sete

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"é ser honesto sobre a minha dor que me torna invencível" - yield

Louis voltou para casa satisfeito com o dinheiro que tinha feito. Colocou o tênis perto da porta e seguiu para seu quarto, deitando bruscamente na cama e permanecendo ali alguns minutos quando pôde sentir o cheiro intoxicante que vinha dele mesmo.

"Deve ser o perfume daquele cara", pensou. Notas de baunilha adocicadas no começo davam lugar a notas de folhas de tabaco e especiarias quentes, quase amadeiradas no fim, fazendo Tomlinson se embebedar com a fragrância.

Pensou ainda que além de charmoso o estranho tinha um gosto impecável para perfumes e roupas, pensamento que o fez esboçar um sorriso e sacudir a cabeça.

Depois de alguns minutos sem conseguir se desvencilhar daquele cheiro, pendurou cuidadosamente a jaqueta quase que em um pedestal, já que era provavelmente o item mais caro que tinha em sua casa.

Tirou o resto de suas roupas e entrou na banheira que enchia de água quente. A cada centímetro de pele que se afundava na água era como se toda a sujeira do sexo se dissipasse, seus músculos tensos agora poderiam relaxar por completo, preparando-se para serem usados novamente no dia seguinte.

Afundou devagar até estar totalmente imerso em água, de olhos fechados. Ali debaixo d'água o mundo era calmo e acolhedor, diferente da realidade de Louis.

Escutou abafado pela água algum barulho mas o som parecia tão distante que ignorou, quando finalmente foi puxado para cima em um movimento rápido.

- LOUIS! Você quer me matar do coração? - Liam berrou enquanto o puxava para cima

- Caralho Liam, que susto! Que merda é essa? - se desprendeu das mãos do amigo e tirou o cabelo molhado do rosto - Não posso mais tomar banho nessa maldita casa?

- Me desculpa - sacudiu a água dos braços - Eu achei que...

- Eu sei! Mas não, eu só queria tomar um banho em paz - passou de novo as mãos pelo cabelo

- Tudo bem, não vou mais incomodar - se virou em direção à porta

- Como foi o encontro? - perguntou

- Foi bom, preparei uma refeição completa e ele adorou minha mousse de maracujá - virou a cabeça sorrindo

- Sua mousse é muito boa mesmo - soltou uma risada fraca

- Eu sei Louis - acompanhou a risada - Amanhã a gente conversa mais, boa noite

- Boa noite! - viu o amigo desaparecer pela porta

Na manhã seguinte os dois estavam à mesa, tomando chá juntos.

- E aí, vai sair com ele de novo? - Louis questionou

- Eu estou com um bom pressentimento dessa vez Lou - passava os dedos na borda da xícara

- Você tem esse pressentimento com todos os caras que você sai - revirou os olhos e bateu o cigarro no cinzeiro

- Mas ele me tratou tão bem, sabe? - tomou um gole de chá

- Eles te tratam bem por que querem algo de você Payno, querem te comer de graça, e você cai nessa toda vez -  fumaça saía rapidamente dos lábios do menor

- Não é assim...

- Claro que é! Não tem outra explicação do porquê todos falarem que te amam pra nunca mais ligarem depois! - aumentou a voz e bateu a mão na mesa

Silêncio se instaurou e Louis pôde jurar que viu uma lágrima rolando pela bochecha esquerda do amigo e se sentiu mal por ter falado mais do que deveria, só queria ver o amigo bem e não aceitava ele continuar se colocando nessas situações.

- Me desculpa cara, acho que hoje não estou num dia bom - se desculpou com Liam

- Você nunca está num dia bom, já percebeu? - agora foi a vez do de olhos castanhos levantar a voz - Você acha que o jeito que vive sua vida é tão melhor do que o meu mas no fim do dia está sempre aqui, sozinho, imerso na banheira como uma forma de fugir dessa realidade que você diz ser tão boa, onde ninguém te machuca, mas não é por que você é bem resolvido com a vida, é porque você continua fugindo de tudo, de pessoas, de oportunidades, você está tão confortável na sua própria tristeza que no minuto que algo a ameace você corre na direção oposta o mais rápido possível. Pelo menos eu sou corajoso o suficiente pra me arriscar - levantou bruscamente da cadeira e saiu da cozinha

Payne não estava mentindo, os dias bons eram raros, mas como sempre Louis evitava pensar nisso, como se todos os problemas fossem se resolver sozinhos.

De qualquer forma, ele não saberia viver de um jeito diferente nem se ele quisesse, como sempre cuidou da família ele não tinha tempo para sentir pena de si mesmo ou sua condição de vida, ele só podia engolir seco e continuar pagando as contas, e mesmo agora que ele tinha muito mais dinheiro seu pensamento permaneceu focado em tornar as coisas o mais simples e práticas possíveis, era assim que ele sobrevivia dia após dia e é assim que sobreviveu até hoje.

E como essa dinâmica parecia funcionar, não abriria mão dela tão cedo. Estava bem assim.

O clima pesado entre os dois amigos não durou muito, já que no almoço Liam pediu ajuda do de olhos azuis para montar a mesa - o que ele achava ser uma perda de tempo mas entendia que era uma parte importante do "ritual" gastronômico do amigo - depois lavar a louça.

***(ok voltamos agora pro pov do harry seguindo o convite que ele recebeu para a SEGUNDA festa não se percam de novo e me falem se isso está confuso REAL)***

Harry ficou com a palavra "Girassol" na cabeça, martelando enquanto se arrumava para sair, vestido de calças de boca de sino pretas com botas cintilantes em tons de verde esmeralda.

Durante toda a semana que teve uma sensação estranha, como se algo estivesse fora do lugar, hoje aparentava estar pior. Interpretou como a necessidade costumeira de ficar monumentalmente bêbado, o que o deixou mais ansioso para que pudesse chegar logo na mansão e suprir sua vontade.

Tão logo solicitou o motorista e partiu ao encontro de Zayn que já estava lá.

Zayn costumava chegar mais cedo para participar da festa enquanto as pessoas ainda estavam mais comportadas. Vestia uma camiseta verde musgo com um casaco de pele falsa que descia até o chão, dando-lhe um ar régio, digno de um herdeiro ao trono.

Sentou em uma das mesas mais escondidas que tinham a visão do palco central e pediu um copo de uísque puro, sem gelo. Enquanto esperava, acendeu um cigarro de maconha delicadamente entre os lábios e deu um longo trago antes de soltar a fumaça.

Quando a fumaça densa se dissipou no ar, pôde enxergar um dançarino no palco, com tênis brancos, calças de moletom cinza e, já sem camisa, um torso definido por anos de academia e braços cheios de tatuagens, parecidas com as de Zayn.

O cabelo mais longo estava atrás da orelha, fazendo visível a mandíbula quadrada.

O modelo notou a figura ao centro do palco mas só ficou realmente intrigado quando o rapaz se virou e ele pôde ver um sorriso doce que no primeiro momento foi estranhado por Zayn, considerando que estava ali tirando suas roupas para entreter convidados, não deveria transparecer tamanha... inocência.

Uma palavra que talvez Malik nem reconhecia mais.

Pediu então ao garçom que "aquele dançarino ali" trouxesse seu copo de uísque, apontando para o rapaz. Observou atentamente quando o mesmo foi acompanhado para fora do palco, vestindo de volta a camiseta e colocando o copo de vidro em uma bandeja.

- Pediu um uísque senhor? - o rapaz abriu um sorriso gentil, deixando o copo na mesa

- Poderia ter vindo sem camisa, eu não teria me importado - os anéis dos dedos tilintaram em contato com o vidro, dando um único gole e acabando com a dose de uísque

O rapaz corou e deu um sorriso envergonhado.

- Vai querer outro? - se referindo à bebida do convidado

- Qual seu nome? - os olhos de Zayn estavam pesados mas ainda fixos no dançarino

- Liam. Liam Payne.

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