Quatro

6.7K 782 184
                                    

Meta: 80 VOTOS⭐ e 80 COMENTÁRIOS 💬.

(Dêem opiniões e sugestões.)

Luria Narrando

Tava no baile filando droga com uma galera, alguns liberam agora outros pegam a gente de tapa no casco federal.

Na hora que começou o tiroteio eu me joguei dentro do primeiro container de lixo que avistei em minha frente, eu aprendi isso com Nina, antigamente só me deitava e esperava, se desse sorte sobreviveria, se não morreria, já que pra mim não faria diferença mesmo. 

Saí quando ouvi que os tiros cessaram e voltei para o beco que costumava ficar junto de nina,l.

Quando a avistei respirei aliviada, era minha companheira, sem trapaça e farsa com ela. 

- Porra, tu ta fedendo pra caralho, saí de perto de mim maria lixão - Gastou comigo e eu dei um tapa nela. 

- Se fuder vai - Reparei nela. - Tava aonde em? - Perguntei ao perceber que ela não havia odor de lixo e nem sujeira. 

- Consegui um bofinho e ele me levou para um barraco - Falou se achando - Ainda bem porque tava precisando de um banho igual tu tá mana. - Dei dedo pra ela que gargalhou. 

- Bora subir na bica comigo? - Perguntei pegando uma sacola com a pouca roupa e pertences que eu tinha, ela assentiu e pegamos caminho. 

- Aquele bofinho é meu número, envolvido do jeito que eu gosto - Falou apontando. 

- Pra sustentar teus vícios né - Falei e ela sorriu. 

- Claro né Lu, eles agem no interesse da vagininha e eu da pedrinha - Ri e neguei com a cabeça. - Ih qual foi, quem vê assim nem pensa que dá, para sustentar o vício.

- Não vem me xoxar não em, dou na sua cara vagabunda - Falei - Sou uma viciada com classe.

- Nunca vi desse estilo.

Chegamos na bica, coloquei a sacola no chão, peguei um sabonete que eu tinha lá, uma toalha surrada, separei uma muda de roupa e deixei em cima da grama.

Tirei minha roupa e entrei de baixo da bica, me molhei e sai para ensaboar. 

- Venham ver a xereca da Luria minha gente - Nina gritou e eu taquei água nela.

- Cala a boca desgraçada - Falei entre dentes tampando meu corpo  e ela gargalhou.

- Tá só o saco de osso, mas a pepeca dá um caldo - Continuou gritando e começou a bater palmas, lixuda essa Nina cara.

Agilizei o banho terminando rapidinho e lavei a roupa suja, já pensou chegar uns bofes aqui, socorro. 

Voltando para o beco, passamos em frente a porta de um salão que era de vidro, olhei para a minha imagem refletida ali, me fazendo ver o quão feia e acabada eu estava, magra demais, cabelo sem cuidado algum, todo feio, eu era uma mulata linda, mais agora já não posso dizer isso. 

O vício acaba com a gente, não queremos nos cuidar, comer, queremos apenas nos drogar, se possível até morrer, eu não me orgulho da vida que levo, mas não consegui até hoje me livrar dela. 

É aquele ditado "Usamos para viver e vivemos para usar"

Quem sabe um dia eu consiga me livrar de tudo isso, aliás, um dia eu vou me livrar, só não sei se será da forma boa ou ruim.

(...)

Mais tarde estávamos nós duas passando o cachimbo improvisado que usávamos para queimar as pedras, quando acabou nos duas ficamos eufóricas, eu sentia uma agitação fora do normal em mim.

- Vamos dançar - Falei para Nina que se levantou e começou a dançar comigo.

- A lua me traiu, acreditei que era pra valer - Cantou jogando os poucos cabelos que tinha, eu gargalhei e acompanhei ela.

- Eita meu Deus, se eu tivesse o corpo de antigamente e não tivesse só a carcaça, eu passava o rodo em tudinho, dava uma chave de colcha bonito - Falei olhando a tropa passar, estava com uma sensação de prazer lascada. - Se quiserem eu ainda dou pro gasto em - Falei mais alto e ouvi eles gargalharem e eu me irritei . - Também nem queria mesmo, vocês tem o pinto tudo pequeno, 5 cm de rola não me agrada.

Nina observava tudo sorrindo, encarei ela e dei dedo.

- Enfia no cú rapariga - Falou ainda sorrindo.

E assim eu fui sentindo cada efeito do crack, prazer, eufória, agitação, irritação. Alteração de percepção e pensamento.

A noite chegou e estava um frio horrível, essa noite não conseguimos comida, procuramos um lugar com telhado e área para deitarmos, era um mercadinho, dividimos o único cobertor que tínhamos, cada uma virou para o lado tentando dormir, só tentando porque o efeito da pedra não nos permitiu.

- Lu estou com muito frio - Nina disse se virando para mim.

- Eu também - Falei sentindo meu corpo e lábios tremerem. Logo senti seu braço rodeando minha cintura e suas pernas se enroscando com as minhas.

- Que fique claro que hoje não vamos colar o velcro, vamos apenas dormir. - Brincou

- Cala a boca e dorme cú de galinha. - Respondi e ficamos trocando ofensas.

Logo senti meu corpo aquecer e em meios a pensamentos eu consegui dormir.

____________________________________________________________________________

Um bom final de semana a todas 😘

HeroínaWhere stories live. Discover now