Dezoito.

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Lelek Narrando.

- Fala galera, salve salve tudo na paz. - Cheguei na quadra cumprimentando a mulecada que por lá brincavam.

A mulecada correu em minha direção e me abraçou, sorri e dei um beijo na cabeça de cada um.

Esse era meu ponto de equilíbrio, vir para a quadra, receber um abraço da mulecada, pagar um sorvete, jogar bola, brincar de boneca e esquecer um pouco da rotina braba que é a minha.

Tá achando que ser do movimento é mole, é porra nenhuma, vai achando que é moleza.

Não gosto de matar, bater em ninguém, mas preciso, ou eu mato ou eu morro. Ou eu uso dinheiro sujo ou eu passo necessidade. Ou eu fico traficando ou vou para a rua ficar dias e dias sendo discriminado por ser um morador De noite só eu sei o quanto que a consciência pesa. O tanto que o coração dói.

Acham que porque somos traficantes não temos sentimentos, temos sim cara, pra caralho, mas uns preferem ocultar os mesmos porque se não levam na cara demais e bandido tem que ter postura no bagulho.

Entrei porque tava precisando mermo, passando necessidade pra caralho, minha mãe Helena, mãe adotiva, a biológica não sei por onde anda e não quero saber tá ligado.

Aqueles bagulhos de mãe é quem cria mermo. Dona Helena mermo já de idade me pegou pra criar e tá aí comigo até hoje.

Pelo que ela me diz me pegou bebê mermo, todo catarrentinho.

Ela já de idade não conseguiu aposentadoria e nem dava mais para trabalhar, tava se desgastando pra porra, mandei logo quietar o facho em casa.

Tá maluca, eu novão fui logo caçar um trampo. Comecei vendendo pamonha. RD me avistou e na lábia o infeliz que tem me botou de aviãozinho.

Fui crescendo e tô aí de soldado do cara, tenho que andar no rastro do maluco, só não fico atrás quando peida porque aquilo não é um cú não, é esgoto puro.

Mas não é porque tô nessa vida que eu desisti não rapaz, tô fazendo uns cursos aí, assistente administrativo e vigilante , quando terminar quero ingressar numa faculdade maneira, RD me deu maior apoio po, cara é um patrão de boa.

Hoje tava de folga, na paz, fiquei curtindo com as crianças e depois fui para casa cuidar da coroa.

- Sai da porta de casa dona Helena, deixa de curiar a vida alheia moço. - Gastei com ela que me olhou e sorriu. Dei um cheiro no cangote e ela me deu um tapa, não gostava não.

- Para com essas graças Levi, te meto a mão na fuça.

- A senhora já lanchou ? - Perguntei e ela negou com a cabeça. - Tá esperando o quê em ? Bora levantar e ir xepar. - Falei e ela se levantou me acompanhando. Fiz uma tapioca com ovo e preparei um copo com café e leite levando pra ela que estava na sala assistindo televisão.

Entreguei pra ela e voltei para fazer o meu, assim que terminei me sentei ao lado dela e assistimos juntos.

- Quer mais? - Perguntei quando ela terminou de comer, ela negou peguei e levei para a cozinha. - Deita um pouco pra descansar. - Falei transformando o sofá em cama e ela se aconchegou.

Dou uma vida de rainha a minha coroa, sempre cuidou de mim, me deu do bom e do melhor e eu retribuo com todo amor e carinho.

Lá fora posso ser o que for, mas com minha coroa não tem dessas de se crescer não é guarda baixa e respeito.

Eu sou é homem e não moleque, esses cria que vai em cima da mãe merecem apanhar só de parafal para ficarem esperto no bagulho.

Ela sabe o que eu faço, mas finge que não sabe, já tentei contar mas ela me corta. Ela prefere viver assim fingindo que não sabe e não querendo ouvir de minha boca então respeito sua opinião.

Nunca dou falha de deixar ela me vê todo trajado nos pentes, quando a avistei de longe eu já me moco em um canto até ela passar. Sei que um dia ou outro ela vai ver mas enquanto eu puder evitar. Vou evitando.

Aê dona Helena a senhora é uma rainha 👑.

Assim que ela dormiu, subi para tomar um banho, depois peguei o celular respondendo as novinhas e os manos.

Um buceta me chamando pra jogar porra de Free Fire, meu irmão eu jogo esse jogo e na realidade, tenho mais o que fazer do que ficar igual um doido jogando essas porras 24horas por dia.

Vi que estava dando a hora de ir pro curso de vigilante, me levantei e fui pro quarto, me arrumei, perfumei, peguei minha mochila e voltei pra sala.

Mãe ainda dormia então dei um beijo em sua testa e sai. Peguei o ônibus e fui para o estabelecimento onde se tinha o curso. Era de boa eu descer pra pista, não tinha ficha suja. Então só vamos.

(...)
Altos filhinhos de papai aqui no curso de vigilância, tudo no celular e conversando, nem ligando pra aula, porque se reprovar os pais pagam de novo.

Agora nois que tem que se desdobrar para pagar tamo aqui atento e anotando os bagulhos tudo.

Professor xaropando (reclamando) pra caralho e eles nem aí.

- Colfoi cambada, se não quer aprender sai da sala porra, para de atrapalhar quem quer no bagulho mermão, aqui é sala de aula e não bate papo rapá - Falei sério e eles ficaram me encarando surpresos, sou quieto na minha aqui na sala, sossegado.

Logo parou o auê e professor prosseguiu. Se liga na moral.

******

Boa noite mores.

Um pouquinho do Lelek para vocês conhecerem.

Negritei o Ficha A porque minha amiga contosdomorro1 está com um livro maravilhoso com esse títuloo, corram para ler.

RESPONDAM.

Gostam de narrações variadas ou preferem só dos principais?

Querem mais alguma narração especial?

Estão gostando do rumo que a história está seguindo? Justifique.

Tô com um capítulo da Luria que pronto, se terminar hoje volto pra postar

Cheiro. 😘

HeroínaTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang