Vinte e Três

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Luria Narrando.

Acordei e já era noite, confesso que de todo o sofrimento que passei esse que dei nas últimas horas foi o pior de todos.

A convulsão é uma coisa que acontece de uma hora para a outra fazendo a gente perder todos os sentidos e sair de sí, jamais imaginei que chegaria a ter uma.

Agora eu percebo que a falta da droga faz mais mal a pessoa do que a presença dela na vida da pessoa.

Na verdade de todos os modos ela é prejudicial, mas o período de abstinência é cruel demais, é sofrido, doído.

Não quero nunca mais passar por esse período, que coisa horrível que passei, espero que eu não tenha uma próxima abstinência, porque acho que ela é capaz de me tirar a vida dessa vez.

Porque quais mais sintomas eu poderia sentir através desses que já foram horríveis? Prefiro nem tentar saber.

Ainda não tive nenhum resquício de outra abstinência graças ao pai, estava no soro e no monitoramento de batimentos cardíacos.

Me lembro de Kennedy aqui, me senti até feliz pela preocupação que ele teve de ter vindo me visitar, porém não queria que ele me visse na situação que viu.

A porta se abriu e Geiza vinha com uma bandeija em mãos.

- Hora do jantar - Disse sorrindo. - Tenho ótimas notícias - Falou e eu fiquei a ansiosa. - Seus exames chegaram e graças a Deus você está livre de qualquer doença que seja então bote o joelinho no chão e agradeça.

- Ufa - Falei respirando fundo aliviada.

- Continuando, a droga já saiu do seu sangue, ainda deve permanecer na sua urina e no cabelo, que levam mais tempo para sair. Mas acredito que essa sua abstinência foi a última.

- Olha tomare que seja mesmo porque eu não estou mais aguentando sofrer tanto.  - Confessei.

- Terceiro estou curiosa e quero saber quem era aquele boy que veio te ver, mais bruto que coice de cavalo mas tudo bem. - Falou me fazendo sorrir.

- Apenas meu responsável, ele me levou na igreja a pedido do RD e como não tinha mais ninguém para se responsabilizar por mim, ele se solidarizou.

- Ata, vamos esperar uns dias e se você não sentir mais nada já começamos sua rotina, que eu já estou preparando - Bateu palminhas. - Me conta o que gostaria de fazer.

- Tudo - Falei e ela sorriu.

- Tá bom, agora vamos comer porque a senhora hidratada está até demais. - Disse tirando o soro que já havia acabado, tirou o acesso de meu braço e o negócio dos batimentos.

Peguei a bandeija e coloquei em meu colo. Na hora que vi o feijãozinho preto salivei, ai amo.

- A partir de hoje muita comida forte para você pegar peso e ficar gostosona - Brincou e eu sorri.

- Com quantos quilos estou? - Perguntei.

- 35 - Falou e eu olhei para baixo - Mas agora não é hora de ficar triste, agora você tá se alimentando direitinho, vai pegar peso, fazer academia e ficar bem maravicheuri - Abri um sorriso a encarando.

- Ai tomare - Suspirei.

- Tomare não, você vai conseguir e vai dar certo, positividade garota - Falou e eu assenti com a cabeça - Ah e nada de dar em cima do professor de academia em.

- Tá agindo lá né. - Sorri.

- Por enquanto só observando, se pudesse estava sentando. - Arregalei os olhos e ela gargalhou.

- Safada você em.

- Nunca disse o contrário. Agora vá descansar, o dia hoje foi pauleira para você. - Disse quando eu terminei de jantar. - Mais tarde chega o lanche da noite

- Obrigada - Agradeci e ela apenas sorriu saindo do quarto.

Eu me sentia toda suada, acho que devido a convulsão que dei, então tomei mais um banho, escovei os meus dentes e me deitei.

Fechei meus olhos e não demorou muito e eu acabei dormindo.

(...)

Acabei acordando só no outro dia por volta de umas 11 horas da manhã, eu hibernei né, meu café da manhã e lanche da noite estavam na mesa ao lado.

Me levantei indo fazer a higiene matinal, voltei e comi os dois lanches, minha barriga estava doendo de fome.

O dia logo passou rápido e a maioria do tempo eu estava nervosa com medo de mais um período de abstinência acontecer.

Ficava olhando pela janela as pessoas no campo fazendo atividades, morrendo de vontade de estar lá.

Geiza chegou trazendo o lanche da noite com um sorriso de orelha a orelha.

- Que felicidade é essa? - Questionei.

- Acabou o seu período de abstinência, você passou mais de um dia sem sentir nada. Amanhã começamos a sua rotina - Falou e eu não consegui conter o sorriso e a felicidade.

Perdi até a fome mas Geiza me obrigou a comer.

- Amanhã se inicia uma nova fase da minha vida - Falei esperançosa olhando pela janela.

*****

Chega de sofrer né mores?

Pelo menos por enquanto. 
Kkkkk

HeroínaNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ