Capitulo 55

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Eu estava dormindo confortavelmente quando a luz do sol se chocou no meu rosto me fazendo me cobrir, xingo quem quer que seja que tenha aberto essa cortina tão bruscamente sem nenhuma delicadeza e só por essa questão eu já sabia quem era.

— Grand-mère.— Reclamo sonolenta.

— Nada de vovó, acorde sua preguiçosa.— Ela diz puxando minha coberta e me deixando descoberta e irritada.

Isso era a especialidade da minha vó, me irritar na maioria das vezes.

Não posso culpar, a velha era boa nisso.

— Por que?.— Eu resmungo rolando na cama.

— Porque ontem você só me enrolou mocinha, não me disse nada.— Ela para na minha frente com as mãos na cintura.

— Não tem nada a dizer grand-mère.— Estico os braços para me espreguiçar.

— Se esquece que foi eu que troquei suas fraldas e ensino o básico de maternidade para sua mãe, não minta mocinha, eu sei quando você está encrencada ou magoada.— Ela estala a língua.

— Posso beber vodka no café da manhã para começar essa conversa?.— Me sento e ela ergue uma sobrancelha.

— Você mais parece uma vampira que dormiu por mil anos do que uma humana com coração partido, vá pegar um sol, colocar um rouba bonita pelos menos pentear o cabelo faz bem.— Ela diz reclamando e eu bufo.

Ouvimos a campainha tocar tanto eu quanto minha avó demos um pulo e corremos para a porta de entrada, ao abrir nós demos de cara com a tia Rose soltando a fumaça do cigarro.

— Fumando?.— Minha avó indaga.

— É Paris Mère.— Ela apaga o cigarro.

— Viu, eu disse.

Minha vó me cala com um olhar.

— Minha lua.— Minha tia me abraça me apertando.

— Oi titia.— A abraça com força também.

Nos a ajudamos a entrar com seus malas, ela tira seu casaco e se joga no sofá.

— Sei que ainda é cedo mas será que posso tomar algo alcoólico no café da manhã?.— Minha tia pergunta suspirando.

Me sento ao seu lado apoiando minha cabeça em seu ombro.

— Tá legal, podem me contar o que aconteceu?.— Minha avó para em nossa frente com as mãos na cintura.

— Eu terminei com meu namorado antes de vir.— Ela diz melancólica.

— Você tinha um namorado?.— Eu e minha vó perguntamos juntas.

— Óbvio que tinha.— Ela da os ombros.

— E o que aconteceu?.— Pergunto e ela suspira.

— Nos brigamos um dia antes de vir pra cá, eu disse coisas horríveis e ele disse coisas cruéis.— Ela passa a mão nos cabelos e passa a língua pelos lábios.

— Sinto muito titia.— Digo segurando sua mão, ela da um sorriso de lado.

— E você?.— Minha vó pergunta e eu reviro os olhos.

Começo a contar o que tinha acontecido com os detalhes, como elas mesmo pediram eram tantas caras e bocas que eu fiquei tentada a xingar elas, minha avó decidiu nos deixar beber alguma coisa alcoólica, a situação era merecedora de um copo caprichado mas ela não tinha nada além de champanhe e vinhos, bom pelo menos era algo com álcool.

— Oh mon dieu minha lua.— Minha tia aperta minhas bochechas.

— Céus, como vocês são...

Minha vó parece está procurando alguma palavra mas no meio do caminho ela desisti de tentar ser sútil.

—Burras!.

Tanto eu quanto Tia Rose nos surpreendemos com sua falar.

— Grand-mère.

— Mère.

— Sério, qual o problema de vocês com relacionamento, do que vocês tem tanto medo?.— Ela pergunta tirando a garrafa de champanhe da minha mão e virando em sua boca.

— Não diga como se você fosse super romântica, você tem sempre um namoradinho novo.— A acuso e ela me fita.

— Escute criança, eu sou uma mulher com muitas paixões sim, me divirto sempre que posso e faço isso muito bem mas isso não quer dizer que nunca me apaixonei intensamente pois sim, eu me apaixonei perdidamente por um homem tão gentil e muitas vezes grosso mas que fazia meus dias os melhores e me deu uma família linda.

Ela suspira sentando na poltrona a nossa frente, vovó pisco os olhos e limpa a garganta continuando.

— Cherry, o amor é assim, ele nos leva altura e nos faz pensar que sempre vamos cair mas se você fugir todas vezes que sentir seu coração acelerar, céus, você não vai viver.

— Mas...

— Vocês precisam se permitir, eu perdi o amor da minha vida mas eu vive uma vida incrível ao lado dele é mesmo quando ele se foi e meu luto finalmente passou, não estou dizendo que ele durou dias ou alguns meses, não mesmo.

Ela da um sorriso fraco de lado.

— Eu continuei a procurar novos amores, eu sei que não será igual mas eu também sei que ficar chorando por todos os lados lembrando dele não iria adiantar de nada, eu lembro com carinho de tudo mas eu preciso seguir em frente. Eu tive que seguir em frente muitas vezes, confiei em muitas pessoas, me magoei com muitas e me surpreendi com muitas também a vid a é assim, ela não vai parar porque você parou por medo.

— Sinto muito Grand-mère.

E pensar que minha avó não só perdeu o amor da sua vida que era meu avô mas também perdeu sua filha querida que foi o primeiro fruto desse amor, era tão egotista da minha parte achar que somente meus sentimentos de perda eram válidos.

Quanta injustiça.

— Tudo bem meus amores, vocês ainda vão aprender tantas coisas, oh se vão.— Ela se levanta rindo.

— Aí Mère.— Minha tia já estava chorando.

De todas nós ela era a mais sensível e se emocionava fácil.

— Agora chega de drama, vamos para rua almoçar.— Minha avó recolhe as garrafas de bebidas.— Vão se trocar.

Volto para o quarto e tomo um banho rápido, passo um creme e um perfume com cheiro de cereja e baunilha e penteio minha franja tentando deixá-la no seu lugar, a vida de quem tem franja não é fácil e nem modelada, vou procurar uma roupa coloco uma blusa preta básica, uma calça de alfaiataria bege e meus sapatos mocassim, ainda que não estivesse congelando lá fora estava batendo um friozinho, decido mexer no guarda roupas da minha mãe, tinha algumas roupas dela lá abro me deparando com seus vestidos e blusas nós realmente tínhamos os gostos parecidos, tinha algumas caixas guardada no fundo e um casaco preto, ao tirá-la do cabide acabo esbarrando nas caixas deixando todas caírem no chão.

— Que porra!.

Xingo me agachando para recolher as coisas que estava esparramada pelo chão, eram coisas antigas como um fita de música, alguns objetos fofos, fotos e cartas.

Cartas!

Mamãe tinha um pilha de cartas em uma caixa velha de sapatos, tão velhas que a poeira irritava o nariz.

— Minha lua vamos.— Minha tia aparece na porta do quarto e eu me levanto rapidamente chutando a caixa para algum canto.

— Sim.

Pego minha boina e vou para a frente do espelho ajeitando na minha cabeça, arrumo minha franja e meu cabelo que ficou embolado atrás, pego minha bolsa e meu celular e saio correndo as escadas para encontrar minha tia e minha vó.

— Vamos.

Eu estava animada, fazia muito tempo desde da última vez que estive em Paris, eu ainda me lembrava de algumas coisas mas parece que muitas coisas mudou durante esse tempo.

🖤🖤🖤🖤🖤🖤

A vovó não é incrível gente? Aí 💕
Um beijinho de suspiro.
Comentem bastante.

Segredos e Desejos.Where stories live. Discover now