XLIX - Desenhos de paz

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A paz regressou a Hkion.

Os príncipes foram entronizados numa cerimónia singela e rápida, sancionada pela Nova República que foi representada, na ocasião, pela senadora Leia Organa. As testemunhas foram alguns governadores provinciais e parentes envelhecidos da família real. A pompa de ambos os séquitos que sempre acompanhava os dois herdeiros ficou arredada daquele momento que se quis prático e célere. Aconteceu de uma forma tão enfadonha que mais parecia um qualquer ato administrativo banal, mas perfeitamente válido.

Yur Tomason fez o que lhe pediram. Numa operação que durou apenas alguns minutos, momentos antes da entronização, as bombas foram retiradas dos organismos dos clones sobreviventes. Kar'kion e Gil'kion eram os últimos da sua espécie, os derradeiros exemplares da empresa clandestina do taanabiano financiada pelo ouro de Hkion e pela ambição do anterior mordomo real. A intervenção que removeu os explosivos foi um sucesso, mas Tomason deixou um aviso importante. A vida dos príncipes tinha sido encurtada e eles estariam mais suscetíveis a infeções e pequenas doenças. Nenhum deles pareceu importar-se com as consequências da sua mortalidade e ignoraram a advertência com uma sobranceria desagradável.

Depois de oficialmente declarados reis do sistema, foram redigidas leis constituintes que revogavam os anteriores preceitos legislativos. Novamente com a ajuda da senadora Leia Organa, que agia também outra vez em nome da Nova República, foi determinada uma nova forma de governo. Os reis iriam ser eleitos pelo povo, através de sufrágio universal, a acontecer num prazo máximo de dois anos-padrão. As eleições iriam ser supervisionadas por uma comissão republicana. Leia comprometeu-se em apresentar a proposta de Hkion no Senado Galáctico, fazendo com que a iniciativa tivesse partido voluntariamente daquele sistema – assim evitava-se o embaraço de ter o nome da Chanceler Mon Mothma associado a uma ingerência nas questões de Hkion, sem o conhecimento prévio da assembleia de senadores.

Os Otrok, os antigos escravos das minas, foram integrados na casa real como servidores oficiais, não se admitindo outros para os cargos de prestígio que foram, entretanto, criados. Redigiu-se um contrato vitalício que incluía várias gerações de Otrok. O ancião que representava esse povo injustiçado por tantas eras fez um discurso comovido em que jurava absoluta lealdade, em seu nome e em nome dos seus filhos, ao rei de Hkion.

Em resumo, tudo acabava resolvido.

Juntaram-se todos na pista principal do espaçoporto da capital. Os dois príncipes tinham enviado um emissário que se dividia em cumprimentos, despedidas e mesuras, numa demonstração excessiva da inexistente hospitalidade de Hkion. Ofereceu-lhes peças em ouro como presentes e depois de ter chamado um coro de mulheres que lhes entoou uma cantiga tradicional, deixou-os, para alívio de Han Solo que assim que se viu livre, finalmente, para deixar aquele lugar, revirou os olhos e sacudiu as mãos, num resmungo que fez par com o protesto gutural do seu wookie, Chewbacca.

Leia sorriu aliviada para o irmão.

- Creio que já temos permissão para partir de Hkion.

- Eles estavam apenas a ser simpáticos.

- Julgavam que não gostavam de forasteiros! – lembrou Leia bem-humorada.

- E continuam a não gostar – concordou Luke. – Por isso, esta pequena atuação demonstrou que ficaram gratos por aquilo que fizemos aqui, no fim de contas.

- Querem é ver-nos pelas costas e enviam-nos estes pequenos enganos... para que saiamos daqui com a impressão de que a nossa missão foi cumprida e esqueçamos todos os passos em falso, os perigos e em como, se pudessem, nos teriam assassinado sem qualquer remorso.

- Estás a ser demasiado cínica, Leia. Saímos de Hkion com a missão efetivamente cumprida!

Artoo apitou, frenético. Threepio disse, atónito:

Os Fantasmas da NévoaWhere stories live. Discover now