Trinta e Nove

5.6K 672 162
                                    

Luria Narrando.

5 meses depois.

Hoje finalmente seria o dia em que eu sairia do centro de recuperação, eu estava tão ansiosa, tão nervosa que vocês nem imaginam.

Eu nem queria sair daqui juro para vocês, não por comodismo, mas por medo, cara, eu não tenho um lugar para ir, lá fora drogas são tão visíveis que eu não sei qual será minha reação ao ver, mas eu tenho que passar por isso para aprender a viver sem as drogas vendo as mesmas.

Tenho que passar por esse desafio para ver que eu estou 100 por cento.

Nesse momento estava arrumando minhas roupas e conversando com Geiza, vou sentir tanta falta dela,  ela já me deu seu número assim que eu conseguir um celular vou manter o contato com ela.

Fora que ela também mora no morro então quando ela estiver de folga podemos marcar algo para fazermos.

Terminei de arrumar minhas roupas e coloquei os certificados dos cursos com cuidado para não amassar.

Saio daqui com muitas experiências graças a Deus, não vou ficar parada e vou estar sempre correndo atrás do meu dinheirinho para conseguir conquistar minhas coisinhas.

Guardei o dinheirinho que eu tinha conseguido em umas oficinas que fizemos após os cursos que foi aberta para pessoas da comunidade virem comprar o que havíamos feito, como eu fiz três cursos artesanato, costura e confeiteiro, fiz várias coisinhas para vender e consegui vender tudo por um precinho bacana.

Fechei a mochila e encarei Geiza já com os olhos marejados, abracei ela e fechei meus olhos.

- Obrigada de verdade por tudo o que você fez por mim, por ter acreditado na minha vitória quando nem eu mesma acreditei, você sempre vai ter um lugar especial no meu coração e em cada conquista que eu tiver na vida eu vou lembrar de você. - Falei em seu ouvido e depois desfiz o abraço para encarar ela.

- Eu quem te agradeço pela oportunidade de te ajudar, foi uma honra - Falou e eu sorri deixando uma lágrima escapar. - Agora vai lá e arrasa.

- Ah, tenho uma coisinha pra ti - Abri a gaveta da mesa que tinha no quarto e peguei um filtro dos sonhos que eu havia feito para ela - Que suas energias sejam purificadas,  seus sonhos positivos, muita sabedoria e sorte a você - Desejei tudo o que significava o filtro dos sonhos a ela e entreguei.

Por fim saí do quarto e me encontrei com Keise na porta do dela me esperando.

- E aí vamos? - Falei e ela negou - O que foi?

- Tô esperando o Kauê, rapidinho. - Falou e eu assenti, logo veio ele, eles se beijaram, se abraçaram e depois ele veio até mim.

- Tchau nega, vai com Deus e muita sorte pra ti. - Desejou me abraçando e eu sorri.

- Obrigada e até logo em, sai daí pra gente curtir bastante lá fora - Falei e ele assentiu olhando para mim.

Nos despedimos de cada um da equipe e saímos do estabelecimento, os pais de Keise estavam nos esperando. Conheci eles nas últimas visitas e eles me trataram super bem, preconceito nenhum pelo meu histórico.

Me convidaram até para ficar lá até eu achar um lugar, o que não será por muito tempo, porque nada melhor que o seu cantinho.

Em falar em visita fazia 3 delas que Kennedy não vinha me ver, ele teve que viajar para missão e nem sabe que eu estou saindo daqui hoje. Nas outras duas que ele veio a gente se aproximou mais e estamos com uma amizade bem forte.

Claro, nós ficamos, mas não passou de beijos, quando tínhamos vontade nos beijávamos e não foram poucas as vezes.

Mas assim, nada de bagunçar as coisas sabe, a amizade e o respeito prevalece acima de tudo, sou muito grata a ele por tudo o que fez por mim e por me acompanhar nesse período da minha vida que no início não foi nada fácil.

Keise foi recebida com abraços e logo eu também, os pais dela são tão receptivos.

- Nossa mas como você está mais bonita - Tia Tayná disse me analisando de cima a baixo.

A verdade é que eu engordei mais esses 3 meses e estou nos 70 quilos totalmente definida e bem distribuído no meu corpo, mas nada exagerado, tudo na naturalidade.

Meus cabelos passaram dos ombros e estão bem cacheados, a melhor coisa que eu fiz foi rapar, porque eles nasceram do mesmo jeitinho que era, bem lindo.

Guardamos as bolsas no porta mala do carro dos pais de Keise e depois entramos no carro.

Senti alguém segurar minha mão e olhei para Keise sorrindo.

- Vou sentir saudades da Pirokauê - Sussurrou para mim e eu gargalhei a encarando.

Logo estávamos na favela, me perdi em pensamentos encarando tudo.

Eu não sabia o que me esperava daqui em diante, o que eu realmente sabia era que eu ia lutar com todas as minhas forças para crescer na vida e não chegar perto de drogas nunca mais na minha vida.

O caminho é longo mas a vitória é certa, desistir nunca.

*******

BORA QUERO SUGESTÕES DO QUE ACONTECER DAQUI PRA FRENTE. ME HELPEM, PLEASE

HeroínaWhere stories live. Discover now