Capitulo 35•

1.7K 172 33
                                    

Há uma rachadura no teto do meu quarto, pequena, discreta e linear mas mesmo assim é tão visível para mim que chega a incomodar, rachaduras me incomodam em geral. Havia uma rachadura no teto da minha casa no Brasil, bem na sala perto da janela, minha mãe a odiava ela era visível e nada discreta minha mãe sempre tentava arruma-la mas no final a rachadura sempre voltava, era um tormento para minha mãe, até que um dia quando o tio Nilo, pai da Lilith, estava pintando sua casa e havia tantos pincéis e tintas do lado de fora espalhados.—Eu pensei enquanto lavava os pincéis para o tio Nilo.— Se a rachadura insistente e horrível não iria sumir então eu a daria outro significado, outro que não aborrecesse tanto minha mãe. Passei a tarde toda pintando Ramos verdes e fazendo pequenas flores com detalhes tão pequenos que minha mão ficou o dia todo doendo depois, minha mãe se surpreendeu ao me ver encima de uma escada e depois de longos segundos ela olhou para o teto e sorriu, ela me disse que era a coisa mais incrível é criativa que ela já tinha visto, eu era uma artista, um dom que brilhava como o martelo da Tinker bell.

Magia, aquilo para mim soou como se eu pudesse fazer magia a melhor e mais poderosa, desde desse dia eu não parei mais de pintar cada buraca que havia em casa, as paredes que antes era brancas e alguma cor de creme ganharam vida com cores alegres. Depois de ficar muito tempo deitada observando a nova rachadura decido me arrumar, eu tinha uma consulta com a ginecologista e por mais que eu odeio ir ao médico sei a necessidade de me cuidar, infelizmente o grupo estava muito aferretoado, menos Cecília que por incrível que pareça está de folga, e pontual como sempre a mesma já esta enlouquecida batendo em minha porta.

— Uma vida para abrir, o que estava fazendo?.— Ela pergunta assim que eu abro a porta.

No seu visual de surtar Olívia, uma blusa cor de abóbora e uma saia longa sem estampa dessa vez.

Isso aqui é uma milagre.

— Bom dia pra você também.— Digo virando as costas enquanto ela fecha a porta.

— Bom dia, desculpe, minha cabeça está a mil.— Ela diz coçando a testa como se algo a incomodasse.

— Pesadelos novamente?.— Pergunto me lembrando que isso é recorrente.

Ela apenas balança a cabeça sem dizer nada, era forma dela dizer que esse assunto ainda não lhe era confortável para compartilhar.

— Já tomou café?.— Pergunto indo pra cozinha.

— Sim, trouxe para vocês.— Ela abre um pote com bolinhos pequenos.— Cadê Gael?.

— Tá aí uma boa pergunta, as vezes ele some no meio da noite.— Dou os ombros, a essa altura do campeonato eu já havia me acostumado ao seus sumiço repentino e silencioso.

Depois de devorar pelo menos uns sete bolinhos que ela trouxe.— Não é minha culpa se Cecília cozinha incrivelmente bem.— Escovo meus dentes e pego minha bolsa, o táxi já estava nos esperando, sem atrasos ou eu perdia a consulta que demorei séculos para arranjar, assim que chego sou orientada pela enfermeira para que colocasse uma espécie de roupão que não é nada confortável, eu sentia o vento batendo no meu bumbum.

— Porque nossas bundas sempre ficam de fora nesse negócio?.— Pergunto saindo do banheiro e olhando para Cecy que lia a uma revista de ciência com muita atenção.

— Para melhor manuseio, eu acredito.— Ela levanta seus olhos somente para me dar a resposta mas logo volta para sua revista.

— Bom dia sou a doutora Laís.— Uma doutora com cabelos loiros e curtos entra na sala.

— Oi doutora eu sou a Morgana Loiuse Leblanc, eu sou a amiga de Lilith e da Ana.

— Oh sim, seja bem- vinda sabia que seu rosto me era familiar.— Ela diz me guiando até a maca da humilhação.

Segredos e Desejos.Where stories live. Discover now