Vinte e Um

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Kennedy Narrando.

- Sexta feira eu vou pro baile, vou fechar varias garrafas, pra esquecer o sofrimento, mas não vai passar. Você sabe que essas fitas vem de outras caminhadas tá ligado né veinho, pode pá, pode pá. - Cantei e depois fumei soltando a fumaça pro ar.

Tava no barraco fumando um, só pra ficar suave, ouvindo um Menor da VG porque o mano é foda rapá, altas músicas com a visão correta.

Acabei de dar um grau no barraco, tava bagunçado pra porra, dei uma geral, passei pano, arrumei e organizei tudo em seu devido lugar. Terminei tomei um banho e agora tô aqui sossegado.

Sempre gostei de arrumar minhas coisas po, minha mãe desde menor me ensinou a cuidar dos meus bagulhos, arrumar, me botava pra lavar louça, ensinava a fazer rango, papo de que caso um dia ela partisse eu iria saber me virar e mesmo ela não partindo eu sei e sou grata a ela por tudo, mãezona pra porra a minha.

Quando a brisa passou lembrei de Luria, tava curioso pra caralho para saber como a mina tava, quais fitas tava passando, porque tô ligado que esse início não é fácil não.

Fiquei marolando, logo bati um rango daora e fui tirar um cochilo.

Essa noite foi de invasão, mais de 7 horas na guerra, então tava cansado pra caralho, por pouco os canas não me pegam e eu vou pro saco, sorte que Lelek apagou o bota primeiro.

Vi a morte passar diante dos meus olhos fi, já tava imaginando o sofrimento da minha coroa quando percebi que o cana tava morto na minha frente.

Tu tá e doído, tô ligado que só tenho dois caminhos, mas a morte é um bagulho esquisito demais po. Prefiro evitar de pensar quando for minha hora.

Quando acordei, escovei os dentes e decidi ir visitar a pedrita lá, montei na moto e fui, estacionei e desci adentrando o local.

Cheguei na recepção e tinha uma guria lá.

- Pois não? - Perguntou me encarando.

- Eu vim visitar a Luria, é nova no na casa aí, queria vê como ela está tá ligada? Sou responsável por ela - Falei.

- Mas hoje não é dia de visitas senhor, somente nas quartas feiras.  - Explicou e eu já respirei fundo, ah qual foi pô, vou ter que meter caô mermo.

- Foi o mano RD que me mandou aqui pô, pra ver de qual é dela, ele quem fez eu trazer ela, aí tô na supervisão - Ao falar o nome do patrão ela já assentiu com a cabeça, mano é respeitado demais aqui, muito bom pra comunidade em que comanda.

- Vou chamar a enfermeira que tá acompanhando ela para te acompanhar - Apenas assenti com a cabeça e arrumei o boné na cabeça esperando.

- Senhor Kennedy? - Chamou e eu encarei, deve ser a tal enfermeira.

- Ih, sem esses bagulhos de senhor, - Falei e ela ,assentiu com a cabeça.

- Olha eu não acho bom você entrar no quarto agora - Falou e eu a encarei. - Luria está em abstinência, no seu pior período, ela está com, orgasmo espontâneo, perda de peso, desidratação clínica, aumento dos leucócitos sanguíneos, aumento da glicose sanguínea, acidose sanguínea e distúrbios do metabolismo. - Explicou e eu abri maior olhão, que porra é essa rapá - Esses sintomas junto dos outros que ela já havia sentido.

- Caralho mermão, e porque tu não ajuda a mina? - Falei.

- Eles precisam passar por isso Kennedy, a dor precisa ser sentida.

- Vou te dar um tiro e deixar tu sentindo a dor então rapá - Ela arregalou os olhos e se afastou - Foi mal. Me explica esses bagulhos direito.

- Ontem eu já ajudei ela, dei um sedativo porque ela estava muito ruim. Mas se toda vez eu livrar ela da dor, de tudo o que passa ela não vai saber o quão ruim as drogas fez a ela, o que a dependência e a falta é capaz de fazer na vida dela. Pelas minhas contas esse é o último período que ela vai passar ou seja o pior, por isso digo que é melhor você não entrar. - Explicou meia cismada.

- Ih, vou sim cara, vim ver a mina e vou ver, sou responsável por ela. - Bati o pé e ela assentiu com a cabeça, saiu guiando e eu atrás acompanhando, fitei o local e era massa, tudo muito organizado.

Assim que ela parou de frente para uma porta, pegou a chave no bolso e colocou na porta.

- Quando entrar tranca a porta, vou ficar na enfermaria, qualquer coisa é só chamar - Assenti com a cabeça e destranquei a porta abrindo a mesma devagar.

Não fui percebido por ela, fechei a porta atrás de mim e tranquei, cês não acreditam o que a mina tava fazendo, tava mordendo a mesa de madeira cara, ronronava algo que eu não conseguia entender.

Assim que ela conseguiu tirar uma ferpa ela enfiou na veia, fiquei foi doido, mina tá transtornada mermo.

- Colfoi Luria? Tá loucona cara - Falei e ela me olhou de imediato e se levantou.
   
- Não, não, vocês não vão conseguir me pegar, sai daqui - Saiu se afastando até encontrar na parede do fundo do quarto. Tentei me aproximar e ela agachou fechando os olhos. - Sai daqui, sai daqui, parem de me atormentar.

Parei no lugar e cocei a cabeça, tava alucinando a mina, que porra eu vou fazer mano.

- Luria, sou eu po, Kennedy. - Ela levantou a cabeça e ficou me encarando por um bom tempo.

- Você trouxe droga pra mim? - Perguntou - Eu preciso usar droga - Se levantou vindo em minha direção e começou a enfiar as mãos nos bolsos das minhas bermudas e levantar minha roupa.  - Cadê. Me dá, me dá logo - Ela dizia eufórica.

- Tá maluca porra - Segurei ela pelos braços a fazendo parar e me encarar nos olhos. - Qualé cara, jamais iria trazer essas porras pra ti.

Ela tava em um estado foda cara, nariz escorrendo, olhos lacrimejando.

- Aí - Colocou a mão na barriga e quase caiu mas eu a segurei, fui levantando ela até a cama e ela se sentou. - Isso tem que acabar, tem que acabar, eu não aguento mais, me ajuda Kennedy - Pediu já chorando, de repente se levantou e foi em direção do banheiro, só ouvi ela gofando.

- Terminou? - Perguntei quando não ouvi mais ela gofando.

- Chama a enfermeira pra mim, eu preciso tomar um banho - Pediu.

- Eu te ajudo - Me ofereci sem maldade alguma no bagulho.

- Eu vou desmaiar - Falou e eu fui ligeiro pro banheiro, por pouco ela não bate a cabeça no vaso, estava de joelhos a peguei no colo e a levei pra cama.

*****

Capítulo bem grandinho para vocês.

HeroínaWhere stories live. Discover now