Capítulo 52

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Nem mesmo o meu belíssimo piano de calda me alegrou nessa manhã, sinceramente, nada iria me animar em momento algum, eu estava sentada apoiada com uma mão na cabeça e a outra mão tocando qualquer tecla, não tinha melodia, ritmo ou qualquer coisa similar, nada que lembrasse uma música.

— Dios Chica.— Cecília aparece na minha frente segurando uma bandeja.— Você precisa comer, sério!.— Ela diz firme.

Era a terceira vez que ela aparecia essa manhã com uma bandeja de comida, eu não tinha apetite, eu não tinha ânimo.

— Cecy, não.— Choramingo recusando de novo.

— Ah não, não.— Ela balança o dedo para mim.— Não sou uma pessoa bajuladora e olha que eu tô tentando, então come a maldita maçã pelo menos.

Ela diz me entregando perdendo a sua paciência, ninguém nessa casa tinha muita. Felippo estava quebrando a porta essa manhã querendo usar o banheiro o que acarretou em uma pequena briga nossa já que eu queria morar naquele banheiro e nunca mais sair, o senhor Mateo pediu para que ele usasse o dele mas o chato do Felippo não queria pois suas coisas de banho estavam no banheiro em que eu queria ficar escondida.

Em minha defesa, o senhor Mateo me disse para me sentir em casa inúmeras vezes, foi exatamente o que eu fiz.

— Ela não tá fazendo "Crock"ela tá fazendo "fon fon."— Digo fazendo careta.

As maçãs que era fofas por dentro, daquelas que se esfarelam são horríveis, isso claro em minha humilde opinião, já aquelas que fazem barulho ao morder, aqueles mais firmes são deliciosas.

— Sei que o coração está partido mas a barriga não tem nada haver com isso, e além disso adoecer não vai melhorar em nada.— Ela senta ao meu lado.

— É, você tem razão.— Dou os ombros, esse assunto não me importava nada agora.

— Sei que tenho, além de que você nem dormiu direito.— Ela aponta.

— E nem você!.— Rebato.

— Touche!.— Ela sorri de lado.

— Meninas!.— Uma voz animada pela manhã nos chama.

— Senhor Mateo.— Dizemos juntas.

— Conseguiu fazer ela comer?.— Ele pergunta se referindo a mim.

— Dois pedaços da maçã.— Cecília diz frustrada.

— Pelo menos já é um começo.— Ele tenta uma piada.

Ele passou a manhã inteira tentando me animar, era fofo de ver, as piadas eram péssimas mas o gesto era nobre.

— Eu preciso ir trabalhar, a empresa está uma loucura por conta dos novos lançamentos.— Cecília avisa se levantando.

— Deve estar muito cansada e estressada minha estrelinha.— Ele diz e Cecília sorri com o apelido.

— Nem me diga, são dias corridos e noites longas.— Ela suspira.

— Que tal se almoçarmos todos juntos, eu pago.— Ele diz e isso me faz sorrir um pouco.

Comida grátis, era o tipo de coisa que eu mais amava ouvir mas isso não me animou, certo eu estava muito mal.

Advinha de quem é a culpa? A sim, toda sua.

Minha consciência me acusa e murcho no lugar novamente.

— Se Morgana comer.— Cecy franze o cenho.

— Eu vou, para de me encher.— Mostro a língua para ela que revira os olhos.

Segredos e Desejos.Where stories live. Discover now