. Han retirou o joelho e puxou o homem segurando-o pela parte de trás do colete surrado que este vestia. Deu-lhe um empurrão, para se certificar de que o infeliz mercenário percebia quem efetivamente mandava ali. A chapa metálica que revestia a parede da cela amolgou-se e estalou ruidosamente quando o homem chocou contra esta, de braços levantados. Resmungou e não se mexeu.

- Oh céus! Precisamos de ser tão bruscos?

- Calado, Threepio! – avisou Lando com o bastão elétrico a postos.

O mercenário estava pouco colaborativo. Deixou-se ficar colado à parede, a fingir uma espécie de revolta que o fazia recusar-se a andar. Han compreendeu que o homem não estava a agir com toda a sua boa vontade, se era que alguma vez tivera alguma. Ele estava habituado a lidar com aquele tipo de escumalha, todavia. Não fizera a sua reputação na Orla Exterior à custa de falinhas mansas e de cortesias inúteis.

Tornou a agarrar no colete do homem e empurrou-o para fora da cela. Chewbacca foi na sua peugada, sabia que iria ser necessário assim que Han lhe desse o sinal para intervir e antecipava o momento de entrar em ação e partir alguns ossos, rugindo de forma bestial. Lando seguiu-os e um cada vez mais nervoso Threepio foi também atrás deles, olhando para todos os lados, temendo até a própria sombra.

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