oitenta e um

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"quando a morte pegar minha mão eu vou te segurar com a outra e prometer te encontrar em todas as vidas" - rupi kaur

Tanto Louis quanto Harry já estiveram naquela situação antes: juntos em um carro, rodando pela estrada e vendo o cenário montanhoso passar pela janela. Mas ambos concordariam que era diferente agora. 

Se antes sempre tinham um destino definido, agora a estrada que se estendia até onde a vista alcançava parecia infinita e cheia de promessa, roubando qualquer noção de passado, presente ou futuro dos dois e os deixando livres para aproveitar a serenidade meditativa que só o amor pode proporcionar. Até o ar era diferente e eles podiam sentir isso; o vento bagunçava os cabelos e refrescava os corpos mornos pelo sol.

O barulho das rodas nos asfalto era tranquilizante e o cheiro do couro dos bancos do carro se misturava com o do oceano e das castanhas torradas que Harry sempre deixava à mão caso ficasse com fome e formava um aroma distinto e delicioso. 

Era como se nada e tudo importasse ao mesmo tempo e Harry achou aquele sentimento bastante mágico. 

Às vezes eles paravam em alguma praia quase deserta para descansar e voltavam ainda molhados para o carro, sentindo os bancos quentes os aquecerem enquanto tremiam de frio e tentavam secar seus cabelos com toalhas.

Eles revezavam a direção do carro, mas Harry acabava passando mais tempo no volante enquanto Louis ficava encarregado de escolher as melhores músicas e fazer de tudo para entreter o motorista nas longas horas de estrada, se certificando que nunca ficasse entediado ou com sono, e essa dinâmica funcionou perfeitamente por toda a viagem. 

Por vezes eles escutavam em silêncio as músicas e apreciavam a vista mas na maior parte do tempo os dois cantavam e contavam histórias sobre ocasiões que haviam escutado as músicas ou as vezes que Harry de fato tinha conhecido os integrantes da banda ou os cantores, fazendo Louis ouvir atentamente. 

Depois de alguns dias já tinham passado por tantas praias que a areia já havia gentilmente esfoliado seus corpos por completo, trocando cada célula de pele por novas que só conheciam o toque um do outro e nada mais.

Quando decidiam se hospedar em algum lugar mais cheio, eles gostavam particularmente de ficar até tarde na cama, absorvendo os primeiros raios de sol que entravam pela janela e marinando na preguiça e na tranquilidade de não terem compromissos. Harry sempre acordava primeiro e ficava alguns minutos observando o menor dormir, pensando que talvez finalmente o pedido de seu aniversário de 23 anos havia se realizado: liberdade

Talvez liberdade era acordar ao lado de um Louis Tomlinson cansado com os olhos radiantemente azuis pelo sol que batia. Ou talvez liberdade era passar a mão pelos cabelos molhados de Louis enquanto se refrescava com litros de limonada cheia de gelo. 

É, Harry pensou que era exatamente isso.

Era interessante para Louis ver a pele pálida de Harry se bronzear mais e mais com cada dia que passava, mesmo que ficassem mais tempo lotados de filtro solar embaixo de um ombrelone comendo, lendo ou conversando. A comida era sempre espetacular e Louis sempre se sentia orgulhoso quando convencia o ator a comer lagosta ou a noite, no jantar, decadentes brownies de chocolate com sorvete. 

Um dia quando estavam sentados na praia comendo tacos de camarão e bebendo chás gelados, Harry deu dois tapinhas na barriga e pontuou:

- Tá vendo isso aqui? É culpa sua!

- Ai meu deus! - Louis arregalou os olhos - Você tá grávido?

Harry se inclinou e riu tanto que os óculos de sol caíram na areia.

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