Vinte

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Luria Narrando.

- Eu não estou aguentando de tanta dor, me ajudar por favor - Pedi chorando para Geiza após almoçar, os sintomas não queriam me deixar e eu me sentia exausta. - Me dá um sedativo algo que faça esses sintomas sumirem, nem que seja por pouco tempo.

- A dor precisa ser sentida - Me respondeu.

- MAS EU NÃO QUERO MAIS SENTIR DOR E NEM PASSAR POR ISSO - Gritei a fazendo recuar, sem me responder ela saiu do quarto me trancando mais uma vez.

Segurei meus cabelos com as mãos quase arrancando os mesmos da cabeça.

- Eu não aguento mais - Falei pra mim mesma - Eu preciso ser forte mas não estou conseguindo - Senti as lágrimas escorrerem por meu rosto.

E depois de sentir muita dor, de muito chorar, eu acabei dormindo.

(...)

Já havia tomado meu café da tarde e havia até jantado, a abstinência resolveu me deixar um pouco em paz.

Estou aqui no quarto olhando a vista da janela que dá para o campo.

Algumas pessoas apenas passeavam por ele, outras pintavam ao ar livre, outras faziam atividade física.

Eu queria estar lá fora, sentia uma vontade enorme de sair. Tomare que esse período de abstinência acabe logo, para eu começar a recomeçar minha vida para valer.

Porque sofrer eu já sofri demais e quero que essa seja a última vez que eu venha a sofrer pelas drogas.

Quando a Geiza veio aqui eu pedi desculpas a ela pelo meu ato de gritar com ela. Ela desculpou e disse que é normal, que tem pessoas que a abstinência é pior que a minha, como os dependentes de heroína.

Conversamos um pouco e logo ela se retirou para ir olhar outros pacientes.

Me sentei já imaginando quais seriam os sintomas da próxima abstinência, porque se assim já está ruim imagine a próxima.

Me deitei para dormir um pouco, aproveitar né
(...)

24 horas sem drogas...

Me levantei correndo em direção ao banheiro, sentia uma vontade enorme de vomitar e defecar ao mesmo tempo, me sentei no caso e puxei a lixeira.

Senti meu nariz escorrer, meus olhos lacrimejarem e de imediato percebo que eu estava passando por mais um período.

Assim que terminei me limpei, escovei meus dentes e comecei a busca louca por uma droga, eu já não aguentava mais, isso precisava passar, passar não, acabar de uma vez por todas.

Sentia muito frio, uma tontura, meu abdômen doía tanto que eu me contorcia indo ao chão, acho que de tantas vezes que eu já caguei e vomitei Eu tentava dormir mas não conseguia. Fui em direção a porta e comecei a bater na mesma.

- Alguém me ajuda, por favor - Pedi - Eu não estou aguentando, eu preciso de ajuda. - Bati tanto que cansei, voltei para a cama e me sentei de cabeça baixa.

Ouvi o destrancar da porta e era Geiza.

- Eu não posso nem estar aqui - Falou e tocou em meu pescoço - Meu Deus você está queimando de febre.

- Luria aonde você vai? - Me perguntou e lá estava eu indo mais uma vez no banheiro defecar e vomitar.

Geiza veio com uma cadeira de rodas e pediu para eu me sentar, eu me sentei e ela me deu um banho, logo veio com escova de dentes para eu escovar, ela me ajudou a vestir e pediu para eu deitar na cama.

- Pressão e batimentos cardíacos  altos, respiração descontrolada, febre, vômitos, diarréias. Um pacote completo de abstinência.

- Me dá um remédio para eu dormir por favor Geiza. Não estou conseguindo, eu estou exausta, não aguento mais fazer cocô e vomitar, minhas tripas parecem que vão sair para fora, meu abdômen dói demais. - Eu chorava copiosamente.

- Ai mulher eu não posso, é proibido. - Respirei fundo abaixando a cabeça - Mas vou te dar, mas só hoje, você vai ter que ser forte na outra abstinência. 

- Eu prometo que não vou incomodar - Juntei as mãos.

- Vou buscar, fica quietinha aí em - Assenti com a cabeça ela se levantou e saiu.

Logo voltou.

- Toma beba tudo - Me deu uma garrafinha onde o rótulo continha o nome de soro, abri e tomei tudo conforme ela disse.

- Agora deita e deixa a mão sobre o colchão - Ela preparou a injeção, limpou minha mão e aplicou o sedativo.

Foi fração de segundos para eu perder meus sentidos e apagar.

*****

Adianto que essa fase de abstinência está acabando.

Um bom final de semana mores.

HeroínaWhere stories live. Discover now